quarta-feira, 16 de março de 2011

Um Estilo para o Líder

“Eis porque, se se encontra um homem que sobressaia aos outros pelo mérito e pela força das faculdades que sempre o conduzem ao bem, é a esse que é justo obedecer. É preciso possuir não só a virtude, como também o poder de pô-la em ação”.
Aristóteles

Aqueles que me conhecem sabem que penso que um líder nasce, ou não nasce, líder. Essa minha opinião já gerou muita polêmica. O que, para mim, é um exercício salutar. Debater ideias. Ainda outro dia, entrei em mais um desses sites cheios de clichês, como “Gestão e Liderança” e afins. Qual não foi minha surpresa ao ver o link abaixo. Ao clicar nele, eis que encontro o seguinte texto.


 

Todos querem o cargo do chefe, mas será que todos estão preparados para assumir a chefia e a liderança da empresa? Realmente não são todos que nascem com essa qualidade a comandar grupos de pessoas, o lado bom é que essa habilidade pode ser trabalhada e desenvolvida, possibilitando a qualquer pessoa a se tornar um verdadeiro líder (sic).

É difícil separar o joio do trigo, né?! Vou ao que interessa. Muito já se falou sobre líder e liderança. Mas, o que é estilo? Estilo é a maneira ou caráter particular de exprimir os pensamentos. Líder é o que lidera, o que imprime um estilo, uma maneira particular ou especial de conduzir seus subordinados, ou seja, o que imprime um estilo próprio à sua liderança.

Considerando que:
1. A composição do grupo pode variar, e para cada grupo há uma forma de atuação;
2. As circunstâncias dificilmente são idênticas, e para cada situação há uma atuação condizente;
3. Diferentes líderes, mesmo em idênticas situações, com o mesmo grupo, agiriam de formas diferentes;
cabe a cada líder definir o seu estilo de Liderança. Mas... E como fazer isso? Através dos valores de um líder. Um líder não é uma figura de ficção, nem extraído das histórias em quadrinhos, tampouco dos livros de Jules Vernes. Não é um super-homem ou uma mulher-maravilha. O líder é real, de carne e osso. É apenas um homem ou mulher, mas um homem ou uma mulher dotado(a) de virtudes, valores, cuja presença faz aumentar a nossa estima moral por ele ou ela. A virtude é uma disposição adquirida para fazer o bem. O bem não é para ser contemplado, é para ser feito. As virtudes são os nossos valores morais, vividos em atitudes, em ações. A virtude é uma maneira de ser, explicava Aristóteles, adquirida e duradoura, é o que somos, logo, o que podemos fazer.

Os valores de um líder
Os valores de um líder são os de caráter, os de boa educação ou cortesia, os valores morais, os de julgamento e os de liderança. Esses valores podem ser atribuídos do líder em relação a ele próprio, dele em relação ao seu trabalho, dele em relação à equipe e dele em relação aos seus liderados.

Em relação ao próprio líder, estão os valores de conhecer a si mesmo; buscar o auto-aperfeiçoamento, ter os valores de caráter; de boa educação e cortesia; dar o exemplo; conhecer bem sua profissão; assumir a responsabilidade por suas ações; buscar ou aceitar responsabilidades e desafios; conquistar a confiança dos superiores, colegas e subordinados.

Em relação ao trabalho, estão buscar a excelência; estabelecer objetivos e planos para seu cumprimento; assegurar-se de que as tarefas são compreendidas, supervisionadas e controladas; jamais perder de vista que o mais importante é o seu objetivo dentro de seu trabalho como um todo.

Em relação à equipe, estão promover um bom ambiente de trabalho; substituir a competição pela cooperação; convencer os componentes do grupo quanto à importância do trabalho em equipe; empregar seu grupo de acordo com a capacidade dele; treinar seus subordinados como um time.

Em relação aos liderados, estão tratar cada um como ser humano, respeitando seus direitos e sua personalidade; procurar conhecer cada um, seus problemas e anseios; estar atento às ideias e aos trabalhos dos liderados; encorajar seus subordinados a oferecer sugestões e/ou críticas construtivas; promover a realização pessoal dos liderados; desenvolver o senso de responsabilidade de seus liderados; manter seu pessoal devidamente treinado e informado; incentivar por todos os meios a disciplina consciente.

Muitos líderes, pouca liderança

Os Valores de Liderança
A liderança não é impessoal nem desprovida de valores. E os valores de liderança de que falei mais acima seriam o exemplo pessoal, a responsabilidade moral, o entusiasmo, a iniciativa, o senso de humor, o autocontrole e a disciplina consciente.

O entusiasmo significa arrebatamento, impetuosidade, alegria no trabalho, forte emoção irradiante, expansiva e comunicativa. O entusiasmo tem a conotação de desejo de vencer; de pensamento positivo, que se transmite aos demais. O entusiasmo é contagiante; não se ensina, mas se irradia, transmite-se. Quando um gestor é entusiasmado, certamente seus subordinados são influenciados por ele. O entusiasmo permanente, duradouro, é um traço notável da personalidade do líder, fruto de uma filosofia de vida otimista, de pensamento positivo e construtivo.

A iniciativa implica resolução em fazer alguma coisa. Ser o primeiro a fazê-la ou a propor sua realização. A iniciativa é uma consequência natural e concreta do entusiasmo. Ela apresenta não só as características de liderança, como também a de voluntariado, o que implica busca de responsabilidade.

O senso de humor funciona como uma espécie de magnetismo pessoal e dá ao líder um estilo próprio. Encarar a atividade profissional com seriedade não exige, obrigatoriamente, sisudez. Isso nunca resolveu problemas, muito menos é sinal de liderança. Ao contrário, às vezes, ela revela apenas insegurança. Contudo, é lógico que ninguém vai rir nos momentos que exigem seriedade.

Alguns destes itens são óbvios. Mas quero ressaltar algo que anda meio “fora de moda” nos dias atuais, a disciplina consciente. Ser disciplinado é uma atitude passiva, conformista, efêmera, inconsistente, de acordo com as circunstâncias. Ser autodisciplinado é fazer o que é certo por convicção, é uma atitude ativa, construtiva, permanente, firme, em quaisquer circunstâncias. Essa autodisciplina foi conseguida por querer fazer o que é certo, por compreensão, convicção, participação, cooperação, concentrar-se no objetivo da empresa, senso de dever, lealdade, orgulho, amor ao que faz, o famoso “vestir a camisa”. Essa é a disciplina consciente, que é uma virtude que dignifica a pessoa. Líderes e subordinados conscientemente disciplinados formam, realmente, uma quipe fantástica. Na realidade, todos somos líderes. Uns no macrocosmo do grupo, outros no microcosmo de si mesmos. O êxito de qualquer projeto, nessas condições, ou é de todos, ou não é de ninguém. Um líder não deve se limitar às tarefas que lhe são determinadas. Isso é autolimitação por atitude. Um líder deve ser dinâmico, e esse dinamismo traduz-se na busca de novas responsabilidades. Isso é autodesenvolvimento. Um líder assume responsabilidades para as quais foi designado com a mesma dedicação e satisfação, sejam elas agradáveis ou não. Liderança tem conotação de iniciativa, renovação, avanço, progresso. Liderar é estar à frente, na vanguarda. O que distingue um líder de um não-líder, entre outros fatores, é a propensão do líder para procurar responsabilidades e as assumir, se necessário.


Muitos líderes, pouca liderança
 
A Confiança
Confiança é a argamassa que liga o líder ao liderado. O líder se impõe pela confiança nele depositada. Confiança mútua entre líder e liderados é um imperadtivo. A confiança cresce com a responsabilidade. Quanto mais responsável for a pessoa, mais digna de confiança ela se torna. E é aqui nesse ponto que entra uma palavra detestada pelos “coachs" e “mentors" de plantão, autoridade. A autoridade tem bons aspectos. Lembrem-se de que não estou falando do “abuso da autoridade”, estou falando do seu aspecto ético. Então, vou listar alguns preceitos éticos da autoridade em um líder. Buscar sempre ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação do mérito de seus liderados. Buscar sempre seu próprio aperfeiçoamento, seja moral, intelectual ou técnico-profissional. Ser educado e cortês. Cumprir seus deveres de cidadão. Um líder tem “autoridade” naturalmente. E ela é baseada em virtude de confiança, qualidades pessoais, resoluções serenas e sensatas, coragem moral para assumir responsabilidades, iniciativas bem-sucedidas, força de persuasão, convencimento, influenciação. Um parêntese para aqueles que podem se assustar com palavras como convencimento, influenciação. Um líder é sempre sutil ao liderar. A sutileza em questão é de que a ação dos liderados, por influência do líder, deve ser voluntária e não imposta. A imposição descaracteriza a liderança.
Uma outra característica de um líder é seu esforço em orientar, instruir, estimular, avaliar, corrigir e... Delegar. Eu vejo boa dose de vantagens em delegar autoridade. Com essa delegação, o líder não necessitará ser centralizador, até porque centralização é uma palavra que não costuma estar nos dicionários dos líderes. Ele estará mais disponível para liderar propriamente dito e crescer, normal e naturalmente, em sua carreira. Outra vantagem é o líder poder observar em sua equipe por um outro ângulo, saber como a equipe se sai na execução da resolução de problemas. Há ainda um aspecto muito bom, melhora muito o moral da equipe no tocante à autoestima, prestígio e autorealização. Como toda moeda, essa também tem dois lados. É totalmente pertinente que o líder não se esqueça de tomar cuidado com a comunicação. Portanto, é bom tomar cuidado em divulgar apropriadamente a delegação de poder e determinar claramente sua área de atuação.

Finalizando, vale lembrar que líderes não são apenas os anjos que gostaríamos de sempre encontrar, como Gandhi ou Madre Teresa de Calcutá, mas também forma grandes líderes, pessoas como Hitler, Stalin e todos os ditadores, mesmo que mais “light”, conhecidos pela história das civilizações. Ainda há muito o que falar sobre líderes e liderança. E este post já está bem grande. Em outra oportunidade, ou se este post gerar algum debate, certamente volto a falar no assunto, até como continuidade a uma possível discussão de ideias.

Tudo o que está expresso neste post é o que penso sobre o assunto. No entanto, tive como fonte, um livro que muito me agradou. Não vou citá-lo agora, pois se o leitor souber a que livro me refiro, não será imparcial em seu julgamento. E este é um dos valores de um líder. Em breve, obviamente citarei a fonte deste post.


Muitos líderes, pouca liderança



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