quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Burguês Conservador x Revolucionário

Um acontecimento pré-histórico importante foi a invenção da agricultura há cerca de dez mil anos, quando os homens deixaram de ser nômades para se fixarem em um lugar. Com o passar dos séculos o homem evoluiu para uma vida em sociedade e civilizada, que se tornou cada vez mais complexa. No decorrer dessa trajetória alguns momentos históricos foram fundamentais para transformar os destinos da humanidade. Confira quais foram os dez momentos que mudaram o mundo e que lhe deram a cara que ele tem atualmente.

Voltaire, Rousseau, Hume Quesnay e Jacques Pierre Brissot

1. A invenção da escrita
2. O nascimento da filosofia
3. A crença num só Deus
4. A ascensão do Império Romano
5. As grandes invasões
6. O nascimento da burguesia
7. O Iluminismo
8. A Revolução Francesa
9. A Revolução Industrial
10. As Duas Grandes Guerras


Montesquieu, D'Alembert, Diderot e John Locke
 
Vou comentar apenas o sexto momento histórico, o Nascimento da Burguesia. Num período chamado de Baixa Idade Média, que começou no século XI, os comerciantes e artesãos que viviam nas cidades, que na maioria eram poucas, pequenas e com ruazinhas tortuosas, cansaram de viver à mercê dos senhores feudais. Como tinham dinheiro, constituíram exércitos próprios e transformaram suas cidades em fortalezas. Esses habitantes das cidades, ou “burgos”, que ganhavam dinheiro e poder foram chamados de burgueses e passaram a não compartilhar mais dos valores que predominavam na Idade Média. O surgimento da burguesia e sua aliança político-econômica com monarcas resultou no fim da economia feudal e no surgimento do mercantilismo, no fortalecimento dos Estados nacionais, no início da era das grandes navegações e do colonialismo, e na construção de uma nova consciência que prezervava a liberdade de pensamento e que resultou num período artístico e comercialmente rico, denominado de Renascença ou Iluminismo, visto que a Baixa Idade Média foi considerada a Idade das Trevas. Com a burguesia vieram os pensamentos dos Iluministas (que fizeram, com isso, "Renascer" a época das luzes). As ideias se resumiam nas três palavras que associamos imediatamente à Revolução Francesa: Liberté, Égalité, Fraternité, que é o lema da República Francesa.
O que eu já estou meio cansada de ver e ouvir atualmente são os militantes de esquerda e seus simpatizantes criticarem a burguesia. Esse discurso dos socialistas dirigindo-se contra o burguês, como sendo o “opressor dos trabalhadores”, numa típica visão míope, está desgastado e empoeirado. Associar burguês a conservadorismo, como se burguesia e aristocracia fossem a mesma coisa, é outro fato lotado de teia de aranhas.
Eu, que tanto gosto de olhar os fatos pela ótica da história, diria que um certo tipo de burguês teve um papel bastante revolucionário, já que pouco se identificavam com os valores tradicionais. Portanto, o processo da Revolução Francesa, que foi de 1789 a 1799, descaradamente comandado por uma parte da burguesia contra a nobreza, preparou a Comuna de Paris, e esta, infelizmente, a revolta de 1917 que, a meu ver, foi pior do que a guilhotina na Bastille. Na Rússia, os casares eram odiados, não apenas pelos bolcheviques, mas também pelos mencheviques, que eram burgueses. Os ideais desta burguesia eram as idéias liberais e o humanismo reformista.
A célebre divisão “esquerda-direita” que a Revolução Francesa legou à cultura política contemporânea, nasceu na divisão da localização dos assentos dos partidários na assembleia. A esquerda moderada ("direita"), os girondinos, representantes da alta burguesia, defendiam as posições conquistadas e evitavam a ascensão da massa de sans-culottes. Em realidade eles ocupavam os assentos mais acima na asembleia, não necessariamente a ala direita. À ala esquerda na assembleia, ficavam os jacobinos (Robespierre, Marat, Danton, Desmoulins), representando a pequena e média burguesias, constituíam o partido mais radical, mais ainda sob a liderança de Robespierre, que buscava o apoio dos sans-culottes.

Robespierre e Danton, acima e Camille Desmoulins e Jean-Paul Marat.

Sans-culottes era a denominação dada pelos aristocratas aos artesãos, trabalhadores e até pequenos proprietários, que desde 1771 já aspiravam a Revolução Francesa, principalmente em Paris. Recebiam esse nome porque não usavam culotes, que era uma espécie de calções justos que apertavam no joelho e era usado pela nobreza. Os Sans-culottes vestiam uma calça grosseira de algodão, pois à época da Revolução Francesa, a calça comprida era o típico traje usado pelos burgueses.

Os "culottes" eram os shorts que iam até os joelhos, usados pelos homens da nobreza, conforme na ilustração acima.

"Sans-culottes" eram os burgueses que usavam calças de algodão e sapatos de madeira.

Não posso deixar de mencionar que, com os burgueses, proliferaram também os fidalgos, que rejeitavam emprender atividades econômicas, por ser o trabalho algo considerado indigno. Ou seja, eram aristocratas "travestidos" de burgueses.
Hoje, essa burguesia das bandeiras vermelhas, que forma o grosso do eleitorado do PT, acaba indo contra a burguesia sadia. Essa burgesia, em vez de estar aliada ao povo e à aristocracia sempre em nome do povo, prefere odiar a aristocracia e ter um discurso único e limitado que nada faz além de criticar a aristocracia, errando ao chamá-la de burguesia. Críticas sem ações efetivas.
Finalizo citando Rafael Vitola Brodbeck, um gaúcho de São Pedro, escritor, articulista de vários jornais, especialmente na área de história (notadamente medieval), “(Hoje) nem toda a burguesia é ruim, como pregam os comunistas (ajudados, lembremos, por certos burgueses tão odiados por eles). O burguês conservador, enfim, é o grande propulsor do desenvolvimento econômico e social da nação, o incentivador da solidariedade e da liberdade, o bastião da democracia. O burguês revolucionário, entretanto, é o pior dos inimigos, pelo apoio que presta (consciente ou inconscientemente) ao esquerdista que finge contra ele guerrear”.
Vi nessas palavras do escritor uma grande verdade. Pensem nos atuais governates do país, vários ex-guerrilheiros, que se dizem a todo instante fiéis escudeiros da democracia. No entanto, se analisarmos a questão lá no fundo mesmo, todos eles nunca passaram de "jovens rebeldes sem caussa", só que não eram inócuos à sociedade.



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