sábado, 18 de dezembro de 2010

O que é uma pessoa influente?

Essa pergunta não sai da minha cabeça há algum tempo. Eu gostaria de mais tempo para chegar a uma resposta que satisfizesse todos os meus questionamentos e penso que acabei encontrando uma linha de raciocínio interessante que compartilho aqui com vocês.
 

O advento das redes sociais como meio de comunicação parece ter revigorado o interesse no estudo de pessoas influentes ou formadores de opinião. Digo revigorado porque, desde os anos 50, dois sociólogos americanos definiram em seu primeiro livro o conceito de influência individual como sendo: "Pessoas que espalharão, confirmarão ou negarão a mensagem dos anunciantes através de suas próprias relações sociais se utilizando do “boca em boca” ou do exemplo pessoal”.
As famosas pirâmides do boca-a-boca

Pois é, lembram-se da AmWay nos EUA? Daqueles potinhos plásticos da Tupperware, também nos EUA e que depois virou febre no Brasil? Em 2007, mais um pesquisador estadunidense usou exatamente o mesmo conceito para aplicar ao contexto das mídias sociais. O que mudou durante estes 55 anos foi a proliferação de dados comportamentais gerados pelas atividades online dos consumidores. E hoje estamos na era da Herbalife. Estes dados, uma vez analisados, estarão plenos de informações sobre as pessoas e é isso que explica a criação de novos serviços pelas empresas de relações públicas, como a Edelman PR, que desenvolveu sua própria ferramenta para monitoração de mídias sociais (TweetLevel) ou agências, exigindo ferramentas como Radian6, SM2, Scoutlabs etc, das quais eu nunca tinha ouvido falar.


Já passei por isso quando minha mãe foi aliciada por amigas a participar.

 

Novos serviços
Quais são esses novos serviços? Para a maioria das empresas, a ideia é identificar pessoas influentes com base em um critério específico que é a popularidade da rede desta pessoa. Assim, ao estimar o número de pessoas em potencial que poderia ser influenciado por aquele indivíduo é que a empresa selecionará e fará suas escolhas. Por exemplo, quanto mais seguidores no Twitter uma pessoa tiver e, quanto mais estes seguidores interagirem com ela, mais ela será considerada influente. Pessoalmente penso que essa abordagem nada mais é do que a venda em pirâmide, ou seja, o famoso MMM - Marketing Multinível, também conhecido como marketing de rede. É um sistema de marketing caracterizado pela formação de uma rede de contatos através da indicação de novos associados por parte dos antigos. Na verdade, esta abordagem consiste em identificar as pessoas localizadas na ponta ou no centro de uma pirâmide contendo um máximo de pessoas e esperar que essa pessoa “influente” faça as informações cascatearem até a pessoa de menor influência na rede. Esta abordagem deve ser eficiente para ganhos a curto prazo, mas muito pouco para um comprometimento a médio e longo prazos com os consumidores.


Influência na Comunidade
Um estudo feito em janeiro de 2010 (mais um) e publicado por pesquisadores dos EUA, revelou que não é tanto o número de pessoas incluídas na rede de alguém que determina o seu nível de influência, mas sim o perfil das pessoas que fazem parte dessa rede. Isso me faz crer que o conceito de pessoa influente terá de ser substituído pelo de “comunidade de influência”, no qual o agrupamento de determinadas pessoas numa mesma rede teria um impacto maior sobre o fluxo e a circulação da informação através de diferentes redes de interesse.

Acho que esse desenho é o mais apropriado

Por outro lado, antes que este conceito possa ser posto em prática nos serviços prestados por empresas de relações públicas ou agências, as ferramentas de análise deverão se adequar para conseguirem identificar comunidades de influência e isso corre o risco de ainda demorar um pouco antes do lançamento de aplicações comerciais. Quer saber? Graças a Deus que ainda vai demorar. Assim, a gente ainda tem mais um tempinho para viver nossas vidas normais antes de termos mais uma "obrigação" perante a sociedade, a de sermos pessoas "influentes". Eu sou uma dessas pessoas que prefere a qualidade à quantidade. Portanto, não devo ser considerada influente e nem tenho essa pretensão. E você? Você se considera uma pessoa influente?

Fonte: Le Monde


5 comentários:

  1. Eliane, mais uma vez me surpreendeu com um ótimo e oportuno texto! Acho que esse lance de influência é tão complexo quanto contraditório. De modo que hoje, no Brasil, se utilizarem o twitter para medir isso, certamente cairão nos 3 apresentadores do CQC como os mais influentes do país. Muito do que vemos no twitter é gente querendo parecer parte de uma tribo, tipo a Tribo dos que seguem Marcelo Tas, Tribo dos que gostam de Capital Inicial (já reparou como é grande essa tribo?). Então, mesmo sem dar importância para os caras, mesmo que eles não exerçam alguma influência sobre ti, você acaba os seguindo porque está "na moda", porque você quer ser parte dessa tribo.

    No meu reduzido universo de análise, desde quando passei a "blogar", reparei que as pessoas praticam a política da boa vizinhança, ou seja, visitam e comentam os blogs cujo blogueiro retribua. No início visitei muitos blogs, investi meu tempo comentando muitos deles para que as pessoas também visitassem e conhecessem o meu. Assim, quando meu tempo tornou-se reduzido e não me permitiu mais realizar tantas visitas por dia, meu sitio também se esvaziou... senti isso no meu blog, minha influência diminuiu mesmo que o contexto do meu blog continuou sempre o mesmo. Assim, fica aquela pergunta: será que as pessoas não são influentes na mesma proporção em que são convenientes? Isso no âmbito dos mortais comuns, não entre os artistas que são influentes para vender um produto, uma idéia, ou uma frase, por mais sem nexo que possa parecer.

    Com isso a influência, segundo o meu ver, está diretamente relacionada à capacidade de manter relacionamentos, e não necessariamente a admiração, das pessoas. Existem aqueles com ótimo conteúdo e importância cultural que não exercem tanta influência, porque não estão em contato com tanta gente através das redes sociais angariando admiradores, ou simplesmente "retribuidores" de visitas.

    Então minha conclusão é que para construir uma rede de influência basta querer, e ter tempo, muito tempo... pois o que você pensa ou o que você diz já não é o mais importante.

    Grande abraço!
    Adriano

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  2. Oi Lili, muito bom o texto e as idéias. Isso pra mim é blog com conteúdo, seja vc influente ou não para outros seres. Pra mim vc tem os 3 IN's , influente, indispensável e inteligente (ésima, aliás).Beijos
    Sebastião

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  3. Adriano!!! Acho que vc acabou de me dar a deixa pra o próximo post... KKKKK.

    Tem uma coisas legais que eu gostaria de comentar, do tipo, aconteça o que acontecer, para o bem ou para o mal, vc tem de ser vc mesmo. Senão dá tudo errado. Isso eu aprendi.

    Tem outra coisa que eu sempre pensei, tem até uma musiquinha do Guilherme Arantes que diz isso, 'Você faz a Moda'. Isso é verdade. Quando eu acho que a moda está ridícula eu ponho o meu clássico jeans, camiseta branca e um blazer preto ou azul-marinho pra trabalhar. E todo mundo me pergunta se vou a algum lugar especial.

    Você está super certo em relação aos blogs. É isso mesmo. Como eu nunca me preocupei com isso, só comento aquilo que eu acho bom de verdade, porque, senão Adriano, vai ficar super fake. Vai ficar igualzinho ao pessoal do LinkedIn. Só entram nos fóruns pra dizer:"que ótimo o seu post", "parabéns". Isso, definitivamente, não é o que quero pra mim.

    Nunca gostei de quantidade, mas de qualidade.
    Prefiro ter poucos leitores, mas que saibam o que estão lendo e gostem, ou não. E discordem, me digam, a gente debate e passa a fazer melhor ainda.

    Por mais incrível que possa parecer, as pessoas já adultas e "maduras" ainda morrem de medo do que os outros pensam delas, como se ainda tivessem 15 anos. Por isso a necessidade de se respaldar nas "tribos".

    Como eu acredito que não exista uma 'tribo' das Elianes, estou tranquila, só quem gosta do que eu faço me lê. Mas posso te garantir, quem me lê eu conheço, mesmo que não pessoalmnete, como a vc, todos pessoas de 1ª grandeza.

    Você me imagina vendendo Herbalife ou Mary Kay? No way!!! rsrsrs

    Abraços

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  4. Sr. Caixapostal, como vc é meu maridinho, vou dizer como o Prof. Raimundo, "menos, menos". Adoro quando vc deixa um comentário animador, mas esse até me surpreendeu. rsrsrsrs
    Só se a bailarina dos comentários te assustou! :)))
    bjs

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  5. rsrsrs... sem perceber, já somos formadores de opinião, Eliane, mesmo que em pequena escala. Você observou muito bem o fato de que nós raramente entramos apenas para dizer "parabéns pelo texto". Nos fóruns do Linkedin e nos blogs onde visito, eu normalmente faço verdadeiras postagens, e muitas delas ainda publico no meu blog para outros leitores que me acompanham. E cada vez que leio um novo texto aqui aprendo algo novo e passo a pensar numa coisa que ainda não havia pensado, mesmo que já tivesse uma opinião constituída na cabeça. Essa é a importância dessa troca de conhecimentos: um verdadeiro exercício da mente e amadurecimento sobre novas perspectivas e pontos de vista.

    Essa é uma influência muito positiva, pois pessoas como você transferem uma opinião de seriedade, conhecimento, contundência e credibilidade.

    Talvez por isso você não combine com a venda de Herbalife, KKKKKKKK (olha aí uma mensagem subliminar, rsrsrs)

    Grande abraço!

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Tô só de olho em você...
Já ia sair de fininho sem deixar um comentário, né?!
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