domingo, 8 de agosto de 2010

Da Série "O Meu Rio Antigo"...


Hospital dos Lázaros em São Cristóvão

Hospital Frei Antonio, ex-Hospital dos Lázaros de 1752
 Edifício colonial construído pelos jesuítas é Lazareto (edifício para quarentena de indivíduos com suspeita de contágio) desde 1752 no Rio de Janeiro. A origem do Hospital dos Lázaros deve ser atribuída ao governador-geral do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade, conde de Bobadella. Em 1741, ele manda recolher 52 leprosos em pequenas casas simadas em São Cristóvão, sustentando-os com suas esmolas. Esses doentes estavam entregues aos cuidados de enfermeiros donatos, frades franciscanos de Santo Antônio, auxiliados por negras detentas de crimes graves. O Bispo Dom Antônio do Desterro havia sido inquisidor dos jesuítas, expulsos do Brasil em 1759, e solicita ao novo vice-rei, conde da Cunha, que este requeira a El-Rei a transferência dos leprosos para a Casa dos Jesuítas, tornada propriedade real após a expulsão.
A Casa dos Jesuítas, provavelmente construída entre 1748 e 1752, era um edifício com planta quadrangular, formado de pátios internos e uma capela central. O projeto da antiga Capela de São Pedro, hoje de São Lázaro, é atribuído aos jesuítas frei Inácio da Silva e irmão Francisco do Rêgo de Caminha. Possuía nave única jesuítica octogonal e, até hoje, ainda estão conservados alguns elementos arquitetônicos originais, tais como cúpula, lanternim e arco cruzeiro. Em 1766, o prédio passa por ligeiras reformas para abrigar os leprosos. Para sua manutenção cria-se um novo imposto, que a irmandade passa a arrecadar nas freguesias.
Em 1817, com a vinda para o Rio de Janeiro dos batalhões de voluntários reais do príncipe, os leprosos são transferidos para a ilha das Enxadas. O prédio é reformado para a acomodação do quartel de tropa. Mantendo o nome de Hospital dos Lázaros de São Cristóvão, a instituição permanece na ilha das Enxadas até 1823, quando é transferida para a ilha de Bom Jesus, por ordem do príncipe regente dom Pedro I, onde fica por dez anos, assumindo o título de Imperial Hospital dos Lázaros.
Durante todo o reinado de dom Pedro I, o Hospital dos Lázaros não teve sequer um médico. Os doentes contavam com as visitas inconstantes de um cirurgião e o auxílio de enfermeiros. Por diversas vezes, foi solicitada a restituição do edifício de São Cristóvão para os lázaros.
Em 1840, no governo de dom Pedro II, o hospital já tinha casa de banhos, água potável e lavanderia a vapor. No entanto, água encanada para o prédio do hospital é um problema sem solução satisfatória durante todo o Império. Os primeiros melhoramentos 'ornamentais' são feitos em 1881, por ocasião da visita de dom Pedro II, quando o terreno em volta do prédio é ajardinado. A inscrição, no pórtico do hospital, da sentença da Porta do Inferno de Dante (Divina comédia, Canto III, 9): "Lasciate ogni speranza, voi ch'entrate!" ("Abandonai toda esperança, vós que entrais!"), é desaprovada pelo imperador. Ele registra, no livro de visitas, a sugestão de substituí-la por "Aqui renasce a esperança!", que consta até hoje no vitral do átrio do hospital, inaugurado em 1920. Em 1893, é criada a Sala do Banco, consultório isolado onde são examinados os casos em que há suspeita de lepra. No prédio do hospital é instalado um moderníssimo laboratório experimental e uma biblioteca especializada, com quatrocentos volumes. A direção do laboratório é entregue a Wolff Havelburg, discípulo de Koch, que consegue aparelhá-lo com instrumentos importados da Alemanha, próprios para os estudos anatomopatológicos e bacteriológicos relativos à lepra. O Hospital dos Lázaros passou por diversas reestruturações e ampliações, entre meados do século XIX e 1920. Essas intervenções deram ao edifício feições ecléticas, com detalhes, ornamentos e elementos arquitetônicos em estilo neoclássico, neogótico e art nouveau.
Em 1914, assume a provedoria do hospital o engenheiro Mário da Silva Nazareth, que realiza grandes melhoramentos, no período que se estende de 1917 a 1920. Em sua gestão, são instalados aparelhos sanitários com caixas de descarga nos banheiros, incinerador para queima dos restos de alimentos dos doentes, aquecedor para fornecer água quente a todas as dependências do hospital, elevador elétrico para transportar alimentos para o andar superior, e a iluminação elétrica é completamente reformada.
Em 1941, quando o Hospital dos Lázaros completou duzentos anos, seu nome foi mudado para Hospital Frei Antônio.
As sucessivas alterações no entorno do Hospital Frei Antônio, tais como aterros na baía de São Cristóvão, a construção do gasômetro e o fechamento da entrada principal, fizeram com que esse edifício perdesse definitivamente sua importância na paisagem do Rio de Janeiro.



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