domingo, 28 de março de 2010

Para Quando a Maria Clara Chegar

Nessa vida agitada em vivemos, encontramos pessoas por todos os lados, por todas as ruas, em tantos lugares. Encontramos tantos tipos de pessoas que, às vezes, até encontramos gente. Quando encontro alguém que não é do bem, como eu costumo dizer, nunca sei o motivo, mas eu fico sabendo na hora, naquele momento. E da mesma maneira, quando eu encontro gente de verdade, eu sei na hora. Eu sinto.
Foi exatamente assim quando eu conheci a Fabiana. Foi no final de 2008. Depois de uma reunião de trabalho, séria, com muitos participantes, saímos para almoçar. E o que seria apenas um almoço de trabalho, foi, aos pouquinhos, se transformando numa amizade deliciosa.
Depois desta reunião, vieram muitas outras, e nossa conversa durante o almoço ia ficando sempre mais gostosa. Já estava virando ‘um tricô de amigas de longa data’. O gerente do restaurante já sabia que éramos habituées e nos levava até uma mesa mais reservada, para podermos “fofocar” melhor. Coisa mais feminina, eu desconheço. E garanto que não sai de moda. A sensação era essa mesma, parecia que eu já conhecia a Fabiana há séculos! Nossos diálogos se encaixavam direitinho. E o tempo nunca era suficiente para colocarmos nossos “papos” em dia.
Vixi... A prosa estava tão boa, que eu já ia me esquecendo de dizer uma coisa importantíssima. A Fabiana é uma jovem arretada. Profissional de quilate, dessas que é tão difícil encontrar. Ética, assertiva, articulada. Será que terei de chamá-la de ‘a mulher contemporânea’? Que clichê, Fabi. Desculpe-me, mas é verdade. Trabalhamos juntas o ano de 2009 inteiro, bastante, muito mesmo, mas foi como se estivéssemos numa festa. O resultado está lá. E nós continuamos amigas de tricô.
E não é que ainda outro dia ela me disse que vai ser mamãe??!! Que sensacional. Veja só, Fabi, hoje é seu aniversário, minha lindinha arretada. Aí, eu pensei... E quando eu penso, é um perigo, já diz a minha filha. Já sei!!! Vou escrever tudo o que eu penso da Fabi no meu blog, bem no dia do seu aniversário, pois assim, quando a Maria Clara já estiver alfabetizada (veja como eu sempre fui uma mulher com visão de futuro, Fabi), ela poderá sentir um orgulho enorme da mãe dela.
Como dizem os antigos, nós podemos até escolher o que semear, mas somos obrigados a colher aquilo de plantamos. E veja o resultado, todas as suas sementes frutificaram em luz para tantos de nós que temos o privilégio da sua companhia.
Vou deixar para você, minha amiga, uma citação de mais um dos homens que eu tanto admiro, Fernando António Nogueira Pessoa. Está citado em "Qual o tempo do cuidado?" - Página 49, de Maria Júlia Paes de Silva, Edições Loyola, 2004.
"O valor das coisas não está no tempo que elas
Duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso, existem momentos inesquecíveis,
Coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
Por último, todos os leitores deste post devem estar curiosos para saber quem é essa menina chamada Fabiana Falcone. Lamento informá-los que neste post não haverá fotos. Quem sabe num próximo?!!

sábado, 27 de março de 2010

O Rio Hotel, na Praça Tiradentes, desde 1913

Nesta foto de Augusto Malta vemos a Praça Tiradentes por volta de 1915. Por esta época, a Praça Tiradentes era o ponto de convergência dos transportes públicos existentes à época e, por isso, estabeleceram-se ali bares, teatros e cafés-restaurantes.
O prédio maior, todo branco, é o do Rio Hotel, cuja inauguração ocorreu em 1913.
Em frente ao hotel, separado pela Rua da Carioca, o prédio da Camisaria Progresso, que desapareceu num grande incêndio em 1958.
A seguir, dois pequenos sobrados espremidos entre a Camisaria Progresso e o prédio do Derby Clube Paulista. Neste local, funcionava anteriormente o Teatro do Plácido, fechado em 1824, porque a Marquesa de Santos foi impedida de assistir a um espetáculo. Nesta ocasião, D. Pedro I, para vingar sua amante favorita, apesar de seu apreço pela arte cênica, comprou imediatamente o teatro, destruiu as instalações com seus homens de armas, exigindo o despejo da companhia.

O Rio Hotel em foto de Augusto Malta em 1928
Hoje, o Rio Hotel permanece no mesmo local, atuando no mesmo ramo desde sua inauguração em 1913, alheio à modernidade que tenta se impor, como se quase um século não houvesse passado.

Rio Hotel em foto de 2005

sexta-feira, 26 de março de 2010

As Curvas de Oscar Niemayer


Oscar Niemayer no Palácio do Planalto em 1958
Um carioca solene e que nunca ouvi ninguém se referir a ele como celebridade, chama-se Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho, nascido em 15/12/1907, no Rio de Janeiro, no bairro das Laranjeiras. Eu sou apaixonada por essa frase dele:
"Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein".
O Niemayer eu não chamaria só de competente. Eu diria que ele é um artista. Porque o que ele faz é a estética da obra, o desenho, o esboço, aquilo que sua mente criou. Ele próprio já disse em um dos vários documentários que assisti, que ele não sabe bem se vai dar certo o projeto, pois isso ele deixa para o calculista.
Há os que dizem que sua arquitetura é desumana. Eu não acho que os projetos do Niemayer sejam desumanos. Acho que desumano foi o arquiteto e engenheiro que trabalhou com Niemayer em Brasília e que, mesmo sem o ele, conseguiu deixar a Barra da Tijuca um lugar feito apenas para automóveis. Falo de um senhor francês de nascimento, chamado Lúcio Marçal Ferreira Ribeiro Lima Costa. Eu já entrei em vários prédios públicos de Brasilía e não senti que são desumanos. O traçado da cidade é que é desumano. Como disse a escritora Norma Hauer, foi feito para quem tem “quatro rodas”, não para gente. Por que o espaço entre as pistas do Eixo Monumental em Brasília deve ser de 250m? Já li que foi idealizado para grandes eventos e manifestações públicas. E nos outros dias do ano? Ninguém pode andar a pé de um prédio a outro, não é?
É a mesma coisa aqui no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca. Se você entrar num shopping center daqueles e disserem a você que o que você procura fica em outro shopping, você tem de ir de carro, pois é impossível caminhar até o próximo local, que estará a quilômetros de distância. E o mais importante, estes quilômetros são nada mais que uma highway. Se alguém quiser caminhar estes quilômetros a pé, não poderá, mesmo porque não há calçadas. Não há ruas transversais com calçadas. Não há esquinas, portanto. Enfim, não há urbanização humanista. Acho que o problema, em Brasília, não são os prédios do Niemayer, mas o traçado da cidade.
Há os que acham que os prédios são feios, mas, quanto a isso, eu não posso fazer nada, pois beleza é um conceito muito pessoal. Se alguém disser que a Catedral de Brasília é feia, desculpem-me, mas aí seria um "cadim" de radicalismo. A Catedral Metropolitana do Rio é cem vezes pior e não foi feita por ele. O projeto é do senhor Edgar de Oliveira da Fonseca. Vocês devem conhecer muitas obras assinadas por ele, não?!
Não sou fã incondicional da arquitetura moderna, ao contrário. Por isso mesmo, participo de grupo sério que está sempre de olho na arquitetura da Belle Époque que, no Brasil, convencionou-se chamar de antiga. Mas por que o antigo não pode ser a arquitetura medieval, por exemplo? É questão de não a termos aqui no Brasil? Pode ser, mas se a tivéssemos, eu, pessoalmente, daria preferência à Belle Époque porque, para mim, esteticamente, é mais bela, talvez por ser mais rebuscada, com mais enfeites. Repito que beleza é um conceito subjetivo porque é uma questão de preferência individual. Contudo, seria leviano de minha parte, dizer que a arte, seja ela arquitetura, pintura, música, escultura, literatura etc, de um determinado estilo (época no tempo) é mais bela do que de outro. Cada qual tem a beleza que lhe é peculiar.
Pelo menos, o modernismo de Niemayer é um modernismo que sai do conceito de "caixotes quadrados feitos de aço e vidro" . Neste ponto, temos que dar o braço a torcer, pois diante dos arquitetos que existem pelo mundo hoje, o que há melhor do que o Niemayer?

quarta-feira, 24 de março de 2010

O Homem dos Meus Sonhos


Mauá em pintura de 1861
Uma das figuras que mais se destacou no Brasil, durante o Segundo Império, no campo da economia, das finanças e dos empreendimentos modernos, foi Irineo Evangelista de Souza, o Barão e Visconde com Grandeza de Mauá. Um gaúcho do interior que revolucionou o Brasil. Um verdadeiro empreendedor.
Mauá era respeitado pelos grandes banqueiros ingleses, como "o único banqueiro confiável do Hemisfério Sul". Tudo no Brasil que significasse desenvolvimento e progresso e, onde não houvesse escravos, tinha a marca de Mauá.
E não era pouco: ele controlava 8 das 10 maiores empresas do país; as duas excluídas, eram o Banco do Brasil e a Estrada de Ferro D. Pedro II, ambas estatais. Sua fortuna em 1867 era de 115 mil contos de réis, enquanto o orçamento de todo o império contava com 97 mil contos de réis. Este homem chegou a controlar 17 empresas, com filiais operando em 6 países. Mauá comprou a casa que pertencera à Marquesa de Santos, próximo ao Paço Imperial da Quinta da Boa Vista. Ambos, Mauá e Dom Pedro II, moraram um de frente para o outro, Mauá o fizera como que numa tentativa de afrontar Dom Pedro II. Sua fortuna hoje seria o equivalente a 60 BILHÕES DE DÓLARES. Uma história digna de ser lembrada eternamente por todos os brasileiros!!! E por que esta história não é tão lembrada?
Richard Carruthers, o patrão e amigo

Mauá era um estranho no ninho, e no ninho de um país ruralista, escravocrata e latifundiário. Mauá era desprezado e talvez invejado por Dom Pedro II, o monarca iluminista que só admirava as letras, quando não eram promissórias, e números, se fossem abstratos. Jamais tiveram uma discussão pública, mas sua incompatibilidade de gênios era notória. Mauá cometia o supremo pecado de ser devotado ao lucro honesto, e isso, o arqueólogo diletante, linguista e filólogo, astrônomo amador, botânico de fim de semana, Dom Pedro II, não podia tolerar. Mauá foi um homem de seu tempo num Brasil anacrômico. Ninguém mais do que ele lutou contra a estagnação, contra a pasmaceira imperial, contra a rotina sedentária. Toda a grandeza de Mauá está, por conseqüência, em ter sido, até a exasperação, um tipo de homem de que seu tempo era carente - um empreendedor, um homem de empresa.
Foi o Barão de Mauá o primeiro a incluir numa proposta de serviços públicos a cláusula que só costumava figurar em contratos ingleses: “O CONTRATANTE OBRIGA-SE A NÃO EMPREGAR O BRAÇO ESCRAVO”.
Porto de Mauá em atividade, 1º transporte intermodal no Brasil
Mauá morreu em Petrópolis, em 1889, dominado pela diabetes, aos 76 anos, poucas semanas antes da queda do Império. Seu corpo foi trazido à corte de trem, pela mesma estrada de ferro que construíra anos antes, e sepultado no mausoléu de sua família, hoje em ruínas, no Cemitério São Francisco de Paula, no bairro do Catumbi.
A Baroneza, a 1ª locomotiva do Brasil, hoje no Museu do Trem no RJ
Hoje, em pleno século XXI, sinto falta de alguns Mauás no Brasil. Quisera tê-los!


terça-feira, 23 de março de 2010

Gabriel García Márquez

Gabriel García Márquez

No te esfuerces tanto, las mejores cosas suceden cuando menos te las esperas.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Hoje começou a primavera... Em Paris!

Primavera... Tempo de tapetes de flores pelo chão nas ruas...
O encanto de Paris, sua magia, está em cada recanto da cidade. Paris e arte correm o risco de se tornar um pleonasmo.
A cidade de Haussman nos arrebata pela a beleza misteriosa e sensual de suas inúmeras praças, sempre bem cuidadas, seus jardins esplendorosos e seus monumentos mantidos com o brilho do dourado e do orgulho nacional. O Jardin des Plantes, o Jardim Botânico parisiense, é indescritível na primavera. Por mais que os amantes da Cidade Luz a descrevam, jamais conseguirão fazê-lo a ponto de passar ao leitor o real sentimento que nos invade. Talvez ainda não tenham inventado uma palavra para tal.
E o que dizer de uma missa em canto Gregoriano na Notre Dame? Sair de lá e sentar-se em um café, tipicamente parisiense, para um café-crème e nada mais... Apenas admirar a leveza dos passantes pelas ruas e esquinas. Quem sabe procurar um livro imperdível ‘chez les bouquinistes’ e depois de caminhar tranquilamente pelas ruas charmosas da cidade, uma passadinha rápida por um bristrôzinho, só que desta vez, para curtir um delicioso assortiment des fromages com uns pequeninos croissants acompanhado de um Côtes du Rhône AOC (Appellation d'Origine Contrôlée) branco bem frio, do jeito que gosto... E como terminar este dia? Vendo o sol se pôr enquanto se caminha pela Avenue des Champs Elysées. Isso é primavera em Paris.