Hoje é dia 13 de dezembro, Dia do Marinheiro. Antes de falar do Almirante Tamandaré, coisa que todo mundo faz, e eu também o farei, quero mostrar a influência dos marinheiros na nossa vida cotidiana até hoje.
Quem nunca viu uma mãe vestir seu pimpolho, ou pimpolha, com roupinha de marinheiro? Eu fiz isso com minha filha aos 2 aninhos de idade e ficou um charme. Hoje, mais velhinha, ela me deu ordens expressas de não publicar fotos suas no blog, mesmo que em tenra idade. Uma pena, pois ela ficou uma gracinha. O jeito navy de se vestir foi propagado nos anos 1920 pela estilista Coco Chanel e nunca mais saiu de moda!
Chanel trouxe as listras dos uniformes dos marinheiros para o guarda-roupa das mulheres. Virou um estilo, do qual sou adepta e entusiasta. Até porque 'bleu-blanc-rouge' é uma combinação perfeita de cores. Daí, para incluir seu cãozinho no mesmo estilo da dona, foi um passo.
Bem, meninos e meninas dos mares, orgulhem-se, portanto, de estarem no coração de tantas brasileiras há tanto tempo. E também nas bolsas, sapatos, acessórios, lencinhos etc etc. Agora que estava ficando bom, tenho de passar para a parte séria do post. Vamos ao nosso bravo almirante. :))
O Almirante Tamandaré, Joaquim Marques Lisboa, é o patrono da Marinha de Guerra do Brasil. A escolha de seu nome para Patrono não podia ser melhor, pois provou seu heroísmo em batalhas, em tempos de guerra, e seu sentimento de humanismo, em tempos de paz, como, ao socorrer o navio 'Ocean Monarch', incendiando próximo ao porto de Liverpool. Tamandaré resgatou mais de cem pessoas. Em 1850, salvou a tripulação da nau portuguesa 'Vasco da Gama', perdida e avariada ao largo da barra do Rio de Janeiro, depois de uma forte tempestade, quando afundava. Para ter esses atos de bravura, dois anos antes, em 1848, Tamandaré recebeu, na Grã-Bretanha, a fragata Dom Afonso, primeiro navio misto - a vela e a vapor - de grande porte da Armada Brasileira.
Dessa eu gostei... Eu mesma não sabia que algum dia existiu um navio “flex”! Desculpem-me, mas não me contive. :))
Durante esse comando em 1848 (o da fragata Dom Afonso), o Almirante Tamandaré teve a bordo os duques de Aumale, o chefe da esquadra almirante John Grenfell e o Príncipe de Joinville (uma cidade francesa do Haute-Marne), François Ferdinand Philippe Louis Marie d'Orléans, Almirante da Marinha Francesa, que é ninguém menos que o terceiro filho do Rei de França, Luís Filipe I de Orléans.
Permitam-me uma última besbilhotice ou mexerico... Como o mundo é pequeno, não?! O Príncipe de Joinville estivera no Brasil em 1843, quando se casou com a princesa D. Francisca de Bragança e Habsburgo, irmã de Dom Pedro II. O dote deste casamento foi um milhão de francos, ou seja, 750 contos de réis e ainda terras devolutas na Província de Santa Catarina, no Sul do Brasil, com 25 léguas quadradas. A história da cidade de Joinville fica para um próximo post, senão esse não acaba, OK?!
O Marquês de Tamandaré foi membro do Conselho Naval Superior já ao final do II Reinado. Grande amigo de Dom Pedro II, na proclamação da república entristeceu-se com a deposição do monarca, de quem foi despedir-se no caminho para o exílio. Dois meses depois pediu reforma, mas permaneceu no cargo de Ministro do Supremo Tribunal Militar, do qual exonerou-se poucos dias antes de morrer, no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1897, com quase 90 anos. Seus restos mortais estão sob o monumento que foi erguido em sua homenagem na praia do Botafogo, no Rio de Janeiro. Joaquim Marques Lisboa – Marquês de Tamandaré, nasceu na Vila do Rio Grande, RS, em 13/12/1807.
Testamento do Almirante Tamandaré
"Exijo que meu corpo seja vestido somente com camisa, ceroula e coberto com um lençol, metido em um caixão forrado de baeta, tendo uma cruz na mesma fazenda, branca, e sobre ela colocada a âncora verde que me ofereceu a Escola Naval em 13 de dezembro de 1892, devendo-se colocar no lugar que faz cruz a haste e o cepo um coração imitando o de Jesus, para que assim ornado signifique a âncora-cruz, o emblema da fé, esperança e caridade, que procurei conservar sempre como timbre dos meus sentimentos.
Sobre o caixão não desejo que se coloque coroas, flores nem enfeites de qualquer espécie, e só a Comenda do Cruzeiro que ornava o peito do Sr. Dom Pedro II em Uruguaiana, quando compareceu como primeiro dos Voluntários da Pátria para libertar aquela possessão brasileira do jugo dos paraguaios que a aviltavam com sua pressão; e como tributo de gratidão e benevolência com que sempre me honrou e da lealdade que constantemente à Sua Majestade Imperial tributei, desejo que essa comenda relíquia esteja sobre meu corpo até que baixe à sepultura.
Exijo que não se façam anúncio nem convites para o enterro de meus restos mortais, que desejo sejam conduzidos de casa ao carro e deste à cova por meus irmãos em Jesus Cristo que hajam obtido o foro de cidadãos pela Lei de 13 de maio. Isto prescrevo como prova de consideração a essa classe de cidadãos em reparação à falta de atenção que com eles se teve pelo que sofreram durante o estado de escravidão; e reverente homenagem à grande Isabel Redentora, benemérita da pátria e da humanidade, que se imortalizou libertando-os.
Exijo mais, que meu corpo seja conduzido em carrocinha de última classe, enterrado em sepultura rasa até poder ser exumado, e meus ossos colocados com os de meus pais, irmãos e parentes, no jazigo da família Marques Lisboa.
Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir à minha pátria e prestar alguns serviços à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva: 'Aqui jaz o velho marinheiro'.
Almirante Joaquim Marques Lisboa"
A Fragata Dom Afonso
Tal honraria, a de receber o comando de um dos navios mais modernos à época, já denotava o reconhecimento da Marinha Brasileira para com o oficial que, ao longo da História Naval do Brasil, representaria o modelo a ser seguido por todos os que abraçassem a carreira na Marinha.
Ainda há tanto o que falar da Marinha do Brasil. Não me atrevi a tocar em outros assuntos como, Amazônia Azul, Projeto REVIMAR, Projeto BIOMAR, só para mencionar os dois de que sei da existência. Por hoje, quero agradecer aos Marinheiros e Marinheiras por terem aceitado o desafio de se dedicar às pesquisas no mar, pois as árvores e o verde da Amazônia são importantíssimos, mas são as algas azuis a peça fundamental para a sobrevivência humana neste planeta. Aquela velha máxima dos anos 70 de que a Amazônia é o pulmão do mundo, não é verdadeira. A Amazônia, assim como qualquer floresta verde, consome quase todo o oxigênio que produz. E no fundo, um pulmão, como o humano, não produz oxigênio, antes, o consome. É óbvio que não estou dizendo com isso que podemos sair pelas ruas cortando as árvores. Não se trata disso! As florestas verdes são importantes para filtrar os gazes da poluição, manutenção da temperatura e da pluviosidade locais. Porém, os oceanos são os verdadeiros responsáveis por grande parte do equilibrio ambiental do nosso planeta. São as algas marinhas o "pulmão do mundo". Sinto-me confortável para fazer esta afirmação, pois sou bióloga de formação desde 1982. O futuro do homem está no mar.
Ele não está um gatinho? |
Quem nunca viu uma mãe vestir seu pimpolho, ou pimpolha, com roupinha de marinheiro? Eu fiz isso com minha filha aos 2 aninhos de idade e ficou um charme. Hoje, mais velhinha, ela me deu ordens expressas de não publicar fotos suas no blog, mesmo que em tenra idade. Uma pena, pois ela ficou uma gracinha. O jeito navy de se vestir foi propagado nos anos 1920 pela estilista Coco Chanel e nunca mais saiu de moda!
Coco Chanel e seu estilo inconfundível sacramento o 'navy' |
Chanel trouxe as listras dos uniformes dos marinheiros para o guarda-roupa das mulheres. Virou um estilo, do qual sou adepta e entusiasta. Até porque 'bleu-blanc-rouge' é uma combinação perfeita de cores. Daí, para incluir seu cãozinho no mesmo estilo da dona, foi um passo.
Vai dizer que não ficou uma gracinha? |
Almirante Tamandaré jovem. Chega de só aparecer velhinho nas fotos. |
O Almirante Tamandaré, Joaquim Marques Lisboa, é o patrono da Marinha de Guerra do Brasil. A escolha de seu nome para Patrono não podia ser melhor, pois provou seu heroísmo em batalhas, em tempos de guerra, e seu sentimento de humanismo, em tempos de paz, como, ao socorrer o navio 'Ocean Monarch', incendiando próximo ao porto de Liverpool. Tamandaré resgatou mais de cem pessoas. Em 1850, salvou a tripulação da nau portuguesa 'Vasco da Gama', perdida e avariada ao largo da barra do Rio de Janeiro, depois de uma forte tempestade, quando afundava. Para ter esses atos de bravura, dois anos antes, em 1848, Tamandaré recebeu, na Grã-Bretanha, a fragata Dom Afonso, primeiro navio misto - a vela e a vapor - de grande porte da Armada Brasileira.
Dessa eu gostei... Eu mesma não sabia que algum dia existiu um navio “flex”! Desculpem-me, mas não me contive. :))
Durante esse comando em 1848 (o da fragata Dom Afonso), o Almirante Tamandaré teve a bordo os duques de Aumale, o chefe da esquadra almirante John Grenfell e o Príncipe de Joinville (uma cidade francesa do Haute-Marne), François Ferdinand Philippe Louis Marie d'Orléans, Almirante da Marinha Francesa, que é ninguém menos que o terceiro filho do Rei de França, Luís Filipe I de Orléans.
Permitam-me uma última besbilhotice ou mexerico... Como o mundo é pequeno, não?! O Príncipe de Joinville estivera no Brasil em 1843, quando se casou com a princesa D. Francisca de Bragança e Habsburgo, irmã de Dom Pedro II. O dote deste casamento foi um milhão de francos, ou seja, 750 contos de réis e ainda terras devolutas na Província de Santa Catarina, no Sul do Brasil, com 25 léguas quadradas. A história da cidade de Joinville fica para um próximo post, senão esse não acaba, OK?!
O Marquês de Tamandaré foi membro do Conselho Naval Superior já ao final do II Reinado. Grande amigo de Dom Pedro II, na proclamação da república entristeceu-se com a deposição do monarca, de quem foi despedir-se no caminho para o exílio. Dois meses depois pediu reforma, mas permaneceu no cargo de Ministro do Supremo Tribunal Militar, do qual exonerou-se poucos dias antes de morrer, no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1897, com quase 90 anos. Seus restos mortais estão sob o monumento que foi erguido em sua homenagem na praia do Botafogo, no Rio de Janeiro. Joaquim Marques Lisboa – Marquês de Tamandaré, nasceu na Vila do Rio Grande, RS, em 13/12/1807.
Monumento ao Almirante (e Marquês) de Tamandaré na Praça da Marinha, na Praia de Botafogo, Rio de Janeiro, onde estão depositados seus restos mortais. |
Testamento do Almirante Tamandaré
"Exijo que meu corpo seja vestido somente com camisa, ceroula e coberto com um lençol, metido em um caixão forrado de baeta, tendo uma cruz na mesma fazenda, branca, e sobre ela colocada a âncora verde que me ofereceu a Escola Naval em 13 de dezembro de 1892, devendo-se colocar no lugar que faz cruz a haste e o cepo um coração imitando o de Jesus, para que assim ornado signifique a âncora-cruz, o emblema da fé, esperança e caridade, que procurei conservar sempre como timbre dos meus sentimentos.
Sobre o caixão não desejo que se coloque coroas, flores nem enfeites de qualquer espécie, e só a Comenda do Cruzeiro que ornava o peito do Sr. Dom Pedro II em Uruguaiana, quando compareceu como primeiro dos Voluntários da Pátria para libertar aquela possessão brasileira do jugo dos paraguaios que a aviltavam com sua pressão; e como tributo de gratidão e benevolência com que sempre me honrou e da lealdade que constantemente à Sua Majestade Imperial tributei, desejo que essa comenda relíquia esteja sobre meu corpo até que baixe à sepultura.
Exijo que não se façam anúncio nem convites para o enterro de meus restos mortais, que desejo sejam conduzidos de casa ao carro e deste à cova por meus irmãos em Jesus Cristo que hajam obtido o foro de cidadãos pela Lei de 13 de maio. Isto prescrevo como prova de consideração a essa classe de cidadãos em reparação à falta de atenção que com eles se teve pelo que sofreram durante o estado de escravidão; e reverente homenagem à grande Isabel Redentora, benemérita da pátria e da humanidade, que se imortalizou libertando-os.
Exijo mais, que meu corpo seja conduzido em carrocinha de última classe, enterrado em sepultura rasa até poder ser exumado, e meus ossos colocados com os de meus pais, irmãos e parentes, no jazigo da família Marques Lisboa.
Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir à minha pátria e prestar alguns serviços à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva: 'Aqui jaz o velho marinheiro'.
Almirante Joaquim Marques Lisboa"
A Fragata Dom Afonso
Tal honraria, a de receber o comando de um dos navios mais modernos à época, já denotava o reconhecimento da Marinha Brasileira para com o oficial que, ao longo da História Naval do Brasil, representaria o modelo a ser seguido por todos os que abraçassem a carreira na Marinha.
A Fragata Dom Afonso |
Ainda há tanto o que falar da Marinha do Brasil. Não me atrevi a tocar em outros assuntos como, Amazônia Azul, Projeto REVIMAR, Projeto BIOMAR, só para mencionar os dois de que sei da existência. Por hoje, quero agradecer aos Marinheiros e Marinheiras por terem aceitado o desafio de se dedicar às pesquisas no mar, pois as árvores e o verde da Amazônia são importantíssimos, mas são as algas azuis a peça fundamental para a sobrevivência humana neste planeta. Aquela velha máxima dos anos 70 de que a Amazônia é o pulmão do mundo, não é verdadeira. A Amazônia, assim como qualquer floresta verde, consome quase todo o oxigênio que produz. E no fundo, um pulmão, como o humano, não produz oxigênio, antes, o consome. É óbvio que não estou dizendo com isso que podemos sair pelas ruas cortando as árvores. Não se trata disso! As florestas verdes são importantes para filtrar os gazes da poluição, manutenção da temperatura e da pluviosidade locais. Porém, os oceanos são os verdadeiros responsáveis por grande parte do equilibrio ambiental do nosso planeta. São as algas marinhas o "pulmão do mundo". Sinto-me confortável para fazer esta afirmação, pois sou bióloga de formação desde 1982. O futuro do homem está no mar.
Parabéns pelo texto e obrigado pela homenagem. Achei que seu enfoque diferente se tornou de agradável leitura, com informações relevantes sobre o Almirante Joaquim Marques Lisboa. Destaca-se o "testamento" de Tamandaré, fundamentado na tríade "fé, esperança e caridade".
ResponderExcluirA propósito, a praça "Marinha do Brasil", em Botafogo, onde está o monumento ao bravo Almirante, foi recentemente revitalizada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, como homenagem à Marinha.
Obrigada, Agostinho. Se o texto agradou a você é porque estava bom, já que você é o expert no assunto. Eu li sobre a revitalização da praça; merecida.
ResponderExcluirAbraços