Hoje é dia 17 de março. Nesta data e neste ano de 2011, a Itália celebra seus 150 anos de unificação da península. Senta, que lá vem a história...
A emergência do nacionalismo e um crescente poderio econômico e político provocaram rivalidades e conflitos na europa Napoleônica. As atividades expansionistas russas nos Balcãs levaram em 1854 à Guerra da Crimeia, entre a aliança franco-britânico-turca e a Rússia. Em 1870, Bismarck, primeiro-ministro da Prússia, instigou os franceses a entrarem na guerra; a derrota francesa causou o colapso do Segundo Império, proporcionando o impulso final para a criação das novas nações germânica e italiana.
Breve cronologia da unificação da Itália: 1848 – 1871
1848 – República Romana, de curta duração, estabelecida por Garibaldi e Mazzini.
1859 – Os franceses e os piemonteses derrotaram os austríacos nas batalhas de Magenta e Solferino.
1860 – A França apoderou-se de Nice e Sabóia em troca da Lombardia.
1860 – Garibaldi conquistou a Sicília e Nápoles.
1861 – Victor Emmanuel tornou-se Rei da Itália.
1866 – A Áustria foi forçada a ceder o Veneto.
1870 – O exército italiano apoderou-se de Roma e dos restantes estados papais.
1871 – Roma tornou-se capital da Itália unificada.
A história
A configuração político-territorial da Itália, no início de século XIX, sofreu grande intervenção por parte das medidas firmadas pelo Congresso de Viena (1814-1815). Com os acordos consolidados, a atual região da Itália ficou dividida em estados independentes, sendo que alguns deles eram controlados pela Áustria. Em 1831, Giuseppe Mazzini liderou outro movimento republicano representado pela criação da Jovem Itália. Mesmo não obtendo sucesso, o nacionalismo italiano ainda teve forças para avivar suas tendências políticas. No ano de 1847, uma série de manifestações anti-monárquicas tomaram conta da região norte, nos reinos de Piemonte e da Sardenha, e ao sul no Reino das Duas Sicílias. No Reino da Lombardia consolidou-se um dos maiores avanços republicanos quando o rei foi obrigado a instituir um Poder Legislativo eleito pelos cidadãos.
A Itália foi dividida em pequenos estados, conforme o Tratado de Viena. Alguns deles eram:
• Reino Sardo-Piemontês: governado por uma dinastia italiana. Era autônomo e soberano;
• Reino Lombardo-Veneziano: governado pela Áustria;
• Ducados de Parma, Módena e Toscana: governados por duques subservientes à Áustria;
• Estados Pontifícios: governados pelo papa;
• Reino das Duas Sicílias: governado pela dinastia de Bourbon, da qual viera Dona Tereza Cristina, para casar-se com Dom Pedro II, tornando-se a Imperatriz do Brasil.
A primeira luta do movimento para unificação da Itália só aconteceu depois da decisão do Congresso de Viena. As primeiras tentativas de libertação do território italiano foi uma organização revolucionária chamada de ‘Jovem Itália’ liderada por Giuseppe Mazzini, um republicano que defendia a independência e a transformação da Itália numa república democrática.
Em 1848, os seguidores de Mazzini promoveram outra manifestação contra a dominação austríaca em territórios italianos, mas foram vencidos pelo poderoso exército austríaco. Mesmo com a agitação dessas revoltas, a presença austríaca e o poder monárquico conseguiram resistir à crescente tendência republicana. Só quando a burguesia industrial do norte da Itália, politicamente patrocinada pelo primeiro-ministro piemontês Camilo Benso di Cavour, se interessou pelo processo de unificação, foi que ele começou a tomar corpo e ter maior sustentação. Angariando o apoio militar e político dos Estados vizinhos e do rei francês Napoleão III, em 1859, a guerra contra a Áustria teve seu início.
Temendo a deflagração de movimentos de tendência socialista e republicana, o governo Francês retirou o seu apoio ao movimento de unificação. Ainda assim, Camilo di Cavour conseguiu unificar uma considerável porção dos reinos do norte. Nesse mesmo período, ao sul, Giuseppe Garibaldi liderou os “camisas vermelhas” contra as monarquias sulistas. Garibaldi atacou o Reino das Duas Sicílias e criou condições para sua libertação do domínio estrangeiro, a Áustria. Para não enfraquecer o movimento de unificação, Garibaldi decidiu abandonar o movimento por não concordar com as ideias defendidas pelos representantes do norte, Victor Emannuel II e Camilo Benso di Cavour. Dessa maneira, os monarquistas do norte controlaram a unificação. No dia 17 de março de 1861, Vitor Emanuel II, rei do Piemonte e da Sardenha, reuniu-se em Turim com representantes de outros Estados da península Itálica e encerrou um longo processo de lutas e guerras nacionalistas pela independência e unificação da Itália.
Apesar de representar uma luta histórica ao longo do século XIX, a unificação italiana não conseguiu prontamente criar uma identidade cultural entre o povo italiano. Além das diferenças de cunho histórico, linguístico e cultural, a diferença do desenvolvimento econômico observado entre as regiões norte e sul foi outro entrave na criação da Itália.
Após uma série de conflitos, em 1866, a Áustria foi forçada a entregar o Veneto e, em 1870, a cidade de Roma foi finalmente anexada ao novo governo. Em 1871, Roma passou a ser a capital do Reino da Itália. O Papa Pio IX, não aceitou a perda dos domínios territoriais da Igreja e rompeu relações com o governo italiano, considerou-se prisioneiro e fechou-se no Vaticano. Assim nasceu a Questão Romana que só foi resolvida em 1929 quando foi assinado o Tratado de Latrão. Por esse acordo, foi criado o Estado do Vaticano dirigido pela Igreja Católica.
O Tratado de Latrão
Latrão designa um local, situado no centro da cidade de Roma e todo um magistral complexo arquitetônico, como o Palácio Laterano, o Obelisco Laterano, o Batisterium e a Basílica de São João de Latrão. A Santa Sé tem soberania sobre o local, apesar de situado fora dos muros do Estado da Cidade do Vaticano, em decorrência do Tratado e da Concordata de Latrão de 11 de fevereiro de 1929, assinado com o Reino da Itália, com o aditamento de 18 de fevereiro de 1984, com a já República da Itália, nascida em 2 de junho de 1946.
Eventos Comemorativos da Unificação
Uma série de eventos em Turim, que no século XIX foi capital do Reino da Itália, antes da nomeação de Roma, incluirá exposições temáticas, congressos e espetáculos para proporcionar uma experiência nova do passado, do presente e do futuro do país.
A mostra “La bella Italia”, de 17 de março a 11 de setembro, com 300 obras de arte que retratam como os italianos se auto-representavam desde a Idade Média até a unificação, em 1861, está estruturada em nove partes, cada uma dedicada a uma das cidades capitais do país: Turim, Roma, Florença, Gênova, Palermo, Nápoles, Bolonha, Milão e Veneza, que são representadas por obras de Giotto, Donatello, Botticelli, Michelangelo, Rafael, Tiziano, entre outros.
De 10 de julho a 11 de dezembro, a sala de arte da Venaria Reale, nas cercanias de Turim, recebe a mostra dedicada a 150 anos de moda, em que serão exibidos variados figurinos italianos, do vestuário dos nobres do século XIX às criações de estilistas contemporâneos. E, em outubro, começa a mostra dedicada a Leonardo da Vinci, “Leonardo: do gênio ao mito”.
O Teatro Regio de Turim vai sediar uma temporada dedicada a Giuseppi Verdi, o “bardo do Risorgimento”. O programa será inaugurado em 18 de março com “As vésperas sicilianas” e segue com Nabucco, Rigoletto e La Traviata.
Para homenagear uma das figuras chaves do processo de unificação, será construído na ilha de Caprera, ao norte da Sardenha, o Museu Nacional Giuseppe Garibaldi. Ficará sediado no Forte Arbuticci, que fica perto de onde Garibaldi morava e está sendo restaurado para acolher o museu, com inauguração prevista para outubro.
Auguri a tutti gli italiani !
A emergência do nacionalismo e um crescente poderio econômico e político provocaram rivalidades e conflitos na europa Napoleônica. As atividades expansionistas russas nos Balcãs levaram em 1854 à Guerra da Crimeia, entre a aliança franco-britânico-turca e a Rússia. Em 1870, Bismarck, primeiro-ministro da Prússia, instigou os franceses a entrarem na guerra; a derrota francesa causou o colapso do Segundo Império, proporcionando o impulso final para a criação das novas nações germânica e italiana.
Breve cronologia da unificação da Itália: 1848 – 1871
1848 – República Romana, de curta duração, estabelecida por Garibaldi e Mazzini.
1859 – Os franceses e os piemonteses derrotaram os austríacos nas batalhas de Magenta e Solferino.
1860 – A França apoderou-se de Nice e Sabóia em troca da Lombardia.
1860 – Garibaldi conquistou a Sicília e Nápoles.
1861 – Victor Emmanuel tornou-se Rei da Itália.
1866 – A Áustria foi forçada a ceder o Veneto.
1870 – O exército italiano apoderou-se de Roma e dos restantes estados papais.
1871 – Roma tornou-se capital da Itália unificada.
A história
A configuração político-territorial da Itália, no início de século XIX, sofreu grande intervenção por parte das medidas firmadas pelo Congresso de Viena (1814-1815). Com os acordos consolidados, a atual região da Itália ficou dividida em estados independentes, sendo que alguns deles eram controlados pela Áustria. Em 1831, Giuseppe Mazzini liderou outro movimento republicano representado pela criação da Jovem Itália. Mesmo não obtendo sucesso, o nacionalismo italiano ainda teve forças para avivar suas tendências políticas. No ano de 1847, uma série de manifestações anti-monárquicas tomaram conta da região norte, nos reinos de Piemonte e da Sardenha, e ao sul no Reino das Duas Sicílias. No Reino da Lombardia consolidou-se um dos maiores avanços republicanos quando o rei foi obrigado a instituir um Poder Legislativo eleito pelos cidadãos.
A Itália foi dividida em pequenos estados, conforme o Tratado de Viena. Alguns deles eram:
• Reino Sardo-Piemontês: governado por uma dinastia italiana. Era autônomo e soberano;
• Reino Lombardo-Veneziano: governado pela Áustria;
• Ducados de Parma, Módena e Toscana: governados por duques subservientes à Áustria;
• Estados Pontifícios: governados pelo papa;
• Reino das Duas Sicílias: governado pela dinastia de Bourbon, da qual viera Dona Tereza Cristina, para casar-se com Dom Pedro II, tornando-se a Imperatriz do Brasil.
A primeira luta do movimento para unificação da Itália só aconteceu depois da decisão do Congresso de Viena. As primeiras tentativas de libertação do território italiano foi uma organização revolucionária chamada de ‘Jovem Itália’ liderada por Giuseppe Mazzini, um republicano que defendia a independência e a transformação da Itália numa república democrática.
Em 1848, os seguidores de Mazzini promoveram outra manifestação contra a dominação austríaca em territórios italianos, mas foram vencidos pelo poderoso exército austríaco. Mesmo com a agitação dessas revoltas, a presença austríaca e o poder monárquico conseguiram resistir à crescente tendência republicana. Só quando a burguesia industrial do norte da Itália, politicamente patrocinada pelo primeiro-ministro piemontês Camilo Benso di Cavour, se interessou pelo processo de unificação, foi que ele começou a tomar corpo e ter maior sustentação. Angariando o apoio militar e político dos Estados vizinhos e do rei francês Napoleão III, em 1859, a guerra contra a Áustria teve seu início.
Camilo Cavour e Giuseppe Garibaldi |
Temendo a deflagração de movimentos de tendência socialista e republicana, o governo Francês retirou o seu apoio ao movimento de unificação. Ainda assim, Camilo di Cavour conseguiu unificar uma considerável porção dos reinos do norte. Nesse mesmo período, ao sul, Giuseppe Garibaldi liderou os “camisas vermelhas” contra as monarquias sulistas. Garibaldi atacou o Reino das Duas Sicílias e criou condições para sua libertação do domínio estrangeiro, a Áustria. Para não enfraquecer o movimento de unificação, Garibaldi decidiu abandonar o movimento por não concordar com as ideias defendidas pelos representantes do norte, Victor Emannuel II e Camilo Benso di Cavour. Dessa maneira, os monarquistas do norte controlaram a unificação. No dia 17 de março de 1861, Vitor Emanuel II, rei do Piemonte e da Sardenha, reuniu-se em Turim com representantes de outros Estados da península Itálica e encerrou um longo processo de lutas e guerras nacionalistas pela independência e unificação da Itália.
Victor Emannuel II, Primeiro Rei de Itália |
Após uma série de conflitos, em 1866, a Áustria foi forçada a entregar o Veneto e, em 1870, a cidade de Roma foi finalmente anexada ao novo governo. Em 1871, Roma passou a ser a capital do Reino da Itália. O Papa Pio IX, não aceitou a perda dos domínios territoriais da Igreja e rompeu relações com o governo italiano, considerou-se prisioneiro e fechou-se no Vaticano. Assim nasceu a Questão Romana que só foi resolvida em 1929 quando foi assinado o Tratado de Latrão. Por esse acordo, foi criado o Estado do Vaticano dirigido pela Igreja Católica.
O Tratado de Latrão
Latrão designa um local, situado no centro da cidade de Roma e todo um magistral complexo arquitetônico, como o Palácio Laterano, o Obelisco Laterano, o Batisterium e a Basílica de São João de Latrão. A Santa Sé tem soberania sobre o local, apesar de situado fora dos muros do Estado da Cidade do Vaticano, em decorrência do Tratado e da Concordata de Latrão de 11 de fevereiro de 1929, assinado com o Reino da Itália, com o aditamento de 18 de fevereiro de 1984, com a já República da Itália, nascida em 2 de junho de 1946.
Eventos Comemorativos da Unificação
Uma série de eventos em Turim, que no século XIX foi capital do Reino da Itália, antes da nomeação de Roma, incluirá exposições temáticas, congressos e espetáculos para proporcionar uma experiência nova do passado, do presente e do futuro do país.
A mostra “La bella Italia”, de 17 de março a 11 de setembro, com 300 obras de arte que retratam como os italianos se auto-representavam desde a Idade Média até a unificação, em 1861, está estruturada em nove partes, cada uma dedicada a uma das cidades capitais do país: Turim, Roma, Florença, Gênova, Palermo, Nápoles, Bolonha, Milão e Veneza, que são representadas por obras de Giotto, Donatello, Botticelli, Michelangelo, Rafael, Tiziano, entre outros.
De 10 de julho a 11 de dezembro, a sala de arte da Venaria Reale, nas cercanias de Turim, recebe a mostra dedicada a 150 anos de moda, em que serão exibidos variados figurinos italianos, do vestuário dos nobres do século XIX às criações de estilistas contemporâneos. E, em outubro, começa a mostra dedicada a Leonardo da Vinci, “Leonardo: do gênio ao mito”.
O Teatro Regio de Turim vai sediar uma temporada dedicada a Giuseppi Verdi, o “bardo do Risorgimento”. O programa será inaugurado em 18 de março com “As vésperas sicilianas” e segue com Nabucco, Rigoletto e La Traviata.
Para homenagear uma das figuras chaves do processo de unificação, será construído na ilha de Caprera, ao norte da Sardenha, o Museu Nacional Giuseppe Garibaldi. Ficará sediado no Forte Arbuticci, que fica perto de onde Garibaldi morava e está sendo restaurado para acolher o museu, com inauguração prevista para outubro.
Auguri a tutti gli italiani !
0 comentários:
Postar um comentário
Tô só de olho em você...
Já ia sair de fininho sem deixar um comentário, né?!
Eu gosto de saber sua opinião sobre o que escrevo.
Não tem de ser só elogio... Quero sua opinião de verdade!