Adriano!!!! Infelizmente é verdade. E quem mora em cidade grande, como eu, sente esse movimento, mas você falando de todos de uma vez, dá a real dimensão da coisa. É assustador.
Clique aqui para acessar o blog "O esporte, a sociedade e o mundo dos negócios".
O MartPlus é uma delícia de supermercado em BH, um pouquinho careiro (ele tem a cara do Pão de Açúcar) mas é muito bom na qualidade. O Epa, que conseguia ser bom e barato, já em 2002 quando morei lá, não estava agüentando e fechou uma ou outra loja, a rede estava diminuindo. Esse fatalmente cairá na Tsunami. Eu descia do escritório às 16h por um elevador que já me deixava no térreo do prédio dentro do mercado para comprar o pãozinho de queijo fresquinho da tarde. Acho que essa loja do Epa na Av. Afonso Pena em BH já dever ter fechado.
Não sei como brigar contra a cartelização de vários seguimentos, não só o de supermercados, se o governo não intervier em alguns casos. Entendo que o Abílio Diniz teve de fazer isso quando comprou o Extra, por exemplo. É melhor vender para ele do que para um estadunidense desses, que nos atocham Coca-cola de 3 litros goela abaixo, como é o costume deles, fazer atacado no varejo. Não é à toa que os EUA estão enfrentando uma epidemia de obesidade sem precedentes.
Mesmo assim, o processo é injusto. Isso porque o Diniz não faz nada com o dinheiro do lucro das lojas dele, é claro. Ele usa dinheiro do BNDES. Será que essas mesmas regalias são dadas pelo BNDES aos grupos menores (tipo o Epa, por exemplo) para enfrentarem os cartéis? Talvez. Acho que a coisa não é tão simples assim. Eu sei que existe toda uma documentação-padrão para empresas de pequeno porte no BNDES, isso inclui um Business Plan num modelo deles que, é claro, o pequeno empresário terá de ter saco para fazer, pois é super detalhado, pelo que me lembro. O fato é que o pequeno empresário precisará trabalhar o dobro ou talvez o triplo do Abílio Diniz pra conseguir 1/3 do que ele consegue com um telefonema. C’est la vie, desde que inventaram o dinheiro. A alternativa é voltar ao escambo. rsrsrs
A única saída que eu vejo aqui de longe, isso não contando com o governo (já que ele não está nem aí para o assunto, né?!), é aquela coisa dos hábitos de vida de que já falei em outra ocasião. Duvido que nos anos 40, início dos 50, esse tipo de coisa acontecesse. E, no entanto, não faltava nada a ninguém. Vamos considerar que a população naquelas décadas era infinitamente menor que a atual. O comércio de pequeno porte, como padarias, açougues, mercearias, as feiras-livres etc abasteciam normal e naturalmente o consumidor. Mas... É aqui que entra o consumismo exacerbado estadunidense, com seus péssimos hábitos e que, pouco a pouco, acabou com o pequeno comércio de rua; na Europa ainda existe, mesmo que em alguns países já haja uma quantidade grande de hipermercados mais afastados das cidades.
Não sei exatamente em que momento colocaram goela abaixo do brasileiro, que ele tinha que fazer “compras de mês”. Por quê? Para quê? Isso é fazer estoque. E nos anos 50/60 não estávamos em momento de hiperinflação. Então, aquele hábito saudável de passar no verdureiro para comprar alface e tomates fresquinhos para a salada, e ainda aproveitar para cumprimentar um amigo da verdadeira comunidade, mantendo assim, outros hábitos saudáveis, como a urbanidade, desapareceu do nosso país.
E aí surgiu o monstro do supermercado nos anos 60. Esse monstro ainda não era tão assustador, até porque ainda me lembro das latas enormes de biscoitos Aymoré que ficavam expostas na seção de biscoitos a varejo, o que era super ecológico, e ninguém sequer sabia que estava economizando não apenas no preço, mas também na quantidade de lixo de embalagens desnecessárias. Sem contar que a criançada já conhecia o “moço” (atendente) daquela seção saborosa.
Nos anos 70, as coisas começaram a esquentar. A TV ficou colorida em 1972, o que foi mais um incentivo para a proliferação da propaganda. Nos anos 80, já estávamos tão “evoluídos”, norteamericanamente falando, que propaganda (os reclames, lembram-se?) transformou-se numa pequena parte do mais novo monstro, esse realmente assustador, o Marketing.
E então chegamos ao estágio em que estamos hoje. Já passamos pelos hipermercados, que não chegaram a “pegar” e voltamos para os supermercados. O problema é que estamos na era do Atacado no Varejo. É como eu chamo o desespero americanóide de vender o que você não precisa comprar, sem que você perceba. E o pior é que, às vezes, você cai na armadilha.
Vou morrer sem entender porque precisamos comprar Coca-cola em embalagem de 3 litros. OK, calma. Entendo que existem as festinhas e que, naquele momento, vale à pena comprar embalagens maiores. Mas ninguém faz festinhas sete vezes por semana, todas as semanas, certo?! Portanto, para ocasiões excepcionais, compram-se embalagens maiores em vendedores no atacado. É para isso que eles existem. O caso é que os fabricantes já não produzem, na mesma quantidade d’outrora, garrafas de refrigerante de 300ml ou 1 litro. As gôndolas dos supermercados estão lotadas de “packs” de 2 litros de refrigerante. E o cliente passa a comprar packs em vez de garrafas. Então quem consumia 6 garrafas de 1 litro de refrigerante por mês (6 litros do líquido precioso mensalmente), passou a consumir 6 garrafas de 2 litros (já pulamos para 12 litros mensais). E assim a coisa vai crescendo como uma bola de neve. Já mudamos até a unidade de medida das embalagens. Quando será que começaremos a comprar bombonas de amaciante com cheirinho de bebê?
Isso está sendo interessante para quem? Ninguém duvide que não é vantajoso para o consumidor, embora pareça, pelo custo x benefício apresentado. A vantagem está toda sendo remetida em forma de lucros cada vez maiores para os fabricantes no exterior. E aqui estou falando de apenas uma fábrica, a de bebidas.
E quando falamos de mega empresas que não produzem nada? Não entenderam? Explico. Empresas com ações nas bolsas de valores de vários países, que limitam-se a administrar marcas já consagradas pelo público consumidor, não apenas em um país, mas no mundo. Se alguém não conhecer a UNILEVER, basta lembrar-se de um comercial no qual o Bernardinho, com a esposa e o filho jogavam vôlei com os inúmeros produtos famosos da toda poderosa corporação. Era sorvete Kibon pra cá, xampu Dove pra lá, sabão em pó OMO para outro lado. Acho que chega, não?!
Se quiserem saber mais cliquem aqui para chegar ao site das marcas da Unilever no Brasil.
Tudo que posso fazer agora é repetir minha máxima “Devolvam-me a Belle Époque!”
Clique aqui para acessar o blog "O esporte, a sociedade e o mundo dos negócios".
O MartPlus é uma delícia de supermercado em BH, um pouquinho careiro (ele tem a cara do Pão de Açúcar) mas é muito bom na qualidade. O Epa, que conseguia ser bom e barato, já em 2002 quando morei lá, não estava agüentando e fechou uma ou outra loja, a rede estava diminuindo. Esse fatalmente cairá na Tsunami. Eu descia do escritório às 16h por um elevador que já me deixava no térreo do prédio dentro do mercado para comprar o pãozinho de queijo fresquinho da tarde. Acho que essa loja do Epa na Av. Afonso Pena em BH já dever ter fechado.
Não sei como brigar contra a cartelização de vários seguimentos, não só o de supermercados, se o governo não intervier em alguns casos. Entendo que o Abílio Diniz teve de fazer isso quando comprou o Extra, por exemplo. É melhor vender para ele do que para um estadunidense desses, que nos atocham Coca-cola de 3 litros goela abaixo, como é o costume deles, fazer atacado no varejo. Não é à toa que os EUA estão enfrentando uma epidemia de obesidade sem precedentes.
Mesmo assim, o processo é injusto. Isso porque o Diniz não faz nada com o dinheiro do lucro das lojas dele, é claro. Ele usa dinheiro do BNDES. Será que essas mesmas regalias são dadas pelo BNDES aos grupos menores (tipo o Epa, por exemplo) para enfrentarem os cartéis? Talvez. Acho que a coisa não é tão simples assim. Eu sei que existe toda uma documentação-padrão para empresas de pequeno porte no BNDES, isso inclui um Business Plan num modelo deles que, é claro, o pequeno empresário terá de ter saco para fazer, pois é super detalhado, pelo que me lembro. O fato é que o pequeno empresário precisará trabalhar o dobro ou talvez o triplo do Abílio Diniz pra conseguir 1/3 do que ele consegue com um telefonema. C’est la vie, desde que inventaram o dinheiro. A alternativa é voltar ao escambo. rsrsrs
A única saída que eu vejo aqui de longe, isso não contando com o governo (já que ele não está nem aí para o assunto, né?!), é aquela coisa dos hábitos de vida de que já falei em outra ocasião. Duvido que nos anos 40, início dos 50, esse tipo de coisa acontecesse. E, no entanto, não faltava nada a ninguém. Vamos considerar que a população naquelas décadas era infinitamente menor que a atual. O comércio de pequeno porte, como padarias, açougues, mercearias, as feiras-livres etc abasteciam normal e naturalmente o consumidor. Mas... É aqui que entra o consumismo exacerbado estadunidense, com seus péssimos hábitos e que, pouco a pouco, acabou com o pequeno comércio de rua; na Europa ainda existe, mesmo que em alguns países já haja uma quantidade grande de hipermercados mais afastados das cidades.
Não sei exatamente em que momento colocaram goela abaixo do brasileiro, que ele tinha que fazer “compras de mês”. Por quê? Para quê? Isso é fazer estoque. E nos anos 50/60 não estávamos em momento de hiperinflação. Então, aquele hábito saudável de passar no verdureiro para comprar alface e tomates fresquinhos para a salada, e ainda aproveitar para cumprimentar um amigo da verdadeira comunidade, mantendo assim, outros hábitos saudáveis, como a urbanidade, desapareceu do nosso país.
E aí surgiu o monstro do supermercado nos anos 60. Esse monstro ainda não era tão assustador, até porque ainda me lembro das latas enormes de biscoitos Aymoré que ficavam expostas na seção de biscoitos a varejo, o que era super ecológico, e ninguém sequer sabia que estava economizando não apenas no preço, mas também na quantidade de lixo de embalagens desnecessárias. Sem contar que a criançada já conhecia o “moço” (atendente) daquela seção saborosa.
Nos anos 70, as coisas começaram a esquentar. A TV ficou colorida em 1972, o que foi mais um incentivo para a proliferação da propaganda. Nos anos 80, já estávamos tão “evoluídos”, norteamericanamente falando, que propaganda (os reclames, lembram-se?) transformou-se numa pequena parte do mais novo monstro, esse realmente assustador, o Marketing.
E então chegamos ao estágio em que estamos hoje. Já passamos pelos hipermercados, que não chegaram a “pegar” e voltamos para os supermercados. O problema é que estamos na era do Atacado no Varejo. É como eu chamo o desespero americanóide de vender o que você não precisa comprar, sem que você perceba. E o pior é que, às vezes, você cai na armadilha.
Vou morrer sem entender porque precisamos comprar Coca-cola em embalagem de 3 litros. OK, calma. Entendo que existem as festinhas e que, naquele momento, vale à pena comprar embalagens maiores. Mas ninguém faz festinhas sete vezes por semana, todas as semanas, certo?! Portanto, para ocasiões excepcionais, compram-se embalagens maiores em vendedores no atacado. É para isso que eles existem. O caso é que os fabricantes já não produzem, na mesma quantidade d’outrora, garrafas de refrigerante de 300ml ou 1 litro. As gôndolas dos supermercados estão lotadas de “packs” de 2 litros de refrigerante. E o cliente passa a comprar packs em vez de garrafas. Então quem consumia 6 garrafas de 1 litro de refrigerante por mês (6 litros do líquido precioso mensalmente), passou a consumir 6 garrafas de 2 litros (já pulamos para 12 litros mensais). E assim a coisa vai crescendo como uma bola de neve. Já mudamos até a unidade de medida das embalagens. Quando será que começaremos a comprar bombonas de amaciante com cheirinho de bebê?
Isso está sendo interessante para quem? Ninguém duvide que não é vantajoso para o consumidor, embora pareça, pelo custo x benefício apresentado. A vantagem está toda sendo remetida em forma de lucros cada vez maiores para os fabricantes no exterior. E aqui estou falando de apenas uma fábrica, a de bebidas.
E quando falamos de mega empresas que não produzem nada? Não entenderam? Explico. Empresas com ações nas bolsas de valores de vários países, que limitam-se a administrar marcas já consagradas pelo público consumidor, não apenas em um país, mas no mundo. Se alguém não conhecer a UNILEVER, basta lembrar-se de um comercial no qual o Bernardinho, com a esposa e o filho jogavam vôlei com os inúmeros produtos famosos da toda poderosa corporação. Era sorvete Kibon pra cá, xampu Dove pra lá, sabão em pó OMO para outro lado. Acho que chega, não?!
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Tudo que posso fazer agora é repetir minha máxima “Devolvam-me a Belle Époque!”
Perfeita análise do mercado, Eliane! Vou te dar mais uma informação para assombrá-la ainda mais quando o negócio é cartel supermercadista: lembra-se das Drugstores de grande porte, como a fortíssima Drogaria Araújo de BH e outras dezenas no Brasil a fora? Pois é... elas faziam parte do segmento que mais crescia na linha de conveniências, aproveitando-se do conceito de compra rápida através da falta de tempo das pessoas que vivem nas grandes capitais e já não podiam mais deslocar-se até um supermercado com tanta frequência. Com isso, o único segmento que começava a competir com as redes de supermercado, imagine só, eram as drugstores. Era a evolução dos negócios de acordo com o ritmo da sociedade.
ResponderExcluirPois bem. Recentemente a ANVISA transformou em lei a proibição de comercialização da linha de conveniência por essas drugstores, sob o pretexto de que alí deveria ser comercializado apenas remédios e produtos relacionados à saúde das pessoas. Essa lei protecionista está vigente, e o faturamento das drugstores deve ter caído em grande percentual. Qualquer relação disso com a força das redes supermercadistas a nível nacional não é mera coincidência...
Sobre a Coca-cola acho que eu precisaria montar um post igual a esse para dizer tudo o que tenho para te contar, sobre o que o Brasil representa para eles como bom país sub desenvolvido que é, rsrsrs. Com mais tempo deixarei meu segundo comentário aqui sobre isso, ok!
Grande abraço!
Adriano
Só para fechar o raciocínio das farmácias: se farmácia não pode vender conveniências que está fora do seu escopo, então supermercado não deveria vender carne e nem pão, que são produtos pertinentes a açougue e padaria... Também não poderiam vender carnes assadas e alimentos prontos, que é função de restaurante. Isso sem falar em pneus, brinquedos, eletrodomésticos e artigos esportivos... A Anvisa não pode ser redundante em suas diretrizes.
ResponderExcluirAbraços!
Pois é, Adriano. Hoje mesmo levei quase uma hora na Droga Raia, rede paulista que é ótima em estoque e diversidade de fornecedores (isso me agrada), tudo por conta da lei da Anvisa. Concordo com você, não pode haver dois pesos e duas medidas. Aliás, nos EUA o conceito de Drugstore é exatamente esse que tínhamos nas Araújo de BH, por exemplo, que são excelentes. Nunca vou à BH sem dar uma conferida lá. rsrsrs E por que não vender suco de frutas nas drugstores? Concordo que não faz sentido, óbvio que deve ter tido algo por trás disso. E essa coisa de não poder ter comprimidos ao alcance do consumidor, como se fosse num supermercado, seria uma boa medida, se NINGUÉM comprasse remédios sem receita médica. Chega a ser ridículo desarrumar toda a estrutura das drogarias só para comprarmos o mesmo que compraríamos das prateleiras, vindo das mãos do balconista. Neste sentido, pra quê tarja vermelha? Por mim, se não há estrutura de saúde para atender à população, tinha de ficar como estava mesmo. Remédios, dentro ou fora do balcão, não fazem a menor diferença, o povo vai se automedicar de qualquer modo.
ResponderExcluirE nem vou começar a falar dos pneus e eletrodomésticos. :))
Abração procê