Veneza, assim como Paris, tem uma aura impetuosa de romantismo. O motivo, se é que existe um, eu desconheço, mas se não podemos conceituá-lo em palavras, qualquer visitante destas duas cidades sente com exatidão o significado deste estado de alma inebriante que nos toma de assalto. É o predomínio da sensibilidade e da imaginação sobre a razão. Há algumas décadas que os turistas de todo o mundo visitam Paris para flanar pelas calçadas largas e arborizadas da cidade-luz; do mesmo modo que visitam Veneza ansiosos por gondolar pelos canais da cidade. A cidade onde as ruas são canais.
No entanto, Veneza não é apenas uma cidade romântica e de beleza arrebatadora. É muito, muito mais do que apenas isso. O ar de Veneza (assim como o de outras cidades italianas) enche nossos pulmões com sua história secular. Muitos turistas visitam muitos lugares mundo afora pela beleza plástica do cenário que se apresenta. Esquecem-se, contudo, de toda a história da civilização que povoou aquele lugar. É disto que eu quero falar. Àqueles que já estiveram em Veneza, eu pergunto, o quanto daqueles prédios, paredes, pontes, praças teriam para contar se pudessem nos dizer muito do que já presenciaram? Por exemplo, quantas pessoas já estiveram em Veneza e não sabem que ela já foi uma república? Que sua justiça exemplar tornou-se um dos seus ícones? Quantos sabiam que ela se chamava a ‘Sereníssima República de Veneza’? Pois então eu vou contar, em um parágrafo sucinto publicado pelo Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta no blog História do Veneto.
Doge
Doge, palavra vêneta do latim dux, comandante. É a denominação do comandante ou primeiro magistrado supremo eleito, das antigas repúblicas de Gênova e Veneza.
A Justiça em Veneza, na época da Sereníssima República, era exercida de modo exemplar e se transformou em um dos seus grandes mitos. Aos acusados era dada oportunidade de defesa e usava o mesmo rigor no caso em que eles pertencessem à classe dirigente. A inexorabilidade e a eficácia dos órgãos da justiça vêneta de então permitiram conter a criminalidade. No período compreendido entre os anos de 1300 e 1797, portanto em quase quinhentos anos, as condenações à morte foram em número de 1279, ou aproximadamente de duas ao ano. Trata-se de um número pequeno em relação ao que acontecia nesse mesmo período no resto da Europa. A pena mais severa depois da pena de morte era a de exílio, expulsão dos domínios da República de Veneza. Se o criminoso era condenado aos trabalhos forçados, significava que era embarcado nas galeras como remador, os chamados de "galeotto". Nas prisões da Sereníssima existiam os famigerados "piombi", assim denominadas as prisões revestidas de placas de chumbo que cobriam o seu teto, como nas prisões do Palazzo Ducale. Os Doges deviam ser responsáveis e administrar com honestidade a Sereníssima República de Veneza. Os que não agiram corretamente foram executados como foi o caso do Doge Marino Falier que articulou um plano para impor um poder absoluto em Veneza contra o Governo Colegiado vigente. Julgado, foi condenado por alta traição e decapitado no pátio do Palazzo Ducale, em execução reservada com as portas fechadas. A justiça da República tinha força para permitir a punição e até a decapitação do seu líder máximo. Quando assumiam o cargo os doges deviam jurar fidelidade e honestidade à República, não devendo fazer do cargo trampolim para poder pessoal ou para enriquecimento particular. Os doges não deviam se considerar senhores de Veneza, mas somente os servos honorários da república e submeter-se às mesmas leis vigentes como qualquer outro cidadão comum.
Agora volto eu para dizer que isso aconteceu em plena Idade Média na europa. Será que algum dia, no futuro, chegaremos a algo semelhante? Chega a ser engraçado, pois ainda temos de admitir que vivemos num mundo "moderno"!
E qual foi o motivo do final das Sereníssimas Repúblicas de Veneza e de Genova? Isso aconteceu em 1797. Naquela época, quem era o algoz da europa? Com o desejo veemente de alcançar poder, glória, riqueza, posição social etc? Exatamente. Napoleão Bonaparte. Pelo Tratado de Campofórmio, em Outubro de 1797, a Áustria recebeu a República de Veneza em troca do reconhecimento da República Cisalpina (região que hoje corresponde essencialmente à Lombardia e à Emilia-Romanha, à época, com capital em Milão). O mesmo Napoleão Bonaparte anexou a também ’Sereníssima República de Genova’, já com o nome de República da Ligúria, ao recém proclamado Império francês.
A vestimenta típica dos gondoleiros |
No entanto, Veneza não é apenas uma cidade romântica e de beleza arrebatadora. É muito, muito mais do que apenas isso. O ar de Veneza (assim como o de outras cidades italianas) enche nossos pulmões com sua história secular. Muitos turistas visitam muitos lugares mundo afora pela beleza plástica do cenário que se apresenta. Esquecem-se, contudo, de toda a história da civilização que povoou aquele lugar. É disto que eu quero falar. Àqueles que já estiveram em Veneza, eu pergunto, o quanto daqueles prédios, paredes, pontes, praças teriam para contar se pudessem nos dizer muito do que já presenciaram? Por exemplo, quantas pessoas já estiveram em Veneza e não sabem que ela já foi uma república? Que sua justiça exemplar tornou-se um dos seus ícones? Quantos sabiam que ela se chamava a ‘Sereníssima República de Veneza’? Pois então eu vou contar, em um parágrafo sucinto publicado pelo Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta no blog História do Veneto.
O encantamento das ruas que são canais |
Doge, palavra vêneta do latim dux, comandante. É a denominação do comandante ou primeiro magistrado supremo eleito, das antigas repúblicas de Gênova e Veneza.
A Justiça em Veneza, na época da Sereníssima República, era exercida de modo exemplar e se transformou em um dos seus grandes mitos. Aos acusados era dada oportunidade de defesa e usava o mesmo rigor no caso em que eles pertencessem à classe dirigente. A inexorabilidade e a eficácia dos órgãos da justiça vêneta de então permitiram conter a criminalidade. No período compreendido entre os anos de 1300 e 1797, portanto em quase quinhentos anos, as condenações à morte foram em número de 1279, ou aproximadamente de duas ao ano. Trata-se de um número pequeno em relação ao que acontecia nesse mesmo período no resto da Europa. A pena mais severa depois da pena de morte era a de exílio, expulsão dos domínios da República de Veneza. Se o criminoso era condenado aos trabalhos forçados, significava que era embarcado nas galeras como remador, os chamados de "galeotto". Nas prisões da Sereníssima existiam os famigerados "piombi", assim denominadas as prisões revestidas de placas de chumbo que cobriam o seu teto, como nas prisões do Palazzo Ducale. Os Doges deviam ser responsáveis e administrar com honestidade a Sereníssima República de Veneza. Os que não agiram corretamente foram executados como foi o caso do Doge Marino Falier que articulou um plano para impor um poder absoluto em Veneza contra o Governo Colegiado vigente. Julgado, foi condenado por alta traição e decapitado no pátio do Palazzo Ducale, em execução reservada com as portas fechadas. A justiça da República tinha força para permitir a punição e até a decapitação do seu líder máximo. Quando assumiam o cargo os doges deviam jurar fidelidade e honestidade à República, não devendo fazer do cargo trampolim para poder pessoal ou para enriquecimento particular. Os doges não deviam se considerar senhores de Veneza, mas somente os servos honorários da república e submeter-se às mesmas leis vigentes como qualquer outro cidadão comum.
O Palazzo Ducale |
Agora volto eu para dizer que isso aconteceu em plena Idade Média na europa. Será que algum dia, no futuro, chegaremos a algo semelhante? Chega a ser engraçado, pois ainda temos de admitir que vivemos num mundo "moderno"!
O corso "Bounaparte" |
Fonte: Arquivos da La Piave FAINORS Federação Vêneta do Rio Grande do Sul
Postado pelo Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta, Erechim, RS
Blog História do Veneto
Postado pelo Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta, Erechim, RS
Blog História do Veneto
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Tô só de olho em você...
Já ia sair de fininho sem deixar um comentário, né?!
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