Sempre fui uma apaixonada por Paris, pela França, sua história, cultura, arte e hábitos de seus habitantes.
Estive em Paris por duas vezes. A primeira, em 2001, estive na cidade por apenas 3 dias. Não tive oportunidade de ver quase nada. A segunda vez foi agora, nas duas últimas semanas de maio.
Desta vez, pude ver coisas que, até então, eu não imaginava que pudesse haver ou acontecer numa cidade tão bela e encantadora como é Paris. Paris é mágica. Sim, ela é. E isso não se pode negar.
Contudo, não é pelo fato de saber que Paris é encantadora que não vou enxergar seus problemas cruciais. Durante esses 15 dias em que lá estive, senti-me, a um só tempo, maravilhada e desiludida. Maravilhada com a beleza da sua arquitetura, do traçado de suas avenidas e boulevards, de seus jardins na primavera. E desiludida, pois não houve encantamento que segurasse a sensação de desengano, de um devaneio em relação à Paris atual com todos os seus problemas cotidianos.
Ilusão é o engano dos sentidos ou da mente, que faz que se tome uma coisa por outra, que se interprete erroneamente um fato ou uma sensação. É um sonho, um devaneio, uma quimera. Portanto, desilusão é um desengano. Vou tentar comentar aqui alguns dos pontos que me decepcionaram.
Eu vi, e fotografei, dezenas de camelôs nas portas da Galeries Lafayettes, da Printemps, do Bon Marché e até do BHV, vendendo perfumes "franceses", relógios com "griffe" etc etc. Todas as barraquinhas estavam uniformemente armadas, dando a impressão de serem permitidas pelos órgãos competentes. Aquela cena me deixou chocada, e sem entender, é óbvio. Eu, ingenuamente, pensei que pisaria terras do primeiro mundo.
Afinal, eu moro no Brasil, país de terceiro mundo, cheio de camelôs na Av. Atlântica, em frente aos hotéis 5 estrelas. Sempre senti-me envergonhada por isso perante os turistas no Rio de Janeiro. Quando vi todo aquele "terceiro-mundismo" em frente aos grandes magasins da Cidade-Luz que, aliás, já pode colocar este título debaixo da sujeirinha do tapete nosso de cada dia, fiquei boquiaberta. Aquela coisa horrenda contrastando com a linda arquitetura das lojas. Camelôs no Jardins des Tuileries vendendo água mineral. É uma tristeza.
Outra coisa que não consegui entender foi o fato de até mesmo a Torre Eiffel apagar-se à meia-noite. O único monumento que vi iluminado após este horário foi o Arco do Triunfo. De resto, nenhum monumento da cidade fica iluminado mesmo logo após o anoitecer.
A cidade só abre suas lojas às 10h, até as farmácias só abrem às 9h. No entanto, todo e qualquer comércio, fecha entre as 19 e 20h. A maioria esmagadora fecha às 19h. Isso considerando-se que a França está em horário de verão e o sol se põe nesta época, às 21h.
Fui praticamente expulsa da Maison Fauchon, pois já eram 20h em ponto e a loja estava fechando. O fato é que eu estava fazendo um lanche no terraço da casa e não me dei conta da hora, até porque o sol ainda iluminava o dia. A vendedora se recusou a fazer um pacote para presente, pois já eram 20h. Sim, mas eu não estava tentando entrar na loja, eu já estava lá há algumas horas e estava finalizando minha compra. A vendedora fez um embrulho qualquer, com muita má vontade e cara feia, e disse em português de Portugal: “Senhora, fechamos às 20h, pois temos nossas vidas também. Se quiseres, pode voltar amanhã às 10h, que estaremos abertos.” Depois desta frase, me perguntei se os médicos e enfermeiros também dizem isso aos pacientes nos hospitais? Interessante a observação da vendedora da Maison Fauchon.
O horário de funcionamento do comércio na cidade atrapalha bastante aos turistas que têm de conciliá-lo com o horário dos museus e monumentos, que também abrem às 10h e fecham às 18h. Portanto, ou você ocupa seu tempo mais detidamente em um museu, tentando ver tudo que nos é oferecido, ou você apenas “olha” rapidamente os museus e sai de lá como entrou, sem conhecer a história do lugar, das peças à mostra etc.Pretendo falar um pouco mais destes 15 dias em Paris, pois quero levantar questões que os admiradores desta cidade geralmente não gostam de debater. Mas precisamos ter visão crítica das coisas que nos cercam para, assim, podermos melhorá-las.
Estive em Paris por duas vezes. A primeira, em 2001, estive na cidade por apenas 3 dias. Não tive oportunidade de ver quase nada. A segunda vez foi agora, nas duas últimas semanas de maio.
Desta vez, pude ver coisas que, até então, eu não imaginava que pudesse haver ou acontecer numa cidade tão bela e encantadora como é Paris. Paris é mágica. Sim, ela é. E isso não se pode negar.
Contudo, não é pelo fato de saber que Paris é encantadora que não vou enxergar seus problemas cruciais. Durante esses 15 dias em que lá estive, senti-me, a um só tempo, maravilhada e desiludida. Maravilhada com a beleza da sua arquitetura, do traçado de suas avenidas e boulevards, de seus jardins na primavera. E desiludida, pois não houve encantamento que segurasse a sensação de desengano, de um devaneio em relação à Paris atual com todos os seus problemas cotidianos.
Ilusão é o engano dos sentidos ou da mente, que faz que se tome uma coisa por outra, que se interprete erroneamente um fato ou uma sensação. É um sonho, um devaneio, uma quimera. Portanto, desilusão é um desengano. Vou tentar comentar aqui alguns dos pontos que me decepcionaram.
Eu vi, e fotografei, dezenas de camelôs nas portas da Galeries Lafayettes, da Printemps, do Bon Marché e até do BHV, vendendo perfumes "franceses", relógios com "griffe" etc etc. Todas as barraquinhas estavam uniformemente armadas, dando a impressão de serem permitidas pelos órgãos competentes. Aquela cena me deixou chocada, e sem entender, é óbvio. Eu, ingenuamente, pensei que pisaria terras do primeiro mundo.
Camelôs" debaixo da marquise de um dos maiores magazins de Paris |
Outra coisa que não consegui entender foi o fato de até mesmo a Torre Eiffel apagar-se à meia-noite. O único monumento que vi iluminado após este horário foi o Arco do Triunfo. De resto, nenhum monumento da cidade fica iluminado mesmo logo após o anoitecer.
A cidade só abre suas lojas às 10h, até as farmácias só abrem às 9h. No entanto, todo e qualquer comércio, fecha entre as 19 e 20h. A maioria esmagadora fecha às 19h. Isso considerando-se que a França está em horário de verão e o sol se põe nesta época, às 21h.
Fui praticamente expulsa da Maison Fauchon, pois já eram 20h em ponto e a loja estava fechando. O fato é que eu estava fazendo um lanche no terraço da casa e não me dei conta da hora, até porque o sol ainda iluminava o dia. A vendedora se recusou a fazer um pacote para presente, pois já eram 20h. Sim, mas eu não estava tentando entrar na loja, eu já estava lá há algumas horas e estava finalizando minha compra. A vendedora fez um embrulho qualquer, com muita má vontade e cara feia, e disse em português de Portugal: “Senhora, fechamos às 20h, pois temos nossas vidas também. Se quiseres, pode voltar amanhã às 10h, que estaremos abertos.” Depois desta frase, me perguntei se os médicos e enfermeiros também dizem isso aos pacientes nos hospitais? Interessante a observação da vendedora da Maison Fauchon.
O horário de funcionamento do comércio na cidade atrapalha bastante aos turistas que têm de conciliá-lo com o horário dos museus e monumentos, que também abrem às 10h e fecham às 18h. Portanto, ou você ocupa seu tempo mais detidamente em um museu, tentando ver tudo que nos é oferecido, ou você apenas “olha” rapidamente os museus e sai de lá como entrou, sem conhecer a história do lugar, das peças à mostra etc.Pretendo falar um pouco mais destes 15 dias em Paris, pois quero levantar questões que os admiradores desta cidade geralmente não gostam de debater. Mas precisamos ter visão crítica das coisas que nos cercam para, assim, podermos melhorá-las.
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Tô só de olho em você...
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