Os fãs de Woody Allen, como eu, estão em êxtase. Já podemos ver no Youtube imagens de Midnight in Paris, último filme do diretor cult de NYC. As sequências filmadas em alguns pontos turísticos da cidade dos mais raros artistas e pensadores do mundo estão lindas, como sempre. Paris é o Sena, a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, a Champs-Elysées, o Grand Palais, a rue Mouffetard e a Place Vendôme e muito, muito mais. Um dos destaques do filme é a cantora Carla Bruni interpretando uma guia do Museu Rodin. Esse eu não posso perder.
quinta-feira, 31 de março de 2011
Quando você pensa que já viu de tudo...
Honoris causa, abreviado como h.c., é uma locução latina (em português: "por causa de honra") usada em títulos honoríficos concedidos por universidades a pessoas eminentes, que não necessariamente sejam portadoras de um diploma universitário mas que se tenham destacado em determinada área (artes, ciências, filosofia, letras, promoção da paz, de causas humanitárias etc), por sua boa reputação, virtude, mérito ou ações de serviço que transcendam famílias, pessoas ou instituições. Historicamente, um Doutor honoris causa recebe os mesmos tratamento e privilégios daqueles que obtiveram um doutorado acadêmico de forma convencional - a menos que se especifique o contrário.
A pessoa que recebe o título de "doutor honoris causa" pode usar a abreviação "Dr. h. c.". Caso já tenha um título de doutorado acadêmico, poderá utilizar a abreviação "Dr. Dr. h. c.". A pessoa honrada com mais de um título de doutor honoris causa, poderá usar a abreviação "Dr. h. c. mult." (Doutor honoris causa multiplex).
A titulação de Lula, na Universidade de Coimbra, começou às 10h30, na Biblioteca Joanina, construção que ostenta nas paredes ouro brasileiro. De lá saiu um cortejo com os doutores das várias faculdades, identificadas pelas cores dos capelos (capa que vai sobre os ombros). Amarelo para medicina, vermelho para direito, a que concedeu o título a Lula. À frente, um quinteto de sopros conduz à marcha. Da torre, tocam os quatro sinos. Seguem todos para a Sala dos Capelos, construída no século XIII.
Existe uma "hierarquia" dentre esses títulos relativos ao mérito, quais sejam:
Mérito Universitário
Professor Emérito
Professor Honoris Causa
Doutor Honoris Causa
O título Professor Honoris Causa, é concedido, ao professor ou cientista ilustre, não pertencente à Universidade que o premia, mas que tenha prestado relevantes serviços a ela. Interessante é que o título de Professor Honoris Causa está um degrau abaixo ao de Doutor Honoris Causa, mas o título de Professor o Sr. Lula não pode receber.
A pessoa que recebe o título de "doutor honoris causa" pode usar a abreviação "Dr. h. c.". Caso já tenha um título de doutorado acadêmico, poderá utilizar a abreviação "Dr. Dr. h. c.". A pessoa honrada com mais de um título de doutor honoris causa, poderá usar a abreviação "Dr. h. c. mult." (Doutor honoris causa multiplex).
A titulação de Lula, na Universidade de Coimbra, começou às 10h30, na Biblioteca Joanina, construção que ostenta nas paredes ouro brasileiro. De lá saiu um cortejo com os doutores das várias faculdades, identificadas pelas cores dos capelos (capa que vai sobre os ombros). Amarelo para medicina, vermelho para direito, a que concedeu o título a Lula. À frente, um quinteto de sopros conduz à marcha. Da torre, tocam os quatro sinos. Seguem todos para a Sala dos Capelos, construída no século XIII.
Cortejo com os doutores das várias faculdades, identificadas pelas cores dos capelos. |
Existe uma "hierarquia" dentre esses títulos relativos ao mérito, quais sejam:
Mérito Universitário
Professor Emérito
Professor Honoris Causa
Doutor Honoris Causa
O título Professor Honoris Causa, é concedido, ao professor ou cientista ilustre, não pertencente à Universidade que o premia, mas que tenha prestado relevantes serviços a ela. Interessante é que o título de Professor Honoris Causa está um degrau abaixo ao de Doutor Honoris Causa, mas o título de Professor o Sr. Lula não pode receber.
quarta-feira, 30 de março de 2011
A Capela Sistina
Michelangelo di Ludovico Buonarroti Simoni nasceu em Caprese em 6 de Março de 1475 e morreu em Roma, em 18 de fevereiro de 1564. Foi pintor, escultor, poeta e arquiteto renascentista italiano. Caprese fica perto de Arezzo, na Toscana e Michelangelo foi o segundo de cinco filhos. Seu pai, Ludovico, quando residente em Caprese, era magistrado. Michelangelo cresceu em Florença e mais tarde viveu com um escultor e sua esposa na localidade florentina de Settignano, onde seu pai tinha uma mina de mármore e uma pequena fazenda.
A mais famosa dentre suas tarefas foi, sem dúvida, a pintura monumental do teto da Capela Sistina, no Vaticano, que levou quatro anos para ser feita (1508 – 1512). Michelangelo originalmente deveria pintar os 12 Apóstolos, mas protestou e pediu uma tarefa mais audaciosa. Um esquema que representasse a Criação, a Queda do Homem e a Promessa da Salvação. O trabalho faz parte de uma decoração muito mais complexa que, em conjunto, representa toda a doutrina da Igreja Católica.
A Capela Sistina fica no Palácio Apostólico, residência oficial do Papa na Cidade do Vaticano, erguida entre os anos 1475 e 1483, durante o pontificado do Papa Sisto IV. A Celebração Eucarística de inauguração ocorreu em 15 de agosto de 1483. Era um projeto relativamente simples e despretensioso. No início, destinado ao culto particular dos papas e da alta hierarquia eclesiástica. Contudo, fruto de uma época de expansão política e territorial da Santa Sé, viria a tornar-se um dos símbolos desta, tamanha sua magnificência. A celebridade da capela deve-se, também, ao fato de nela se realizarem os conclaves para a eleição do Sumo Pontífice da Igreja Católica Romana.
Vejam aqui a magnífica beleza da pintura de Michelangelo na Capela Sistina no Vaticano. Após carregar a imagem, clique no mouse e arraste para cima ou para baixo, para a esquerda ou para a direita. Os sinais '+' e '-' no canto da tela ampliam ou afastam a imagem em até 400 vezes.
A mais famosa dentre suas tarefas foi, sem dúvida, a pintura monumental do teto da Capela Sistina, no Vaticano, que levou quatro anos para ser feita (1508 – 1512). Michelangelo originalmente deveria pintar os 12 Apóstolos, mas protestou e pediu uma tarefa mais audaciosa. Um esquema que representasse a Criação, a Queda do Homem e a Promessa da Salvação. O trabalho faz parte de uma decoração muito mais complexa que, em conjunto, representa toda a doutrina da Igreja Católica.
A Capela Sistina fica no Palácio Apostólico, residência oficial do Papa na Cidade do Vaticano, erguida entre os anos 1475 e 1483, durante o pontificado do Papa Sisto IV. A Celebração Eucarística de inauguração ocorreu em 15 de agosto de 1483. Era um projeto relativamente simples e despretensioso. No início, destinado ao culto particular dos papas e da alta hierarquia eclesiástica. Contudo, fruto de uma época de expansão política e territorial da Santa Sé, viria a tornar-se um dos símbolos desta, tamanha sua magnificência. A celebridade da capela deve-se, também, ao fato de nela se realizarem os conclaves para a eleição do Sumo Pontífice da Igreja Católica Romana.
Vejam aqui a magnífica beleza da pintura de Michelangelo na Capela Sistina no Vaticano. Após carregar a imagem, clique no mouse e arraste para cima ou para baixo, para a esquerda ou para a direita. Os sinais '+' e '-' no canto da tela ampliam ou afastam a imagem em até 400 vezes.
Capela Sistina no Vaticano |
segunda-feira, 28 de março de 2011
2000 Folhas
Essa é para todos os gourmets de plantão. O 2000 folhas da Maison Pierre Hermé em Paris já faz parte do seu menu fixo. O 2000 folhas, criado pelo chef chocolatier-pâtissier, Pierre Hermé, convive harmoniosamente com suas texturas. O creme mousseline praliné lhe confere um sabor todo especial. Ele consiste de massa folhada crocante caramelizada e praliné, cujas lâminas finas rendadas lhe dão a espessura perfeita. Sublimemente delicioso. Para os verdadeiros gourmets, a Maison Pierre Hermé recomenda, como acompanhamento, o Vin Cuit de Provence.
Vin Cuit de Provence
Na França, o vin cuit é uma tradição provençal que tem suas origens na região próxima à Aix-en-Provence e à montanha Sainte-Victoire. É um vinho artesanal obtido pela concentração da uva cujo mosto é aquecido em chama viva. O objetivo é obter, sem ferver, uma evaporação homogênea. Durante o cozimento, é produzida uma espuma na superfície que deve ser constantemente retirada, pois ela pode deixar um amargor no vinho. Quando a metade do suco já se evaporou, deixa-se esfriar. O suco é colocado, em seguida, em reservatórios para uma lenta e longa fermentação. Esta fermentação cessará naturalmente. O equilíbrio final é obtido a 15% de álcool e, em média, 90g de açúcares residuais. Em seguida, ele é colocado em barris para o envelhecimento por vários meses. O verdadeiro vin cuit não pode ser confundido com alguns aperitivos ou vinhos alicorados, como o vinho do Porto, por exemplo. O vin cuit é um vinho doce e leve. Pode-se degustá-lo a 10/12 °C como acompanhamento de sobremesas, muito particularmente, tortas e sobremesas feitas com frutas vermelhas ou com chocolate.
Geralmente, a Maison Pierre Hermé faz, no início do outono, o Fetish Millefeuille, uma espécie de ”Saison du Millefeuille”. Fazem parte do menu os Millefeuille Ispahan, Montebello, Eden, Mogador, Infiniment Vanille e Carrément Chocolat. Vale a pena conferir.
Maison Pierre Hermé Paris
72, rue Bonaparte
No 6ème, bem pertinho da Saint Sulpice.
185, rue Vaugirard
No 15ème, quase na esquina com Boulevard Pasteur.
Vin Cuit de Provence
Na França, o vin cuit é uma tradição provençal que tem suas origens na região próxima à Aix-en-Provence e à montanha Sainte-Victoire. É um vinho artesanal obtido pela concentração da uva cujo mosto é aquecido em chama viva. O objetivo é obter, sem ferver, uma evaporação homogênea. Durante o cozimento, é produzida uma espuma na superfície que deve ser constantemente retirada, pois ela pode deixar um amargor no vinho. Quando a metade do suco já se evaporou, deixa-se esfriar. O suco é colocado, em seguida, em reservatórios para uma lenta e longa fermentação. Esta fermentação cessará naturalmente. O equilíbrio final é obtido a 15% de álcool e, em média, 90g de açúcares residuais. Em seguida, ele é colocado em barris para o envelhecimento por vários meses. O verdadeiro vin cuit não pode ser confundido com alguns aperitivos ou vinhos alicorados, como o vinho do Porto, por exemplo. O vin cuit é um vinho doce e leve. Pode-se degustá-lo a 10/12 °C como acompanhamento de sobremesas, muito particularmente, tortas e sobremesas feitas com frutas vermelhas ou com chocolate.
Geralmente, a Maison Pierre Hermé faz, no início do outono, o Fetish Millefeuille, uma espécie de ”Saison du Millefeuille”. Fazem parte do menu os Millefeuille Ispahan, Montebello, Eden, Mogador, Infiniment Vanille e Carrément Chocolat. Vale a pena conferir.
Maison Pierre Hermé Paris
72, rue Bonaparte
No 6ème, bem pertinho da Saint Sulpice.
185, rue Vaugirard
No 15ème, quase na esquina com Boulevard Pasteur.
2000 folhas, massa folhada crocante caramelizada e praliné |
O “Achamento” do Brasil
A Carta sobre o "Achamento" do Brasil (expressão em aspas usada pelo próprio Caminha), enviada a el-rei D. Manuel. A Carta é considerada, por alguns, como a "certidão de nascimento do Brasil". Ela é datada de Porto Seguro, no dia 1 de maio de 1500 e conservou-se inédita, por mais de dois séculos no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa. Foi encontrada em 1773 por José de Seabra da Silva e publicada, pela primeira vez no Brasil, pelo padre Aires do Casal na sua Corografia Brasílica em 1817.
Abaixo, um trecho no qual Caminha narra o contato inusitado entre portugueses e nativos quando da subida a bordo das embarcações.
"O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido com um colar de ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa por estrado. Sancho de Tovar, Simão Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correia, e nós outros que aqui na nau com ele vamos, sentados no chão, pela alcatifa. Acenderam-se tochas. Entraram. Mas não fizeram sinal de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Porém, um deles pôs ele olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente o castiçal, como se lá também houvesse prata.
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo, tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela (...).
Viu um deles um colar de conta de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as nos braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do Capitão, como que dizendo que dariam ouro por aquilo.
Isso tomávamos nós por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas mais o colar, isto não o queríamos entender, porque não lho havíamos de dar. E depois tornou as contas a quem lhas dera."
Abaixo, um trecho no qual Caminha narra o contato inusitado entre portugueses e nativos quando da subida a bordo das embarcações.
"O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido com um colar de ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa por estrado. Sancho de Tovar, Simão Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correia, e nós outros que aqui na nau com ele vamos, sentados no chão, pela alcatifa. Acenderam-se tochas. Entraram. Mas não fizeram sinal de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Porém, um deles pôs ele olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente o castiçal, como se lá também houvesse prata.
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo, tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela (...).
Viu um deles um colar de conta de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as nos braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do Capitão, como que dizendo que dariam ouro por aquilo.
Isso tomávamos nós por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas mais o colar, isto não o queríamos entender, porque não lho havíamos de dar. E depois tornou as contas a quem lhas dera."
quinta-feira, 24 de março de 2011
Adeus aos olhos cor violeta
Em homenagem à Elizabeth Rosemond Taylor, nascida em Londres, 27 de fevereiro de 1932 e que faleceu ontem, 23 de março de 2011, em Los Angeles, aos 79 anos, publicarei mais uma vez sua belíssima foto ao lado de Montgomery Cliff, em 1951, ano do filme A Place in the Sun - Um Lugar ao Sol. Liz também atuou em 'Gata em teto de zinco quente' em 1958, ao lado de Paul Newman, e em 'Assim caminha a humanidade' em 1956, último trabalho do ator James Dean. Em 1963, protagonizou 'Cleópatra' e tornou-se a primeira atriz a receber um cachê de US$ 1 milhão. Liz ganhou dois Oscars como melhor atriz, um em 1961, por sua atuação no filme 'Butterfield 8' e outro em 1967, no filme 'Who's Afraid of Virginia Woolf?'
Foi pioneira no desenvolvimento de ações filantrópicas, levantando fundos para as campanhas contra a AIDS a partir da década de 1980, logo após a morte de Rock Hudson. Seus vários trabalhos filantrópicos foram amplamente reconhecidos pelos americanos. Não acrescentarei nenhuma informação sobre seus casamentos, pois penso que são irrelevantes. Liz Taylor era uma mulher extraordinária que viveu a vida ao máximo, com muita paixão, humor, e amor.
Sua coleção de joias é algo impressionante. Só de Richard Burton ganhou duas de suas mais cobiçadas peças, o 'diamante Krupp' e a pérola 'La Peregrina', além de um diamante em formato de coração descoberto no século XVI, que pertenceu a uma das esposas do imperador indiano Shah-Jahan. Ela justificava seu gosto pelas pedras preciosas dizendo que “grandes garotas precisam de grandes diamantes”. Em 2002, a atriz revelou parte de seu acervo, que incluía peças das marcas Cartier, Chopard e Tiffany, no livro 'My love affair with jewelry', Meu caso de amor com as joias.
Liz tratou vários problemas de saúde ao longo dos anos, incluindo uma insuficiência cardíaca crônica. Em 2009, foi submetida a uma cirurgia para substituir uma válvula defeituosa no coração. Em fevereiro deste ano, novos sintomas relacionados à sua insuficiência cardíaca levaram-na ao hospital, onde esteve internada por seis semanas e veio a falecer após uma cirurgia. O sepultamento do corpo de Elizabeth Taylor foi no cemitério Forest Lawn Memorial Park, em Los Angeles.
Foi pioneira no desenvolvimento de ações filantrópicas, levantando fundos para as campanhas contra a AIDS a partir da década de 1980, logo após a morte de Rock Hudson. Seus vários trabalhos filantrópicos foram amplamente reconhecidos pelos americanos. Não acrescentarei nenhuma informação sobre seus casamentos, pois penso que são irrelevantes. Liz Taylor era uma mulher extraordinária que viveu a vida ao máximo, com muita paixão, humor, e amor.
Sua coleção de joias é algo impressionante. Só de Richard Burton ganhou duas de suas mais cobiçadas peças, o 'diamante Krupp' e a pérola 'La Peregrina', além de um diamante em formato de coração descoberto no século XVI, que pertenceu a uma das esposas do imperador indiano Shah-Jahan. Ela justificava seu gosto pelas pedras preciosas dizendo que “grandes garotas precisam de grandes diamantes”. Em 2002, a atriz revelou parte de seu acervo, que incluía peças das marcas Cartier, Chopard e Tiffany, no livro 'My love affair with jewelry', Meu caso de amor com as joias.
Liz tratou vários problemas de saúde ao longo dos anos, incluindo uma insuficiência cardíaca crônica. Em 2009, foi submetida a uma cirurgia para substituir uma válvula defeituosa no coração. Em fevereiro deste ano, novos sintomas relacionados à sua insuficiência cardíaca levaram-na ao hospital, onde esteve internada por seis semanas e veio a falecer após uma cirurgia. O sepultamento do corpo de Elizabeth Taylor foi no cemitério Forest Lawn Memorial Park, em Los Angeles.
Elizabeth Taylor e Montgomery Cliff no filme 'A Place in the Sun' em 1951. |
O Efeito Colateral da Competência
No dia 22/03, li um texto que me chamou a atenção pelo título. Minha intuição estava certa. Este texto de Wellington Moreira, palestrante e consultor empresarial, em Londrina, vale a pena ser lido. Depois que li o artigo, muito bem escrito, sem jargões, sem siglas, sem clichês, não resisti e escrevi um email ao seu autor. Afinal de contas, ele precisava saber que alguém numa outra cidade, e que não o conhece, leu seu texto e ficou positivamente impressionado com o conteúdo. Geralmente, as pessoas não externam suas ideias, impressões, sentimentos para outras, pois sentem, por incrível que pareça, vergonha de dizer o que pensam, o que acham de determinada coisa etc. Essa vergonha adolescente, filha da insegurança e do medo de ser rejeitado, infelizmente, poda excelentes ideias que podem estar latentes em tantas mentes Brasil afora. Pedi sua permissão para publicar o texto aqui no blog e, devo admitir que senti-me envaidecida com a resposta que recebi. Com a licença de vocês, vou transcrever, sem nenhuma falsa modéstia, trecho do meu email para ele e sua resposta, até porque se eu não tivesse realmente apreciado seu trabalho eu não o publicaria no meu blog.
Olá, Wellington,
O que me deixou surpresa, e por isso este meu email a você, foi o seu currículo abaixo do texto. Se esse for realmente o seu currículo, "palestrante e consultor empresarial", além, é óbvio, da sua formação acadêmica normal, excelente. Prescindimos de pessoas simples, objetivas, diretas o suficiente para colocar "o dedo na ferida" e não apenas reverenciar quem fez um curso de qualquer coisa em Harvard, como se aquela instituição fosse a salvadora do mundo. Parabéns pelo texto.
Olá Eliane,
Primeiramente, obrigado por dedicar seu precioso tempo para me escrever sua mensagem acerca do artigo.
Desde ontem tenho pensado bastante em tudo aquilo que você escreveu e inclusive fico muito satisfeito por você republicá-lo em seu site. Peço apenas que copie a versão do artigo disponível em www.caputconsultoria.com.br/?pag=ver_artigos&id=210, pois efetuei alterações num dos parágrafos do texto após sua contribuição.
Att,
Wellington Moreira
Wellington Moreira destaca que as organizações estão em busca de pessoas competentes para seus quadros, mas nem sempre conseguem lidar com elas.
Dias atrás, numa conversa informal, escutei a história, em primeira mão, de um profissional que acaba de ser demitido graças à sua competência e aos ótimos resultados alcançados até então. É justo que você pense: “Este profissional deve ter cometido algum deslize e agora está querendo apenas posar de injustiçado!” Infelizmente, não é o caso.
Há dois anos ele atuava na empresa que o desligou e seus números foram muito melhores e consistentes do que os esperados pela organização. Porém, depois de algum tempo, profissionais de uma outra companhia do grupo no qual atua literalmente “pediram sua cabeça”, pois a performance obtida por ele estava atrapalhando o alcance dos resultados daquela. Como era a parte mais frágil desta relação, acabou pagando o pato.
Não é a primeira vez que isto ocorre e nem será a última. Profissionais muito competentes angariam adversários em diferentes ambientes organizacionais, pois mexem com o status quo. Fazem com que muita gente tenha de encontrar explicações para seu desempenho pífio e isto é particularmente complicado se estes não possuem condições de fazer mais e/ou melhor do que aqueles.
O deslize cometido pelo profissional em questão também é o mesmo de muitas outras pessoas: acreditar que apenas o alcance de resultados é suficiente para se manter numa posição de destaque frente aos demais e, especialmente, privilegiado pelos altos executivos ou sócios do negócio.
Há um bom tempo já não basta ser competente tecnicamente. Também é imprescindível que a pessoa consiga manter equilibradas as relações que o sustentam dentro da companhia. Para ser mais claro, é preciso avaliar quais brigas podem ser assumidas e aquelas a serem evitadas, pois adversários internos geram custos futuros para quem pretende continuar no mesmo lugar.
Não estou afirmando com isto que o profissional deva fugir dos conflitos, mas sim ter a consciência de que seu sucesso depende – e muito – de como ele consegue administrá-los. Afinal de contas, o adversário de um projeto atual pode ser o financiador do plano seguinte e, portanto, deixar as portas abertas acaba sendo uma atitude sensata.
Construir alianças estratégicas na companhia, grupo empresarial ou segmento de mercado não é fazer conchavos ou tentar agradar a todos, mas sim algo muito diferente. Trata-se da capacidade de compreender a cultura do local em que trabalha e saber posicionar-se, isto é, avaliar os momentos no qual se deve avançar e aqueles que requerem recuos momentâneos.
O lado bom desta história é que o profissional demitido rapidamente conseguirá se recolocar no mercado por gozar de um alto grau de empregabilidade. Já a empresa poderá repetir outras vezes o movimento de dilapidar os talentos que lutam por ela, mas são incompreendidos.
As organizações estão em busca de pessoas competentes para seus quadros, mas nem sempre conseguem lidar com elas. Ao privilegiar a mediocridade e desestimular os conflitos que a transformariam não percebem que expurgam – involuntariamente ou por decisão própria – justamente aqueles que poderiam garantir a elas um amanhã promissor.
Cuidado para que isto também não ocorra em sua companhia!
Olá, Wellington,
O que me deixou surpresa, e por isso este meu email a você, foi o seu currículo abaixo do texto. Se esse for realmente o seu currículo, "palestrante e consultor empresarial", além, é óbvio, da sua formação acadêmica normal, excelente. Prescindimos de pessoas simples, objetivas, diretas o suficiente para colocar "o dedo na ferida" e não apenas reverenciar quem fez um curso de qualquer coisa em Harvard, como se aquela instituição fosse a salvadora do mundo. Parabéns pelo texto.
Olá Eliane,
Primeiramente, obrigado por dedicar seu precioso tempo para me escrever sua mensagem acerca do artigo.
Desde ontem tenho pensado bastante em tudo aquilo que você escreveu e inclusive fico muito satisfeito por você republicá-lo em seu site. Peço apenas que copie a versão do artigo disponível em www.caputconsultoria.com.br/?pag=ver_artigos&id=210, pois efetuei alterações num dos parágrafos do texto após sua contribuição.
Att,
Wellington Moreira
Wellington Moreira destaca que as organizações estão em busca de pessoas competentes para seus quadros, mas nem sempre conseguem lidar com elas.
Dias atrás, numa conversa informal, escutei a história, em primeira mão, de um profissional que acaba de ser demitido graças à sua competência e aos ótimos resultados alcançados até então. É justo que você pense: “Este profissional deve ter cometido algum deslize e agora está querendo apenas posar de injustiçado!” Infelizmente, não é o caso.
Há dois anos ele atuava na empresa que o desligou e seus números foram muito melhores e consistentes do que os esperados pela organização. Porém, depois de algum tempo, profissionais de uma outra companhia do grupo no qual atua literalmente “pediram sua cabeça”, pois a performance obtida por ele estava atrapalhando o alcance dos resultados daquela. Como era a parte mais frágil desta relação, acabou pagando o pato.
Não é a primeira vez que isto ocorre e nem será a última. Profissionais muito competentes angariam adversários em diferentes ambientes organizacionais, pois mexem com o status quo. Fazem com que muita gente tenha de encontrar explicações para seu desempenho pífio e isto é particularmente complicado se estes não possuem condições de fazer mais e/ou melhor do que aqueles.
O deslize cometido pelo profissional em questão também é o mesmo de muitas outras pessoas: acreditar que apenas o alcance de resultados é suficiente para se manter numa posição de destaque frente aos demais e, especialmente, privilegiado pelos altos executivos ou sócios do negócio.
Há um bom tempo já não basta ser competente tecnicamente. Também é imprescindível que a pessoa consiga manter equilibradas as relações que o sustentam dentro da companhia. Para ser mais claro, é preciso avaliar quais brigas podem ser assumidas e aquelas a serem evitadas, pois adversários internos geram custos futuros para quem pretende continuar no mesmo lugar.
Não estou afirmando com isto que o profissional deva fugir dos conflitos, mas sim ter a consciência de que seu sucesso depende – e muito – de como ele consegue administrá-los. Afinal de contas, o adversário de um projeto atual pode ser o financiador do plano seguinte e, portanto, deixar as portas abertas acaba sendo uma atitude sensata.
Construir alianças estratégicas na companhia, grupo empresarial ou segmento de mercado não é fazer conchavos ou tentar agradar a todos, mas sim algo muito diferente. Trata-se da capacidade de compreender a cultura do local em que trabalha e saber posicionar-se, isto é, avaliar os momentos no qual se deve avançar e aqueles que requerem recuos momentâneos.
O lado bom desta história é que o profissional demitido rapidamente conseguirá se recolocar no mercado por gozar de um alto grau de empregabilidade. Já a empresa poderá repetir outras vezes o movimento de dilapidar os talentos que lutam por ela, mas são incompreendidos.
As organizações estão em busca de pessoas competentes para seus quadros, mas nem sempre conseguem lidar com elas. Ao privilegiar a mediocridade e desestimular os conflitos que a transformariam não percebem que expurgam – involuntariamente ou por decisão própria – justamente aqueles que poderiam garantir a elas um amanhã promissor.
Cuidado para que isto também não ocorra em sua companhia!
quarta-feira, 23 de março de 2011
O Ordinário Blogueiro
A imprensa deve ser isenta e imparcial no seu trabalho de informar a população, estes são princípios fundamentais da profissão de jormalista. Só nesse exercício de busca da verdade e da imparcialidade já se deve procurar eliminar seus “preconceitos”. Caso contrário, o princípio torna-se mito.
Entre o Natal e o Ano Novo de 2010, mais exatamente no dia 26/12, li um texto assinado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, no seu blog Conversa Afiada, que falava da operação no complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, de modo abertamente parcial e em tom jocoso. Nada contra o tom jocoso. Longe de mim qualquer tipo de alusão à censura. Mas o texto que li era muito, muito pobre e vulgar. Senti-me indignada de ver que um jornalista “de nome” não teve o menor pudor em publicar aquelas palavras tão pobres e tão pequenas e ainda assinar embaixo. O texto é relativamente pequeno. Vejam o que li e o que aconteceu.
Entre o Natal e o Ano Novo de 2010, mais exatamente no dia 26/12, li um texto assinado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, no seu blog Conversa Afiada, que falava da operação no complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, de modo abertamente parcial e em tom jocoso. Nada contra o tom jocoso. Longe de mim qualquer tipo de alusão à censura. Mas o texto que li era muito, muito pobre e vulgar. Senti-me indignada de ver que um jornalista “de nome” não teve o menor pudor em publicar aquelas palavras tão pobres e tão pequenas e ainda assinar embaixo. O texto é relativamente pequeno. Vejam o que li e o que aconteceu.
O jornalista Paulo Henrique Amorim |
Por que FHC não mandou os anfíbios? FHC subiu o morro errado.
Publicado em 05/12/2010 no blog Conversa Afiada.
Este ordinário blogueiro voltou ao Complexo do Alemão nesta sexta-feira (03/12/2010). Conversou com um policial civil há oito anos na delegacia de entorpecentes e que conhecia o Alemão muito bem. “Conhecia”, porque há três anos não fazia o percurso até o alto do morro onde mataram o Tim Lopes. Durante três anos aquilo ali esteve sob controle dos traficantes.
Perguntei a ele se o Disque Denúncia ajudou muito a prender traficante. Ele explicou que o Disque Denúncia é arma dos traficantes também. Metade das “denúncias” é de traficantes que passam informações falsas, para desnortear a polícia. Como diria um respeitado pensador paulista, é “uma faca de dois legumes”. Ou seja, dizer que o carioca prendeu os traficantes, ao colaborar com a polícia através do Disque Denúncia, por exemplo, é acreditar em Papai Noel.
Aí, vem o Fernando Henrique Cardoso – pág. 2 do Estadão – dizer que “o Rio marcou um golaço. E digo bem: foi a cidade do Rio de Janeiro (que os cariocas chamam de “Rio” e nada mais, porque Rio só tem um … – PHA) e não apenas seu governo, a polícia ou as Forças Armadas.”
Literalmente, o Farol de Alexandria subiu o morro errado. Ele diz que foi ao Santa Marta. “Santa Marta” não existe no Rio. Só se for em Paraisópolis, Heliópolis, onde o FHC não põe os pés. No Rio, existe um “Dona Marta”. E por que ele diz que foi “o carioca”? Para menosprezar o papel decisivo do Lula, que mandou para lá os anfíbios da marinha. E o Johnbim só mandou os blindados do Exército, às pressas, porque ia ficar mal na foto. O Johnbim, serrista velho de guerra, Ministro do Farol, remanchou, remanchou e não ia mandar nada. Como o Fernando Henrique nunca mandou. Foi preciso o Beltrame e o Sergio Cabral estabelecer um vínculo mais antigo e técnico com áreas mecanizadas dos Fuzileiros Navais, para que o Lula se convencesse de que se tratava de uma “ameaça à ordem pública” e mandou os anfíbios. E o Exército e o Johnbim correram atrás.
O Fernando Henrique dá a impressão de que não governou o Brasil por oito anos. Que foi um Presidente Dutra de oito anos. Por que o Fernando Henrique não entrou no Alemão, com os anfíbios da Marinha? Os cariocas são os mesmos. Não mudaram nesses oito anos. Os que hoje “expulsaram” os traficantes, segundo o FHC, são os mesmos, antes, subjugados pelos traficantes. O que mudou? Os anfíbios. Sem os anfíbios que o Fernando Henrique não mandou, mas que o Lula mandou, sem os anfíbios não se subia o morro. Os caveirões ficavam presos lá embaixo, nas barricadas de concreto e trilho de trem. O Fernando Henrique podia ter mandado os anfíbios e não mandou. Por que? Porque no Governo (?) dele o problema no Alemão e do tráfico era do governo estadual. (Como se sabe, para o Padim Pade Cerra, é da Bolívia.) FHC não metia a mão nessas coisas. Era problema dos governadores. O Inferno eram (e são) os outros.
Ele preferia conversar com o Bill Clinton e receber título de professor Honoris Causae. Lamento muito, como carioca que sou, nascido na Glória e criado na zona norte, lamento mas não foram os cariocas que expulsaram o tráfico. Foram o Lula, o Sergio Cabral Filho, o Beltrame – e os anfíbios da Marinha. O Fernando Henrique tomou o Bonde errado. E subiu na favela errada.
Paulo Henrique Amorim
Diante do que li, deixei um comentário assumidadmente desaforado, sim, no blog Conversa Afiada. Quando vi o comentário a espera da “moderação”, tive um impulso de copiar e guardar aquele trecho publicado que dizia:
Obviamente estou aguardando até hoje que a moderação daquele blog publique o meu comentário, transcrito abaixo.
“Caro ordinário blogueiro, consegui perceber muito bem porque você se auto-intitula “ordinário blogueiro”, seu texto é pobre e literalmente ordinário, nada além disso.
Todos sabem que no Rio há uma divergência quanto ao nome do morro que fica em Botafogo, o Santa ou Dona Marta. Muitos cariocas dizem um nome, outros tantos usam o outro nome, mas isso é totalmente irrelevante. Você só mencionou o fato como mais uma prova do seu texto ordinário.
Outra ponderação, se seu amigo, o policial civil há oito anos na delegacia de entorpecentes e que conhecia o Alemão muito bem, disse que o tráfico dominava o complexo há 3 anos, o problema cai no colo do presidente petista. E mesmo que o tráfico dominasse há 8 anos, tempo do seu amigo policial civil na delegacia de entorpecentes (e que conhecia muito bem o Alemão), ainda assim, matematicamente, o problema cairia no colo do Lula, que “govrenou” o Brasil por 8 anos.
Se eu estivesse no lugar do FHC, entre ler coisas como esse texto e conversar com Bill Clinton, eu escolheria o segundo, sem dúvida. Nada como conversar com quem tem intelecto e não com quem se diz intelectual.
Minhas condolências, Sr. jornalista que deu errado na carreira.
Hoje, meses depois, quando eu já nem me lembrava mais do ocorrido, relendo arquivos antigos, encontrei o texto do meu comentário que aguardava moderação. Resolvi publicá-lo no meu blog como forma singela de mostrar a covardia de algumas pessoas. Escrever é fácil. O papel e os editores eletrônicos de texto aceitam tudo. Difícil é assumir a assinatura que está abaixo do texto. Eu não sou jornalista e nem tenho esta pretensão. No entanto, no meu blog, tudo o que eu escrevo, eu assino embaixo. E mais do que isso, assumo o que escrevi e arco com as consequências da exposição das minhas ideias na internet, uma mídia sem fronteiras.
Observem nesse link como eu respondo aos comentários feitos no meu blog, que não tem moderação quanto à liberdade de expressão. Só não publico um comentário em caso de ofensas diretas a minha pessoa ou palavrões ou expressões que possam desrespeitar os meus leitores, coisa que nunca aconteceu. Talvez porque eu respeite as opiniões alheias. Além de ordinário, o blogueiro, Paulo Henrique Amorim, se acovardou, preconceituosamente, diante de um comentário contrário à sua opinião. No meu entendimento, isso significa não honrar seu próprio nome, pois que é ele (nosso nome) o portador dos nossos valores, do nosso caráter, dos nossos princípios. É lamentável ver que todos os comentários daquele post nada mais são do que "aplausos" para quem precisa de um palco.
“Caro ordinário blogueiro, consegui perceber muito bem porque você se auto-intitula “ordinário blogueiro”, seu texto é pobre e literalmente ordinário, nada além disso.
Todos sabem que no Rio há uma divergência quanto ao nome do morro que fica em Botafogo, o Santa ou Dona Marta. Muitos cariocas dizem um nome, outros tantos usam o outro nome, mas isso é totalmente irrelevante. Você só mencionou o fato como mais uma prova do seu texto ordinário.
Outra ponderação, se seu amigo, o policial civil há oito anos na delegacia de entorpecentes e que conhecia o Alemão muito bem, disse que o tráfico dominava o complexo há 3 anos, o problema cai no colo do presidente petista. E mesmo que o tráfico dominasse há 8 anos, tempo do seu amigo policial civil na delegacia de entorpecentes (e que conhecia muito bem o Alemão), ainda assim, matematicamente, o problema cairia no colo do Lula, que “govrenou” o Brasil por 8 anos.
Se eu estivesse no lugar do FHC, entre ler coisas como esse texto e conversar com Bill Clinton, eu escolheria o segundo, sem dúvida. Nada como conversar com quem tem intelecto e não com quem se diz intelectual.
Minhas condolências, Sr. jornalista que deu errado na carreira.
Hoje, meses depois, quando eu já nem me lembrava mais do ocorrido, relendo arquivos antigos, encontrei o texto do meu comentário que aguardava moderação. Resolvi publicá-lo no meu blog como forma singela de mostrar a covardia de algumas pessoas. Escrever é fácil. O papel e os editores eletrônicos de texto aceitam tudo. Difícil é assumir a assinatura que está abaixo do texto. Eu não sou jornalista e nem tenho esta pretensão. No entanto, no meu blog, tudo o que eu escrevo, eu assino embaixo. E mais do que isso, assumo o que escrevi e arco com as consequências da exposição das minhas ideias na internet, uma mídia sem fronteiras.
Observem nesse link como eu respondo aos comentários feitos no meu blog, que não tem moderação quanto à liberdade de expressão. Só não publico um comentário em caso de ofensas diretas a minha pessoa ou palavrões ou expressões que possam desrespeitar os meus leitores, coisa que nunca aconteceu. Talvez porque eu respeite as opiniões alheias. Além de ordinário, o blogueiro, Paulo Henrique Amorim, se acovardou, preconceituosamente, diante de um comentário contrário à sua opinião. No meu entendimento, isso significa não honrar seu próprio nome, pois que é ele (nosso nome) o portador dos nossos valores, do nosso caráter, dos nossos princípios. É lamentável ver que todos os comentários daquele post nada mais são do que "aplausos" para quem precisa de um palco.
sábado, 19 de março de 2011
Até onde pode ir o Crescimento Urbano?
Hoje, depois de passados os dias de tragédia das chuvas de verão na região serrana fluminense, da qual eu já falei aqui, vou publicar o texto de uma mulher inteligente, culta, lúcida nas suas considerações, grande conhecedora de geografia e história, e que escreveu este texto em 19 de janeiro de 2011. Vale a pena ler.
A propósito dos desastres acontecidos recentemente na bela região serrana do nosso Estado do Rio de Janeiro, tomei a iniciativa de abrir esse espaço para colocarmos nossas opiniões e, por que não, nossa indignação com os recentes e com os antigos acontecimentos dessa ordem, acontecimentos que já assistimos em outras épocas, muitos aqui mesmo, na cidade do Rio de Janeiro. Intitulei o tópico com uma pergunta justamente porque, não sendo técnica no assunto, não saberia dizer até que ponto pode ir o crescimento de uma cidade sem que isso cause danos de toda ordem a seus moradores. Por outro lado, como moradora de uma das maiores cidades do mundo (27ª cidade do mundo em população, com 6 323 037 hab., e com uma Densidade Demográfica de 5 234 hab/km2, só na capital, de acordo com os dados de 2010), sinto na pele os problemas de uma urbanização desenfreada e permissiva por parte de quem deveria monitorar esse processo, constantemente.
Aqui no Rio, o crescimento desordenado já se arrasta há muitas e muitas décadas. O fato de sediar a capital da Colônia, depois do Império e, depois ainda, da República, até 1960, deu uma "vocação" de metrópole à nossa cidade com tudo de bom e de ruim que isso possa significar. Salvo alguns curtos períodos o poder público sempre fez vista grossa à expansão desordenada da cidade e isso trouxe uma série de problemas que foram se acumulando ao longo dos anos, apenas com soluções paliativas. Transporte e moradia, dois dos inúmeros problemas dessa cidade e que estão intimamente ligados, em geral, tiveram tratamento superficial, que foram se agravando ao longo do tempo, gerando ocupações ilegais, quase sempre em áreas perigosas por ocasião das famosas "chuvas de verão".
"Famosas" Chuvas de Verão
Se são, há muito, "famosas", é porque são conhecidas, são esperadas as suas ocorrências em diferentes pontos da região. Já ocorreram aqui, na cidade do Rio de Janeiro, causando muitos estragos e perdas de vida. Dessa vez, ocorreram na região serrana fluminense. Se me permitem, vou transcrever agora o meu texto, colocado em outro fórum, falando sobre o assunto e a ligação desse fenômeno com o aquecimento global.
"Não descreio do ‘aquecimento global’ e dos problemas e tragédias que podem acontecer devido a essas mudanças em todo o planeta, causadas, em última análise, pelo homem. Por outro lado, as regiões tropicais (e vou me ater apenas a elas, pois é o nosso caso) SEMPRE, ao longo - no mínimo - dos últimos séculos, tiveram episódios de chuvas intensas, de enchentes, de deslizamentos de morros pois, na realidade tropical, a camada superficial do solo é rala, frágil e protegida apenas pela floresta; a mata existe por causa da chuva (tanto que o nome pelo qual a foresta tropical atlântica também é conhecida é "floresta PLUVIAL Atlântica”) e não por causa do solo, que, em geral, é pobre. Chuvas torrenciais e que perduram por várias horas não são incomuns nessas áreas da encosta da Serra do Mar e já aconteceram muitas vezes. Eu me lembro da enchente de 1966 que atingiu a cidade do Rio de Janeiro, mas também as áreas da serra. Na ocasião, houve um deslizamento próximo à Represa de Ribeirão das Lajes, da Light, e pegou parte da estrada Rio-São Paulo atingindo carros e matando pessoas. E este é só um exemplo de que me lembrei agora.
Pode-se argumentar sobre esse episódio atual, no qual o volume de água e a violência com que ela desceu, arrastando tudo como um tsunami, que é um fato único, nunca visto. Eu não creio nisso. Pode ser que nunca antes tenha sido registrado, mas que nunca tenha acontecido, não creio. Concordo que seja um fato raro, mas não o atribuo ao “aquecimento global." É possível, sim, que a violência com que as águas desceram por aqueles vales estreitos tenha sido aumentada pela ocupação desordenada das margens desses vales, onde houve ocupação irregular, tanto das encostas como das margens dos rios, estes assoreados pelos resíduos ali acumulados. Então, embora eu não acredite que essa ação natural (chuva intensa, formação das cabeças d'água, deslizamento de terras dos morros) tenha ligação direta com o aquecimento global, sendo antes um acontecimento atmosférico e geológico comum de áreas tropicais elevadas e escarpadas, essa ação natural foi transformada numa tragédia pelo número de seres humanos mortos, feridos e desabrigados (coisa que antigamente não existiria ou seria de pequeno porte) e, principalmente, foi uma tragédia pela má atuação do homem perante a natureza da região (e aí, a semelhança com o chamado ‘aquecimento global’), atuação, que ao longo dos últimos anos foi totalmente errônea, não respeitando os limites de segurança e bom senso para a ocupação de uma área tão ‘frágil’.”
Voltando agora às reflexões atuais
Pensando bem, o aquecimento global pode sim, estar diminuindo o intervalo entre esses episódios de grandes chuvas devido ao aqueciemnto das águas dos oceanos, intensificando a evaporação, o acúmulo de nuvens e as chuvas. Na nossa região tropical, úmida desde sempre, esses episódios podem se acentuar. Mas eles já existiam e sempre aconteceram, especialmente em áreas de encostas voltadas para o oceano, como é o caso da região serrana do Rio de Janeiro.
É possível evitar que essas tragédias aconteçam? A chuva, não é possível, mas a tragédia, sim! Mas para isso, medidas "impopulares" teriam de ser tomadas. Afastar as pessoas de áreas de encosta, fornecer moradia adequada e barata em locais mais seguros, fornecer transporte de qualidade para que elas possam se deslocar com rapidez para seus locais de trabalho, incentivar empresas a transferir, não só as fábricas, mas escritórios para locais fora do "centro", facilitando o acesso ao trabalho. Isso, é claro, em cidades grandes como o Rio.
Faço uma analogia com o exemplo de Paris. Em que pese alguns problemas que sempre acontecem em grandes cidades, muitas empresas retiraram suas sedes do centro daquela capital, deixando-a "livre" para o turismo, sua principal vocação hoje em dia, respeitando sua arquitetura e seu traçado e mudaram-se para regiões próximas, como La Defense, onde os "arranha-céus" puderam expandir-se mais livremente, instalando aí muitas empresas que não teriam espaço na área central de Paris. É claro que nem se precisa tocar na questão do transporte que está a anos-luz na nossa frente. Por que não se pode fazer o mesmo aqui?
Talvez, a transferência empresarial esteja, sim, sendo feita aproveitando os grandes espaços da Barra da Tijuca. Mas e a moradia dos trabalhadores? E o transporte? Será que essas novas vias (as "Trans") resolverão os problemas com os BRTs? Tenho minhas dúvidas... Por que estão proliferando favelas na região da Barra? Atribuo grande parte do motivo justamente à questão "transporte/trabalho/moradia". É esse um dos problemas mais sérios dessa cidade e que precisa ser atacado com vigor.
E quanto à região serrana, o ritmo de favelização de toda aquela área é impressionante. E não sou eu quem diz isso. Técnicos, antigos moradores e até "autoridades" reconhecem o processo. E sempre as novas casas, construídas, em geral, precariamente, encontram-se próximas, perigosamente próximas, aos rios ou então são levantadas nas encostas íngremes tendo, para isso, que se derrubar várias - ou muitas - árvores que são a única e frágil proteção daquele solo raso. Não bastando esse tipo de ocupação, das pessoas desavisadas, acrescenta-se a ocupação, irresponsável muitas vezes, de "empreendedores imobiliários" que subornam para poder abrir um condomínio numa área antes florestal, muitas vezes Reserva de Mata, atraindo compradores de maior poder aquisitivo.
Não resta dúvida de que deve ser maravilhoso poder viver, ou passar os finais de semana, em local tão aprazível, longe do burburinho da grande cidade, em meio ao verde e ao canto dos pássaros. Eu amo! Mas será que esse empreendimento é legal? A casa tem estrutura adequada? Como estarão as encostas no entorno? E mais outras tantas perguntas, que eu, como leiga total, não seria capaz de me lembrar em fazer agora.
Quando criança, ia todos os anos para a Colônia do SESC, em Bonclima (logo depois de Nogueira). Íamos de ônibus pela Estrada União e Indústria e me lembro muito bem do caminho percorrido ao longo do Rio Piabanha. Criança que eu era e com uma vivência restrita no subúrbio do Rio, me encantava ao ver aquelas encostas cheias de floresta a perder de vista. As casas eram poucas ao longo do caminho, a não ser nas imediações de Correias e Nogueira. Há cerca de uns 3 ou 4 anos, passei de novo por aquela região. Que diferença! Muito menos verde e casas de todos os tamanhos e aparências, subiam desde a margem do rio até quase o topo. Impressionante o nível de ocupação a que chegou aquela área. Isso apenas para dar um exemplo da ocupação desenfreada à qual os governates fizeram vista grossa.
Como disse o Zuenir Ventura em sua crônica de hoje (19/01/2011), no Globo, "o Brasil é um país estranho: solidário nas desgraças, não consegue tirar lições para evitar que elas voltem a acontecer." Ainda o Zuenir cita hoje uma tramitação no Congresso de um projeto "que é uma espécie de ‘liberou geral’ para as transgressões ambientais. Trata-se do novo Código Florestal, que na prática vai ser ainda mais permissivo em relação às construções no topo dos morros, nas encostas e nas margens dos rios, ou seja, nas áreas de risco, que provocam tantos deslizamentos e mortes. A proposta, aprovada por uma comissão especial, deve ser votada na Câmara em março."
Observem este link http://aleosp2008.wordpress.com/2008/11/29/rio-de-janeiro-as-grandes-enchentes-desde-1711/ que, como o nome já diz, mostra um registro das enchentes na cidade do Rio e em parte do estado do Rio de Janeiro.
Vejam que desde o século XVIII já havia registro desses desastres (sem contar o que aconteceu antes). Em 1756, três dias de chuvas fortes provocaram inundações e desabamentos com muitas vítimas. Em 1811, parte do Morro do Castelo desmoronou e provocou novamente destruição e muitas mortes. O recorte de jornal de 1883 registra em abril, um volume pluviométrico de 223 mm, tal como o que aconteceu agora na região serrana que, segundo os técnicos, deve ter sido dessa monta.
Ontem, estava assistindo um programa de entrevistas no qual uma geógrafa citou o exemplo em que, na década de 60 do século XX (não me lembro se em 66 ou 67), na região de Caraguatatuba, litoral paulista, o volume de chuvas atingiu a marca de 400mm!
Essas citações mostram que o aquecimento global não está tão diretamente ligado a esses episódios. Isso pode acontecer numa área tropical como a nossa, normalmente sujeita a esses fenômenos. O que não é normal, nem admissível, é que o poder público, que está "careca" de saber disso tudo, nunca tenha tomado efetivas providências para impedir, ou pelo menos minimizar, os efeitos danosos sofridos pela população, sem contar os prejuízos para a economia como um todo.
A propósito dos desastres acontecidos recentemente na bela região serrana do nosso Estado do Rio de Janeiro, tomei a iniciativa de abrir esse espaço para colocarmos nossas opiniões e, por que não, nossa indignação com os recentes e com os antigos acontecimentos dessa ordem, acontecimentos que já assistimos em outras épocas, muitos aqui mesmo, na cidade do Rio de Janeiro. Intitulei o tópico com uma pergunta justamente porque, não sendo técnica no assunto, não saberia dizer até que ponto pode ir o crescimento de uma cidade sem que isso cause danos de toda ordem a seus moradores. Por outro lado, como moradora de uma das maiores cidades do mundo (27ª cidade do mundo em população, com 6 323 037 hab., e com uma Densidade Demográfica de 5 234 hab/km2, só na capital, de acordo com os dados de 2010), sinto na pele os problemas de uma urbanização desenfreada e permissiva por parte de quem deveria monitorar esse processo, constantemente.
Imagem aérea mostra deslizamento em morro de Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro |
Aqui no Rio, o crescimento desordenado já se arrasta há muitas e muitas décadas. O fato de sediar a capital da Colônia, depois do Império e, depois ainda, da República, até 1960, deu uma "vocação" de metrópole à nossa cidade com tudo de bom e de ruim que isso possa significar. Salvo alguns curtos períodos o poder público sempre fez vista grossa à expansão desordenada da cidade e isso trouxe uma série de problemas que foram se acumulando ao longo dos anos, apenas com soluções paliativas. Transporte e moradia, dois dos inúmeros problemas dessa cidade e que estão intimamente ligados, em geral, tiveram tratamento superficial, que foram se agravando ao longo do tempo, gerando ocupações ilegais, quase sempre em áreas perigosas por ocasião das famosas "chuvas de verão".
Enchente em São Cristóvão em 1910 |
"Famosas" Chuvas de Verão
Se são, há muito, "famosas", é porque são conhecidas, são esperadas as suas ocorrências em diferentes pontos da região. Já ocorreram aqui, na cidade do Rio de Janeiro, causando muitos estragos e perdas de vida. Dessa vez, ocorreram na região serrana fluminense. Se me permitem, vou transcrever agora o meu texto, colocado em outro fórum, falando sobre o assunto e a ligação desse fenômeno com o aquecimento global.
"Não descreio do ‘aquecimento global’ e dos problemas e tragédias que podem acontecer devido a essas mudanças em todo o planeta, causadas, em última análise, pelo homem. Por outro lado, as regiões tropicais (e vou me ater apenas a elas, pois é o nosso caso) SEMPRE, ao longo - no mínimo - dos últimos séculos, tiveram episódios de chuvas intensas, de enchentes, de deslizamentos de morros pois, na realidade tropical, a camada superficial do solo é rala, frágil e protegida apenas pela floresta; a mata existe por causa da chuva (tanto que o nome pelo qual a foresta tropical atlântica também é conhecida é "floresta PLUVIAL Atlântica”) e não por causa do solo, que, em geral, é pobre. Chuvas torrenciais e que perduram por várias horas não são incomuns nessas áreas da encosta da Serra do Mar e já aconteceram muitas vezes. Eu me lembro da enchente de 1966 que atingiu a cidade do Rio de Janeiro, mas também as áreas da serra. Na ocasião, houve um deslizamento próximo à Represa de Ribeirão das Lajes, da Light, e pegou parte da estrada Rio-São Paulo atingindo carros e matando pessoas. E este é só um exemplo de que me lembrei agora.
Pode-se argumentar sobre esse episódio atual, no qual o volume de água e a violência com que ela desceu, arrastando tudo como um tsunami, que é um fato único, nunca visto. Eu não creio nisso. Pode ser que nunca antes tenha sido registrado, mas que nunca tenha acontecido, não creio. Concordo que seja um fato raro, mas não o atribuo ao “aquecimento global." É possível, sim, que a violência com que as águas desceram por aqueles vales estreitos tenha sido aumentada pela ocupação desordenada das margens desses vales, onde houve ocupação irregular, tanto das encostas como das margens dos rios, estes assoreados pelos resíduos ali acumulados. Então, embora eu não acredite que essa ação natural (chuva intensa, formação das cabeças d'água, deslizamento de terras dos morros) tenha ligação direta com o aquecimento global, sendo antes um acontecimento atmosférico e geológico comum de áreas tropicais elevadas e escarpadas, essa ação natural foi transformada numa tragédia pelo número de seres humanos mortos, feridos e desabrigados (coisa que antigamente não existiria ou seria de pequeno porte) e, principalmente, foi uma tragédia pela má atuação do homem perante a natureza da região (e aí, a semelhança com o chamado ‘aquecimento global’), atuação, que ao longo dos últimos anos foi totalmente errônea, não respeitando os limites de segurança e bom senso para a ocupação de uma área tão ‘frágil’.”
Voltando agora às reflexões atuais
Pensando bem, o aquecimento global pode sim, estar diminuindo o intervalo entre esses episódios de grandes chuvas devido ao aqueciemnto das águas dos oceanos, intensificando a evaporação, o acúmulo de nuvens e as chuvas. Na nossa região tropical, úmida desde sempre, esses episódios podem se acentuar. Mas eles já existiam e sempre aconteceram, especialmente em áreas de encostas voltadas para o oceano, como é o caso da região serrana do Rio de Janeiro.
É possível evitar que essas tragédias aconteçam? A chuva, não é possível, mas a tragédia, sim! Mas para isso, medidas "impopulares" teriam de ser tomadas. Afastar as pessoas de áreas de encosta, fornecer moradia adequada e barata em locais mais seguros, fornecer transporte de qualidade para que elas possam se deslocar com rapidez para seus locais de trabalho, incentivar empresas a transferir, não só as fábricas, mas escritórios para locais fora do "centro", facilitando o acesso ao trabalho. Isso, é claro, em cidades grandes como o Rio.
VLT em Paris, França |
Faço uma analogia com o exemplo de Paris. Em que pese alguns problemas que sempre acontecem em grandes cidades, muitas empresas retiraram suas sedes do centro daquela capital, deixando-a "livre" para o turismo, sua principal vocação hoje em dia, respeitando sua arquitetura e seu traçado e mudaram-se para regiões próximas, como La Defense, onde os "arranha-céus" puderam expandir-se mais livremente, instalando aí muitas empresas que não teriam espaço na área central de Paris. É claro que nem se precisa tocar na questão do transporte que está a anos-luz na nossa frente. Por que não se pode fazer o mesmo aqui?
Talvez, a transferência empresarial esteja, sim, sendo feita aproveitando os grandes espaços da Barra da Tijuca. Mas e a moradia dos trabalhadores? E o transporte? Será que essas novas vias (as "Trans") resolverão os problemas com os BRTs? Tenho minhas dúvidas... Por que estão proliferando favelas na região da Barra? Atribuo grande parte do motivo justamente à questão "transporte/trabalho/moradia". É esse um dos problemas mais sérios dessa cidade e que precisa ser atacado com vigor.
EuroTram em Milão na Itália |
E quanto à região serrana, o ritmo de favelização de toda aquela área é impressionante. E não sou eu quem diz isso. Técnicos, antigos moradores e até "autoridades" reconhecem o processo. E sempre as novas casas, construídas, em geral, precariamente, encontram-se próximas, perigosamente próximas, aos rios ou então são levantadas nas encostas íngremes tendo, para isso, que se derrubar várias - ou muitas - árvores que são a única e frágil proteção daquele solo raso. Não bastando esse tipo de ocupação, das pessoas desavisadas, acrescenta-se a ocupação, irresponsável muitas vezes, de "empreendedores imobiliários" que subornam para poder abrir um condomínio numa área antes florestal, muitas vezes Reserva de Mata, atraindo compradores de maior poder aquisitivo.
Não resta dúvida de que deve ser maravilhoso poder viver, ou passar os finais de semana, em local tão aprazível, longe do burburinho da grande cidade, em meio ao verde e ao canto dos pássaros. Eu amo! Mas será que esse empreendimento é legal? A casa tem estrutura adequada? Como estarão as encostas no entorno? E mais outras tantas perguntas, que eu, como leiga total, não seria capaz de me lembrar em fazer agora.
Quando criança, ia todos os anos para a Colônia do SESC, em Bonclima (logo depois de Nogueira). Íamos de ônibus pela Estrada União e Indústria e me lembro muito bem do caminho percorrido ao longo do Rio Piabanha. Criança que eu era e com uma vivência restrita no subúrbio do Rio, me encantava ao ver aquelas encostas cheias de floresta a perder de vista. As casas eram poucas ao longo do caminho, a não ser nas imediações de Correias e Nogueira. Há cerca de uns 3 ou 4 anos, passei de novo por aquela região. Que diferença! Muito menos verde e casas de todos os tamanhos e aparências, subiam desde a margem do rio até quase o topo. Impressionante o nível de ocupação a que chegou aquela área. Isso apenas para dar um exemplo da ocupação desenfreada à qual os governates fizeram vista grossa.
Como disse o Zuenir Ventura em sua crônica de hoje (19/01/2011), no Globo, "o Brasil é um país estranho: solidário nas desgraças, não consegue tirar lições para evitar que elas voltem a acontecer." Ainda o Zuenir cita hoje uma tramitação no Congresso de um projeto "que é uma espécie de ‘liberou geral’ para as transgressões ambientais. Trata-se do novo Código Florestal, que na prática vai ser ainda mais permissivo em relação às construções no topo dos morros, nas encostas e nas margens dos rios, ou seja, nas áreas de risco, que provocam tantos deslizamentos e mortes. A proposta, aprovada por uma comissão especial, deve ser votada na Câmara em março."
Observem este link http://aleosp2008.wordpress.com/2008/11/29/rio-de-janeiro-as-grandes-enchentes-desde-1711/ que, como o nome já diz, mostra um registro das enchentes na cidade do Rio e em parte do estado do Rio de Janeiro.
Vejam que desde o século XVIII já havia registro desses desastres (sem contar o que aconteceu antes). Em 1756, três dias de chuvas fortes provocaram inundações e desabamentos com muitas vítimas. Em 1811, parte do Morro do Castelo desmoronou e provocou novamente destruição e muitas mortes. O recorte de jornal de 1883 registra em abril, um volume pluviométrico de 223 mm, tal como o que aconteceu agora na região serrana que, segundo os técnicos, deve ter sido dessa monta.
Ontem, estava assistindo um programa de entrevistas no qual uma geógrafa citou o exemplo em que, na década de 60 do século XX (não me lembro se em 66 ou 67), na região de Caraguatatuba, litoral paulista, o volume de chuvas atingiu a marca de 400mm!
Essas citações mostram que o aquecimento global não está tão diretamente ligado a esses episódios. Isso pode acontecer numa área tropical como a nossa, normalmente sujeita a esses fenômenos. O que não é normal, nem admissível, é que o poder público, que está "careca" de saber disso tudo, nunca tenha tomado efetivas providências para impedir, ou pelo menos minimizar, os efeitos danosos sofridos pela população, sem contar os prejuízos para a economia como um todo.
Marilda Teixeira é Professora aposentada do Estado do RJ de Geografia e História. Longe dos currículos com quantidade de títulos, o seu é pleno em qualidade.
quinta-feira, 17 de março de 2011
Itália Celebra 150 Anos de Unificação
Hoje é dia 17 de março. Nesta data e neste ano de 2011, a Itália celebra seus 150 anos de unificação da península. Senta, que lá vem a história...
A emergência do nacionalismo e um crescente poderio econômico e político provocaram rivalidades e conflitos na europa Napoleônica. As atividades expansionistas russas nos Balcãs levaram em 1854 à Guerra da Crimeia, entre a aliança franco-britânico-turca e a Rússia. Em 1870, Bismarck, primeiro-ministro da Prússia, instigou os franceses a entrarem na guerra; a derrota francesa causou o colapso do Segundo Império, proporcionando o impulso final para a criação das novas nações germânica e italiana.
Breve cronologia da unificação da Itália: 1848 – 1871
1848 – República Romana, de curta duração, estabelecida por Garibaldi e Mazzini.
1859 – Os franceses e os piemonteses derrotaram os austríacos nas batalhas de Magenta e Solferino.
1860 – A França apoderou-se de Nice e Sabóia em troca da Lombardia.
1860 – Garibaldi conquistou a Sicília e Nápoles.
1861 – Victor Emmanuel tornou-se Rei da Itália.
1866 – A Áustria foi forçada a ceder o Veneto.
1870 – O exército italiano apoderou-se de Roma e dos restantes estados papais.
1871 – Roma tornou-se capital da Itália unificada.
A história
A configuração político-territorial da Itália, no início de século XIX, sofreu grande intervenção por parte das medidas firmadas pelo Congresso de Viena (1814-1815). Com os acordos consolidados, a atual região da Itália ficou dividida em estados independentes, sendo que alguns deles eram controlados pela Áustria. Em 1831, Giuseppe Mazzini liderou outro movimento republicano representado pela criação da Jovem Itália. Mesmo não obtendo sucesso, o nacionalismo italiano ainda teve forças para avivar suas tendências políticas. No ano de 1847, uma série de manifestações anti-monárquicas tomaram conta da região norte, nos reinos de Piemonte e da Sardenha, e ao sul no Reino das Duas Sicílias. No Reino da Lombardia consolidou-se um dos maiores avanços republicanos quando o rei foi obrigado a instituir um Poder Legislativo eleito pelos cidadãos.
A Itália foi dividida em pequenos estados, conforme o Tratado de Viena. Alguns deles eram:
• Reino Sardo-Piemontês: governado por uma dinastia italiana. Era autônomo e soberano;
• Reino Lombardo-Veneziano: governado pela Áustria;
• Ducados de Parma, Módena e Toscana: governados por duques subservientes à Áustria;
• Estados Pontifícios: governados pelo papa;
• Reino das Duas Sicílias: governado pela dinastia de Bourbon, da qual viera Dona Tereza Cristina, para casar-se com Dom Pedro II, tornando-se a Imperatriz do Brasil.
A primeira luta do movimento para unificação da Itália só aconteceu depois da decisão do Congresso de Viena. As primeiras tentativas de libertação do território italiano foi uma organização revolucionária chamada de ‘Jovem Itália’ liderada por Giuseppe Mazzini, um republicano que defendia a independência e a transformação da Itália numa república democrática.
Em 1848, os seguidores de Mazzini promoveram outra manifestação contra a dominação austríaca em territórios italianos, mas foram vencidos pelo poderoso exército austríaco. Mesmo com a agitação dessas revoltas, a presença austríaca e o poder monárquico conseguiram resistir à crescente tendência republicana. Só quando a burguesia industrial do norte da Itália, politicamente patrocinada pelo primeiro-ministro piemontês Camilo Benso di Cavour, se interessou pelo processo de unificação, foi que ele começou a tomar corpo e ter maior sustentação. Angariando o apoio militar e político dos Estados vizinhos e do rei francês Napoleão III, em 1859, a guerra contra a Áustria teve seu início.
Temendo a deflagração de movimentos de tendência socialista e republicana, o governo Francês retirou o seu apoio ao movimento de unificação. Ainda assim, Camilo di Cavour conseguiu unificar uma considerável porção dos reinos do norte. Nesse mesmo período, ao sul, Giuseppe Garibaldi liderou os “camisas vermelhas” contra as monarquias sulistas. Garibaldi atacou o Reino das Duas Sicílias e criou condições para sua libertação do domínio estrangeiro, a Áustria. Para não enfraquecer o movimento de unificação, Garibaldi decidiu abandonar o movimento por não concordar com as ideias defendidas pelos representantes do norte, Victor Emannuel II e Camilo Benso di Cavour. Dessa maneira, os monarquistas do norte controlaram a unificação. No dia 17 de março de 1861, Vitor Emanuel II, rei do Piemonte e da Sardenha, reuniu-se em Turim com representantes de outros Estados da península Itálica e encerrou um longo processo de lutas e guerras nacionalistas pela independência e unificação da Itália.
Apesar de representar uma luta histórica ao longo do século XIX, a unificação italiana não conseguiu prontamente criar uma identidade cultural entre o povo italiano. Além das diferenças de cunho histórico, linguístico e cultural, a diferença do desenvolvimento econômico observado entre as regiões norte e sul foi outro entrave na criação da Itália.
Após uma série de conflitos, em 1866, a Áustria foi forçada a entregar o Veneto e, em 1870, a cidade de Roma foi finalmente anexada ao novo governo. Em 1871, Roma passou a ser a capital do Reino da Itália. O Papa Pio IX, não aceitou a perda dos domínios territoriais da Igreja e rompeu relações com o governo italiano, considerou-se prisioneiro e fechou-se no Vaticano. Assim nasceu a Questão Romana que só foi resolvida em 1929 quando foi assinado o Tratado de Latrão. Por esse acordo, foi criado o Estado do Vaticano dirigido pela Igreja Católica.
O Tratado de Latrão
Latrão designa um local, situado no centro da cidade de Roma e todo um magistral complexo arquitetônico, como o Palácio Laterano, o Obelisco Laterano, o Batisterium e a Basílica de São João de Latrão. A Santa Sé tem soberania sobre o local, apesar de situado fora dos muros do Estado da Cidade do Vaticano, em decorrência do Tratado e da Concordata de Latrão de 11 de fevereiro de 1929, assinado com o Reino da Itália, com o aditamento de 18 de fevereiro de 1984, com a já República da Itália, nascida em 2 de junho de 1946.
Eventos Comemorativos da Unificação
Uma série de eventos em Turim, que no século XIX foi capital do Reino da Itália, antes da nomeação de Roma, incluirá exposições temáticas, congressos e espetáculos para proporcionar uma experiência nova do passado, do presente e do futuro do país.
A mostra “La bella Italia”, de 17 de março a 11 de setembro, com 300 obras de arte que retratam como os italianos se auto-representavam desde a Idade Média até a unificação, em 1861, está estruturada em nove partes, cada uma dedicada a uma das cidades capitais do país: Turim, Roma, Florença, Gênova, Palermo, Nápoles, Bolonha, Milão e Veneza, que são representadas por obras de Giotto, Donatello, Botticelli, Michelangelo, Rafael, Tiziano, entre outros.
De 10 de julho a 11 de dezembro, a sala de arte da Venaria Reale, nas cercanias de Turim, recebe a mostra dedicada a 150 anos de moda, em que serão exibidos variados figurinos italianos, do vestuário dos nobres do século XIX às criações de estilistas contemporâneos. E, em outubro, começa a mostra dedicada a Leonardo da Vinci, “Leonardo: do gênio ao mito”.
O Teatro Regio de Turim vai sediar uma temporada dedicada a Giuseppi Verdi, o “bardo do Risorgimento”. O programa será inaugurado em 18 de março com “As vésperas sicilianas” e segue com Nabucco, Rigoletto e La Traviata.
Para homenagear uma das figuras chaves do processo de unificação, será construído na ilha de Caprera, ao norte da Sardenha, o Museu Nacional Giuseppe Garibaldi. Ficará sediado no Forte Arbuticci, que fica perto de onde Garibaldi morava e está sendo restaurado para acolher o museu, com inauguração prevista para outubro.
Auguri a tutti gli italiani !
A emergência do nacionalismo e um crescente poderio econômico e político provocaram rivalidades e conflitos na europa Napoleônica. As atividades expansionistas russas nos Balcãs levaram em 1854 à Guerra da Crimeia, entre a aliança franco-britânico-turca e a Rússia. Em 1870, Bismarck, primeiro-ministro da Prússia, instigou os franceses a entrarem na guerra; a derrota francesa causou o colapso do Segundo Império, proporcionando o impulso final para a criação das novas nações germânica e italiana.
Breve cronologia da unificação da Itália: 1848 – 1871
1848 – República Romana, de curta duração, estabelecida por Garibaldi e Mazzini.
1859 – Os franceses e os piemonteses derrotaram os austríacos nas batalhas de Magenta e Solferino.
1860 – A França apoderou-se de Nice e Sabóia em troca da Lombardia.
1860 – Garibaldi conquistou a Sicília e Nápoles.
1861 – Victor Emmanuel tornou-se Rei da Itália.
1866 – A Áustria foi forçada a ceder o Veneto.
1870 – O exército italiano apoderou-se de Roma e dos restantes estados papais.
1871 – Roma tornou-se capital da Itália unificada.
A história
A configuração político-territorial da Itália, no início de século XIX, sofreu grande intervenção por parte das medidas firmadas pelo Congresso de Viena (1814-1815). Com os acordos consolidados, a atual região da Itália ficou dividida em estados independentes, sendo que alguns deles eram controlados pela Áustria. Em 1831, Giuseppe Mazzini liderou outro movimento republicano representado pela criação da Jovem Itália. Mesmo não obtendo sucesso, o nacionalismo italiano ainda teve forças para avivar suas tendências políticas. No ano de 1847, uma série de manifestações anti-monárquicas tomaram conta da região norte, nos reinos de Piemonte e da Sardenha, e ao sul no Reino das Duas Sicílias. No Reino da Lombardia consolidou-se um dos maiores avanços republicanos quando o rei foi obrigado a instituir um Poder Legislativo eleito pelos cidadãos.
A Itália foi dividida em pequenos estados, conforme o Tratado de Viena. Alguns deles eram:
• Reino Sardo-Piemontês: governado por uma dinastia italiana. Era autônomo e soberano;
• Reino Lombardo-Veneziano: governado pela Áustria;
• Ducados de Parma, Módena e Toscana: governados por duques subservientes à Áustria;
• Estados Pontifícios: governados pelo papa;
• Reino das Duas Sicílias: governado pela dinastia de Bourbon, da qual viera Dona Tereza Cristina, para casar-se com Dom Pedro II, tornando-se a Imperatriz do Brasil.
A primeira luta do movimento para unificação da Itália só aconteceu depois da decisão do Congresso de Viena. As primeiras tentativas de libertação do território italiano foi uma organização revolucionária chamada de ‘Jovem Itália’ liderada por Giuseppe Mazzini, um republicano que defendia a independência e a transformação da Itália numa república democrática.
Em 1848, os seguidores de Mazzini promoveram outra manifestação contra a dominação austríaca em territórios italianos, mas foram vencidos pelo poderoso exército austríaco. Mesmo com a agitação dessas revoltas, a presença austríaca e o poder monárquico conseguiram resistir à crescente tendência republicana. Só quando a burguesia industrial do norte da Itália, politicamente patrocinada pelo primeiro-ministro piemontês Camilo Benso di Cavour, se interessou pelo processo de unificação, foi que ele começou a tomar corpo e ter maior sustentação. Angariando o apoio militar e político dos Estados vizinhos e do rei francês Napoleão III, em 1859, a guerra contra a Áustria teve seu início.
Camilo Cavour e Giuseppe Garibaldi |
Temendo a deflagração de movimentos de tendência socialista e republicana, o governo Francês retirou o seu apoio ao movimento de unificação. Ainda assim, Camilo di Cavour conseguiu unificar uma considerável porção dos reinos do norte. Nesse mesmo período, ao sul, Giuseppe Garibaldi liderou os “camisas vermelhas” contra as monarquias sulistas. Garibaldi atacou o Reino das Duas Sicílias e criou condições para sua libertação do domínio estrangeiro, a Áustria. Para não enfraquecer o movimento de unificação, Garibaldi decidiu abandonar o movimento por não concordar com as ideias defendidas pelos representantes do norte, Victor Emannuel II e Camilo Benso di Cavour. Dessa maneira, os monarquistas do norte controlaram a unificação. No dia 17 de março de 1861, Vitor Emanuel II, rei do Piemonte e da Sardenha, reuniu-se em Turim com representantes de outros Estados da península Itálica e encerrou um longo processo de lutas e guerras nacionalistas pela independência e unificação da Itália.
Victor Emannuel II, Primeiro Rei de Itália |
Após uma série de conflitos, em 1866, a Áustria foi forçada a entregar o Veneto e, em 1870, a cidade de Roma foi finalmente anexada ao novo governo. Em 1871, Roma passou a ser a capital do Reino da Itália. O Papa Pio IX, não aceitou a perda dos domínios territoriais da Igreja e rompeu relações com o governo italiano, considerou-se prisioneiro e fechou-se no Vaticano. Assim nasceu a Questão Romana que só foi resolvida em 1929 quando foi assinado o Tratado de Latrão. Por esse acordo, foi criado o Estado do Vaticano dirigido pela Igreja Católica.
O Tratado de Latrão
Latrão designa um local, situado no centro da cidade de Roma e todo um magistral complexo arquitetônico, como o Palácio Laterano, o Obelisco Laterano, o Batisterium e a Basílica de São João de Latrão. A Santa Sé tem soberania sobre o local, apesar de situado fora dos muros do Estado da Cidade do Vaticano, em decorrência do Tratado e da Concordata de Latrão de 11 de fevereiro de 1929, assinado com o Reino da Itália, com o aditamento de 18 de fevereiro de 1984, com a já República da Itália, nascida em 2 de junho de 1946.
Eventos Comemorativos da Unificação
Uma série de eventos em Turim, que no século XIX foi capital do Reino da Itália, antes da nomeação de Roma, incluirá exposições temáticas, congressos e espetáculos para proporcionar uma experiência nova do passado, do presente e do futuro do país.
A mostra “La bella Italia”, de 17 de março a 11 de setembro, com 300 obras de arte que retratam como os italianos se auto-representavam desde a Idade Média até a unificação, em 1861, está estruturada em nove partes, cada uma dedicada a uma das cidades capitais do país: Turim, Roma, Florença, Gênova, Palermo, Nápoles, Bolonha, Milão e Veneza, que são representadas por obras de Giotto, Donatello, Botticelli, Michelangelo, Rafael, Tiziano, entre outros.
De 10 de julho a 11 de dezembro, a sala de arte da Venaria Reale, nas cercanias de Turim, recebe a mostra dedicada a 150 anos de moda, em que serão exibidos variados figurinos italianos, do vestuário dos nobres do século XIX às criações de estilistas contemporâneos. E, em outubro, começa a mostra dedicada a Leonardo da Vinci, “Leonardo: do gênio ao mito”.
O Teatro Regio de Turim vai sediar uma temporada dedicada a Giuseppi Verdi, o “bardo do Risorgimento”. O programa será inaugurado em 18 de março com “As vésperas sicilianas” e segue com Nabucco, Rigoletto e La Traviata.
Para homenagear uma das figuras chaves do processo de unificação, será construído na ilha de Caprera, ao norte da Sardenha, o Museu Nacional Giuseppe Garibaldi. Ficará sediado no Forte Arbuticci, que fica perto de onde Garibaldi morava e está sendo restaurado para acolher o museu, com inauguração prevista para outubro.
Auguri a tutti gli italiani !
quarta-feira, 16 de março de 2011
Um Estilo para o Líder
“Eis porque, se se encontra um homem que sobressaia aos outros pelo mérito e pela força das faculdades que sempre o conduzem ao bem, é a esse que é justo obedecer. É preciso possuir não só a virtude, como também o poder de pô-la em ação”.
Aristóteles
Aqueles que me conhecem sabem que penso que um líder nasce, ou não nasce, líder. Essa minha opinião já gerou muita polêmica. O que, para mim, é um exercício salutar. Debater ideias. Ainda outro dia, entrei em mais um desses sites cheios de clichês, como “Gestão e Liderança” e afins. Qual não foi minha surpresa ao ver o link abaixo. Ao clicar nele, eis que encontro o seguinte texto.
Todos querem o cargo do chefe, mas será que todos estão preparados para assumir a chefia e a liderança da empresa? Realmente não são todos que nascem com essa qualidade a comandar grupos de pessoas, o lado bom é que essa habilidade pode ser trabalhada e desenvolvida, possibilitando a qualquer pessoa a se tornar um verdadeiro líder (sic).
É difícil separar o joio do trigo, né?! Vou ao que interessa. Muito já se falou sobre líder e liderança. Mas, o que é estilo? Estilo é a maneira ou caráter particular de exprimir os pensamentos. Líder é o que lidera, o que imprime um estilo, uma maneira particular ou especial de conduzir seus subordinados, ou seja, o que imprime um estilo próprio à sua liderança.
Considerando que:
1. A composição do grupo pode variar, e para cada grupo há uma forma de atuação;
2. As circunstâncias dificilmente são idênticas, e para cada situação há uma atuação condizente;
3. Diferentes líderes, mesmo em idênticas situações, com o mesmo grupo, agiriam de formas diferentes;
cabe a cada líder definir o seu estilo de Liderança. Mas... E como fazer isso? Através dos valores de um líder. Um líder não é uma figura de ficção, nem extraído das histórias em quadrinhos, tampouco dos livros de Jules Vernes. Não é um super-homem ou uma mulher-maravilha. O líder é real, de carne e osso. É apenas um homem ou mulher, mas um homem ou uma mulher dotado(a) de virtudes, valores, cuja presença faz aumentar a nossa estima moral por ele ou ela. A virtude é uma disposição adquirida para fazer o bem. O bem não é para ser contemplado, é para ser feito. As virtudes são os nossos valores morais, vividos em atitudes, em ações. A virtude é uma maneira de ser, explicava Aristóteles, adquirida e duradoura, é o que somos, logo, o que podemos fazer.
Os valores de um líder
Os valores de um líder são os de caráter, os de boa educação ou cortesia, os valores morais, os de julgamento e os de liderança. Esses valores podem ser atribuídos do líder em relação a ele próprio, dele em relação ao seu trabalho, dele em relação à equipe e dele em relação aos seus liderados.
Em relação ao próprio líder, estão os valores de conhecer a si mesmo; buscar o auto-aperfeiçoamento, ter os valores de caráter; de boa educação e cortesia; dar o exemplo; conhecer bem sua profissão; assumir a responsabilidade por suas ações; buscar ou aceitar responsabilidades e desafios; conquistar a confiança dos superiores, colegas e subordinados.
Em relação ao trabalho, estão buscar a excelência; estabelecer objetivos e planos para seu cumprimento; assegurar-se de que as tarefas são compreendidas, supervisionadas e controladas; jamais perder de vista que o mais importante é o seu objetivo dentro de seu trabalho como um todo.
Em relação à equipe, estão promover um bom ambiente de trabalho; substituir a competição pela cooperação; convencer os componentes do grupo quanto à importância do trabalho em equipe; empregar seu grupo de acordo com a capacidade dele; treinar seus subordinados como um time.
Em relação aos liderados, estão tratar cada um como ser humano, respeitando seus direitos e sua personalidade; procurar conhecer cada um, seus problemas e anseios; estar atento às ideias e aos trabalhos dos liderados; encorajar seus subordinados a oferecer sugestões e/ou críticas construtivas; promover a realização pessoal dos liderados; desenvolver o senso de responsabilidade de seus liderados; manter seu pessoal devidamente treinado e informado; incentivar por todos os meios a disciplina consciente.
Muitos líderes, pouca liderança |
Os Valores de Liderança
A liderança não é impessoal nem desprovida de valores. E os valores de liderança de que falei mais acima seriam o exemplo pessoal, a responsabilidade moral, o entusiasmo, a iniciativa, o senso de humor, o autocontrole e a disciplina consciente.
O entusiasmo significa arrebatamento, impetuosidade, alegria no trabalho, forte emoção irradiante, expansiva e comunicativa. O entusiasmo tem a conotação de desejo de vencer; de pensamento positivo, que se transmite aos demais. O entusiasmo é contagiante; não se ensina, mas se irradia, transmite-se. Quando um gestor é entusiasmado, certamente seus subordinados são influenciados por ele. O entusiasmo permanente, duradouro, é um traço notável da personalidade do líder, fruto de uma filosofia de vida otimista, de pensamento positivo e construtivo.
A iniciativa implica resolução em fazer alguma coisa. Ser o primeiro a fazê-la ou a propor sua realização. A iniciativa é uma consequência natural e concreta do entusiasmo. Ela apresenta não só as características de liderança, como também a de voluntariado, o que implica busca de responsabilidade.
O senso de humor funciona como uma espécie de magnetismo pessoal e dá ao líder um estilo próprio. Encarar a atividade profissional com seriedade não exige, obrigatoriamente, sisudez. Isso nunca resolveu problemas, muito menos é sinal de liderança. Ao contrário, às vezes, ela revela apenas insegurança. Contudo, é lógico que ninguém vai rir nos momentos que exigem seriedade.
Alguns destes itens são óbvios. Mas quero ressaltar algo que anda meio “fora de moda” nos dias atuais, a disciplina consciente. Ser disciplinado é uma atitude passiva, conformista, efêmera, inconsistente, de acordo com as circunstâncias. Ser autodisciplinado é fazer o que é certo por convicção, é uma atitude ativa, construtiva, permanente, firme, em quaisquer circunstâncias. Essa autodisciplina foi conseguida por querer fazer o que é certo, por compreensão, convicção, participação, cooperação, concentrar-se no objetivo da empresa, senso de dever, lealdade, orgulho, amor ao que faz, o famoso “vestir a camisa”. Essa é a disciplina consciente, que é uma virtude que dignifica a pessoa. Líderes e subordinados conscientemente disciplinados formam, realmente, uma quipe fantástica. Na realidade, todos somos líderes. Uns no macrocosmo do grupo, outros no microcosmo de si mesmos. O êxito de qualquer projeto, nessas condições, ou é de todos, ou não é de ninguém. Um líder não deve se limitar às tarefas que lhe são determinadas. Isso é autolimitação por atitude. Um líder deve ser dinâmico, e esse dinamismo traduz-se na busca de novas responsabilidades. Isso é autodesenvolvimento. Um líder assume responsabilidades para as quais foi designado com a mesma dedicação e satisfação, sejam elas agradáveis ou não. Liderança tem conotação de iniciativa, renovação, avanço, progresso. Liderar é estar à frente, na vanguarda. O que distingue um líder de um não-líder, entre outros fatores, é a propensão do líder para procurar responsabilidades e as assumir, se necessário.
Muitos líderes, pouca liderança |
A Confiança
Confiança é a argamassa que liga o líder ao liderado. O líder se impõe pela confiança nele depositada. Confiança mútua entre líder e liderados é um imperadtivo. A confiança cresce com a responsabilidade. Quanto mais responsável for a pessoa, mais digna de confiança ela se torna. E é aqui nesse ponto que entra uma palavra detestada pelos “coachs" e “mentors" de plantão, autoridade. A autoridade tem bons aspectos. Lembrem-se de que não estou falando do “abuso da autoridade”, estou falando do seu aspecto ético. Então, vou listar alguns preceitos éticos da autoridade em um líder. Buscar sempre ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação do mérito de seus liderados. Buscar sempre seu próprio aperfeiçoamento, seja moral, intelectual ou técnico-profissional. Ser educado e cortês. Cumprir seus deveres de cidadão. Um líder tem “autoridade” naturalmente. E ela é baseada em virtude de confiança, qualidades pessoais, resoluções serenas e sensatas, coragem moral para assumir responsabilidades, iniciativas bem-sucedidas, força de persuasão, convencimento, influenciação. Um parêntese para aqueles que podem se assustar com palavras como convencimento, influenciação. Um líder é sempre sutil ao liderar. A sutileza em questão é de que a ação dos liderados, por influência do líder, deve ser voluntária e não imposta. A imposição descaracteriza a liderança.
Uma outra característica de um líder é seu esforço em orientar, instruir, estimular, avaliar, corrigir e... Delegar. Eu vejo boa dose de vantagens em delegar autoridade. Com essa delegação, o líder não necessitará ser centralizador, até porque centralização é uma palavra que não costuma estar nos dicionários dos líderes. Ele estará mais disponível para liderar propriamente dito e crescer, normal e naturalmente, em sua carreira. Outra vantagem é o líder poder observar em sua equipe por um outro ângulo, saber como a equipe se sai na execução da resolução de problemas. Há ainda um aspecto muito bom, melhora muito o moral da equipe no tocante à autoestima, prestígio e autorealização. Como toda moeda, essa também tem dois lados. É totalmente pertinente que o líder não se esqueça de tomar cuidado com a comunicação. Portanto, é bom tomar cuidado em divulgar apropriadamente a delegação de poder e determinar claramente sua área de atuação.
Finalizando, vale lembrar que líderes não são apenas os anjos que gostaríamos de sempre encontrar, como Gandhi ou Madre Teresa de Calcutá, mas também forma grandes líderes, pessoas como Hitler, Stalin e todos os ditadores, mesmo que mais “light”, conhecidos pela história das civilizações. Ainda há muito o que falar sobre líderes e liderança. E este post já está bem grande. Em outra oportunidade, ou se este post gerar algum debate, certamente volto a falar no assunto, até como continuidade a uma possível discussão de ideias.
Tudo o que está expresso neste post é o que penso sobre o assunto. No entanto, tive como fonte, um livro que muito me agradou. Não vou citá-lo agora, pois se o leitor souber a que livro me refiro, não será imparcial em seu julgamento. E este é um dos valores de um líder. Em breve, obviamente citarei a fonte deste post.
Muitos líderes, pouca liderança |
segunda-feira, 14 de março de 2011
Imagens do paraíso... Ali na Holanda
Não há muito o que dizer, essas imagens falam por si.
quinta-feira, 10 de março de 2011
E eu só fiquei sabendo 3 meses depois !
Eu devo estar realmente muito desatualizada ou talvez alienada das notícias, mas confesso que só hoje tomei conhecimento de mais este caso estarrecedor de violência contra os professores. Àqueles que ainda não conhecem o caso, transcrevo, assim como tantos blogs o fizeram, o texto brilhantemente lúcido que o advogado Igor Pantuzza Wildmann escreveu em analogia ao famoso texto de Émile Zola, J’accuse.
Em 1898, Zola tomou parte no aceso debate público relativo ao caso Dreyfus, publicando artigos em jornais e revistas onde tornou claro aquilo que mais tarde se viria a provar definitivamente: a inocência de Dreyfus. O seu famoso artigo ‘J'accuse’ (Eu Acuso), com o subtítulo ‘Carta a Félix Faure, Presidente da República’, publicado no jornal literário L'Aurore, era tão incisivo que levou à revisão do processo, dando-lhe uma nova dinâmica e que terminaria, anos depois do assassinato de Zola, com a reabilitação do oficial Alfred Dreyfus em 1906, injustamente acusado de traição.
A Notícia
Notícia do Portal G1 de 09/12/2010
Vai ser enterrado na tarde desta quinta-feira, 09/12/2010, o corpo do professor Kássio Vinícius Castro Gomes, que foi esfaqueado por um aluno na noite desta terça-feira, 07/12/2010, dentro de uma faculdade particular de Belo Horizonte, MG. Gomes tinha 39 anos e dava aula no curso de Educação Física, no Instituto Metodista Izabela Hendrix, na região centro-sul de Belo Horizonte.
Amilton Loyola Caires, de 23 anos, confessou que matou o professor, segundo a polícia e o advogado de defesa. Depois de fugir da cena do crime, ele foi preso em casa horas depois. O universitário está detido no Centro de Remanejamento de Segurança Prisional (Ceresp) Gameleira, na capital. De acordo com o delegado Breno Pardini, Amilton Loyola assumiu ter esfaqueado o professor e disse que era perseguido por ele. A motivação, segundo Pardini, será investigada e diverge da versão de testemunhas de que uma nota baixa recebida pelo aluno seria a causa do crime. Ainda segundo o delegado, o aluno disse em depoimento que entrou com a faca escondida na mochila e que pretendia apenas intimidar o professor (sic).
Nessa quarta-feira, 08/12/2010, o advogado Nelson Rogério Leão disse que o cliente sofre de transtorno bipolar e é esquizofrênico. "O professor era exigente, mas nada justifica um ato deste", disse o advogado.
A Publicação do Desagravo
Em 19/12/2010, o advogado Igor Pantuzza Wildmann escreveu a amigos: “Embora há muito tempo desligado daquela instituição, como ex-professor do Instituto Metodista Izabela Hendrix, fiquei profundamente consternado com o caso do universitário que, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca no coração de seu professor, na cantina, em pleno horário escolar, à frente de todos.
Escrevi um desagravo e, em minha opinião, a pérfida ilusão vendida a muitos alunos despreparados, sobre a escola (e a vida) como lugares supostamente cheios de direitos e pobres em deveres, acaba por contribuir para ambientes propensos à violência moral e física.
Espero que, se concordarem com os termos, repassem adiante, sem moderação. A divulgação é livre. Abs, Igor.
O Jornal L'Aurore de 1898 |
Em 1898, Zola tomou parte no aceso debate público relativo ao caso Dreyfus, publicando artigos em jornais e revistas onde tornou claro aquilo que mais tarde se viria a provar definitivamente: a inocência de Dreyfus. O seu famoso artigo ‘J'accuse’ (Eu Acuso), com o subtítulo ‘Carta a Félix Faure, Presidente da República’, publicado no jornal literário L'Aurore, era tão incisivo que levou à revisão do processo, dando-lhe uma nova dinâmica e que terminaria, anos depois do assassinato de Zola, com a reabilitação do oficial Alfred Dreyfus em 1906, injustamente acusado de traição.
A Notícia
Notícia do Portal G1 de 09/12/2010
Vai ser enterrado na tarde desta quinta-feira, 09/12/2010, o corpo do professor Kássio Vinícius Castro Gomes, que foi esfaqueado por um aluno na noite desta terça-feira, 07/12/2010, dentro de uma faculdade particular de Belo Horizonte, MG. Gomes tinha 39 anos e dava aula no curso de Educação Física, no Instituto Metodista Izabela Hendrix, na região centro-sul de Belo Horizonte.
Amilton Loyola Caires, de 23 anos, confessou que matou o professor, segundo a polícia e o advogado de defesa. Depois de fugir da cena do crime, ele foi preso em casa horas depois. O universitário está detido no Centro de Remanejamento de Segurança Prisional (Ceresp) Gameleira, na capital. De acordo com o delegado Breno Pardini, Amilton Loyola assumiu ter esfaqueado o professor e disse que era perseguido por ele. A motivação, segundo Pardini, será investigada e diverge da versão de testemunhas de que uma nota baixa recebida pelo aluno seria a causa do crime. Ainda segundo o delegado, o aluno disse em depoimento que entrou com a faca escondida na mochila e que pretendia apenas intimidar o professor (sic).
Amilton Loyola Caires, de 23 anos, confessou que matou o Prof. Kássio Vinicius Castro Gomes, de 39 anos. |
Nessa quarta-feira, 08/12/2010, o advogado Nelson Rogério Leão disse que o cliente sofre de transtorno bipolar e é esquizofrênico. "O professor era exigente, mas nada justifica um ato deste", disse o advogado.
O Professor Kássio Vinícius Castro Gomes |
Em 19/12/2010, o advogado Igor Pantuzza Wildmann escreveu a amigos: “Embora há muito tempo desligado daquela instituição, como ex-professor do Instituto Metodista Izabela Hendrix, fiquei profundamente consternado com o caso do universitário que, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca no coração de seu professor, na cantina, em pleno horário escolar, à frente de todos.
Escrevi um desagravo e, em minha opinião, a pérfida ilusão vendida a muitos alunos despreparados, sobre a escola (e a vida) como lugares supostamente cheios de direitos e pobres em deveres, acaba por contribuir para ambientes propensos à violência moral e física.
Espero que, se concordarem com os termos, repassem adiante, sem moderação. A divulgação é livre. Abs, Igor.
J’accuse
Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice.
Émile Zola
Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (...)
Émile Zola
Émile Zola
Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (...)
Émile Zola
Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado "dano moral" do estudante foi ter que... Estudar!). A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro. O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares. Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática. No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que "era proibido proibir". Depois, a geração do "não bate, que traumatiza". A coisa continuou: "Não reprove, que atrapalha". Não dê provas difíceis, pois "temos que respeitar o perfil dos nossos alunos". Aliás, "prova não prova nada". Deixe o aluno "construir seu conhecimento." Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, "é o aluno que vai avaliar o professor". Afinal de contas, ele está pagando... E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de "novo paradigma" (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: "o bandido é vítima da sociedade", "temos que mudar "tudo isso que está aí"; "mais importante que ter conhecimento é ser "crítico"." Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno"cliente... Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que "o mundo lhes deve algo". Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.
Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Émile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;
EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a "revolta dos oprimidos" e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;
EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para "adequar a avaliação ao perfil dos alunos";
EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;
EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;
EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;
EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu "tantos por cento";
EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno "terá direito" de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;
EU ACUSO os que agora falam em promover um "novo paradigma", uma " nova cultura de paz", pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da "vergonha na cara", do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;
EU ACUSO os "cabeças"boas" que acham e ensinam que disciplina é "careta", que respeito às normas é coisa de velho decrépito,
EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;
EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.
EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam "promoters" de seus cursos;
EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos-clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia. Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de "o outro". A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: "Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo." Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor "nova cultura de paz" que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.
Igor Pantuzza Wildmann
Advogado. Mestre e Doutor em Direito Econômico. Professor da Faculdade Metodista Izabela Hendrix, da Faculdade de Direito Milton Campos e da Pós Graduação da Fundação Escola Superior do Ministério Público de Minas Gerais. Conselheiro Técnico em Crédito Rural da FAEMG – Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais.
Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Émile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;
EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a "revolta dos oprimidos" e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;
EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para "adequar a avaliação ao perfil dos alunos";
EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;
EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;
EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;
EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu "tantos por cento";
EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno "terá direito" de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;
EU ACUSO os que agora falam em promover um "novo paradigma", uma " nova cultura de paz", pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da "vergonha na cara", do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;
EU ACUSO os "cabeças"boas" que acham e ensinam que disciplina é "careta", que respeito às normas é coisa de velho decrépito,
EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;
EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.
EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam "promoters" de seus cursos;
EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;
Professor Dr. Igor Pantuzza Wildmann |
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos-clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia. Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de "o outro". A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: "Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo." Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor "nova cultura de paz" que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.
Igor Pantuzza Wildmann
Advogado. Mestre e Doutor em Direito Econômico. Professor da Faculdade Metodista Izabela Hendrix, da Faculdade de Direito Milton Campos e da Pós Graduação da Fundação Escola Superior do Ministério Público de Minas Gerais. Conselheiro Técnico em Crédito Rural da FAEMG – Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais.
terça-feira, 8 de março de 2011
Dia Internacional do Quê?
Pessoalmente, não sou muito favorável a essas datas pré-definidas como a de hoje, o Dia Internacional da Mulher. Além do mais, hoje é terça-feira gorda de carnaval! E isso vale para todas as outras datas, Dia das Mães, dos Pais, dos Professores, dos Médicos, das Crianças, do Trabalho, do Meio Ambiente e até aquelas que o consumismo desenfreado já tratou de formalizar como puramente comerciais. É o triste caso do Natal, da Páscoa, do Ano Novo.
Sou favorável à lembrança. Sempre! E para se lembrar de algo ou de alguém não precisamos de datas. Gosto de me sentir livre para me lembrar das pessoas que amo, daquelas que não conheço (ainda), da natureza, da vida, do mundo, de tudo o que eu sentir vontade de me lembrar, com a periodicidade que meu coração mandar.
Todos os “Dias” pré-determinados que mencionei acima, nada mais são que meras formalidades. Penso que se alguma “autoridade” determina que todos os anos, no dia 19 de abril, deve-se celebrar o Dia do Índio, a atitude, por si, já pôs a perder toda a boa intenção de fazer-se com que os índios sejam lembrados e respeitados. Apesar da música da Baby do Brasil, quase ninguém mais sabe quando celebra-se o “Dia do Índio”. E o da Árvore, alguém se lembra? É dia 21 de setembro. É dia demais para lembrarmo-nos de tantas coisas ou pessoas. Não que eles(as) não sejam importantes. É justamente o contrário. É porque tudo e todos são importantes demais para serem lembrados apenas num determinado dia do ano.
O ser humano deveria ser educado, desde que nasce, para respeitar e celebrar tudo que há de bom no planeta, incluindo os diversos papéis desempenhados pelos humanos, como os de mãe, pai, mulher, professor, criança, médico, trabalhador etc, todos os dias do ano, sem exceção.
Não é bom quando recebemos um telefonema ou um email ou um abraço de alguém, e você pergunta, por que o abraço? Hoje não é meu aniversário. Mas não é apenas pelo aniversário que vou abraçar pessoas de quem gosto e admiro. Todas as vezes que sinto vontade, eu ligo, escrevo email, faço uma oração à noite, dou um jeito para que aquela pessoa saiba que eu me lembrei dela e que ela é especial para mim. Duvido que algum dos leitores não goste quando um momento desses acontece em nossas vidas. Então, por que temos de nos lembrar das mulheres hoje? Por que só hoje? Por que restringimos atitudes de carinho, afeto, atenção, respeito, amizade (tem o Dia do Amigo também), amor pelo nosso próximo a um único dia do ano? Por que, se temos 365 dias para tudo e todos?
Será que é porque o mundo em que vivemos já não comporta mais a solidariedade, o amor, a amizade e todos os valores morais de que tanto carecemos? Assim fica mais “prático”. Basta programar a agenda do celular para disparar todos os “Dias” e já até mesmo deixar uma mensagem pré-formatada para cada uma das datas e deixar que essas maravilhosas maquininhas façam toda a parte social (o famoso networking) por nós. Entretanto, o aperto de mão sincero, o abraço afetuoso, o agradecimento profundo, esses não há maquininha que substitua. E eles são sempre muito mais gostosos quando nós os manifestamos espontaneamente a qualquer dia do ano.
E fica combinado assim, neste blog, não há dia disso ou daquilo. Só escrevo sobre o que eu me sentir no clima para escrever.
Saibam quantos estas palavras lerem, que hoje, dia 8 de março de 2011 é “O Dia” para agradecermos e celebrarmos tudo, principalmente o fato de estarmos vivos.
Sou favorável à lembrança. Sempre! E para se lembrar de algo ou de alguém não precisamos de datas. Gosto de me sentir livre para me lembrar das pessoas que amo, daquelas que não conheço (ainda), da natureza, da vida, do mundo, de tudo o que eu sentir vontade de me lembrar, com a periodicidade que meu coração mandar.
Todos os “Dias” pré-determinados que mencionei acima, nada mais são que meras formalidades. Penso que se alguma “autoridade” determina que todos os anos, no dia 19 de abril, deve-se celebrar o Dia do Índio, a atitude, por si, já pôs a perder toda a boa intenção de fazer-se com que os índios sejam lembrados e respeitados. Apesar da música da Baby do Brasil, quase ninguém mais sabe quando celebra-se o “Dia do Índio”. E o da Árvore, alguém se lembra? É dia 21 de setembro. É dia demais para lembrarmo-nos de tantas coisas ou pessoas. Não que eles(as) não sejam importantes. É justamente o contrário. É porque tudo e todos são importantes demais para serem lembrados apenas num determinado dia do ano.
O ser humano deveria ser educado, desde que nasce, para respeitar e celebrar tudo que há de bom no planeta, incluindo os diversos papéis desempenhados pelos humanos, como os de mãe, pai, mulher, professor, criança, médico, trabalhador etc, todos os dias do ano, sem exceção.
Não é bom quando recebemos um telefonema ou um email ou um abraço de alguém, e você pergunta, por que o abraço? Hoje não é meu aniversário. Mas não é apenas pelo aniversário que vou abraçar pessoas de quem gosto e admiro. Todas as vezes que sinto vontade, eu ligo, escrevo email, faço uma oração à noite, dou um jeito para que aquela pessoa saiba que eu me lembrei dela e que ela é especial para mim. Duvido que algum dos leitores não goste quando um momento desses acontece em nossas vidas. Então, por que temos de nos lembrar das mulheres hoje? Por que só hoje? Por que restringimos atitudes de carinho, afeto, atenção, respeito, amizade (tem o Dia do Amigo também), amor pelo nosso próximo a um único dia do ano? Por que, se temos 365 dias para tudo e todos?
Será que é porque o mundo em que vivemos já não comporta mais a solidariedade, o amor, a amizade e todos os valores morais de que tanto carecemos? Assim fica mais “prático”. Basta programar a agenda do celular para disparar todos os “Dias” e já até mesmo deixar uma mensagem pré-formatada para cada uma das datas e deixar que essas maravilhosas maquininhas façam toda a parte social (o famoso networking) por nós. Entretanto, o aperto de mão sincero, o abraço afetuoso, o agradecimento profundo, esses não há maquininha que substitua. E eles são sempre muito mais gostosos quando nós os manifestamos espontaneamente a qualquer dia do ano.
E fica combinado assim, neste blog, não há dia disso ou daquilo. Só escrevo sobre o que eu me sentir no clima para escrever.
Saibam quantos estas palavras lerem, que hoje, dia 8 de março de 2011 é “O Dia” para agradecermos e celebrarmos tudo, principalmente o fato de estarmos vivos.
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