Caros leitores, viajei, voltei e, em breve, viajarei de novo. Dessa vez por um período mais longo. Com toda essa efervescência na vida, confesso que estou sem (não sei se posso falar assim) “inspiração”, mesmo para escrever um post cheio de opiniões próprias, como gosto de fazer, e com energia suficiente para explicar detalhadamente minha opinião a fim de não criar nenhum conflito por conta de mal-entendidos.
Pensei em falar sobre a inauguração do famigerado “teleférico da nossa Baviera sem neve”, mas, com sinceridade, são tantos e tantos a achar que essa geringonça é a salvação da lavoura para o Complexo do Alemão, que prefiro ddeixar para outro dia.
Como sempre, vale à pena sabermos de acontecimentos históricos não tão distantes no tempo e que são interessantes e mesmo agradáveis de ver. Então hoje vou falar sobre uma Exposição ocorrida no Rio de Janeiro em 1925 e que, talvez pouca gente já tenha ouvido falar.
A Exposição de Automobilismo no Rio de Janeiro em 1925
Vivia-se em 1925 uma euforia automobilística nas regiões civilizadas do país. No espaço de um ano, as importações de automóveis haviam saltado de 2.772 para 12.995 unidades. Ao mesmo tempo, as estradas de rodagem simplesmente não existiam... A construção da Rio-Petrópolis, por exemplo, vinha sendo retardada.
No discurso de abertura da exposição, Francisco Sá, o ministro da Viação, se referiu ao “nosso país, tão longe de qualquer produção industrial de automóveis”. Mas era preciso estimular importadores e obras viárias – por isso o Automóvel Club ter promovido a mostra.
Os estandes da exposição ocuparam prédios que estavam ociosos desde e Exposição de 1922, grandiosa mostra internacional que marcara o centenário da Indeppendência do Brasil. A Exposição de Automobilismo utilizou os antigos pavilhões de Portugal e da Itália, forrados com azulejos e vitrais. Ficavam onde hoje é a esquina das avenidas Presidente Wilson e Presidente Antonio Carlos.
Além de Ford, General Motors e Chrysler, vieram marcas hoje pouco lembradas, como Gray, Packard e Hudsonn-Essex. As eurropeias estavam representadas pelas italianas Itala e Lancia, bem como pela francesa Voisin. O navio que traria os aristocráticos Hispano-Suiza atrasou.
Havia uma área externa com tratores e caminhões. A Ford fez uma linha de produção, especialmente para o evento, e montou dezenas de Modelos T ante olhares de moças de sombrinha. Mas as maiores atrações para o “Rio elegante” eram as corridas diárias numa pistaa de terra à beira mar. Cavalheiros formavam uma compacta massa para apreciar as provas. A Bugatti de Julio de Moraes fez AA média de 108 Km/h !
Os pavilhões principais da mostra foram aproveitados da Exposição de 1922. Na foto o de Portugal que saiu do Rio e hoje está em Lisboa.
O pavilhão da Itália, construído para a Exposição Internacional de 1922, foi aproveitado na mostra automobilística de 1925.
A marca francesa Avions Voisin mostrou seus sofisticados modelos o carro dos reis, o rei dos carros.
A marca suiça de caminhões Saurer tinha grande presença no Brasil, representada por Carlos Schlosser.
O estande da Lancia tinha até caminhões e bicicletas, além do revolucionário automóvel Lambda à direita.
Nos Hudson e Essex, bandejas para evitar pingos de óleo no chão.
Havia espaço até para os encarroçadores de ambulâncias.
O estande da Packard manteve o luxo dos vitrais do antigo pavilhão da Itália.
Um Buick cercado por azulejos no interior do antigo pavilhão de Portugal. O prédio existe até hoje… em Lisboa!
O Itala foi campeão no rali de regularidade e economia, promovido na Gávela como parte da exposição.
Corrida após o desmonte do castelo.
A Ford fez uma linha de montagem do Modelo T no centro do Rio, durante os dias de exposição.
O estande da Ford com diversos Lincoln. Um luxo só, e sem as mulheres-samambaia dos salões de hoje.
O primeiro Ford Modelo T construído na linha de montagem da exposição.
Por 16 dias, a Ford fez a façanha de montar carros numa linha improvisada, aos olhos do público.
Os caminhões foram expostos e, carregados, participaram de uma prova de ida e volta ao Alto da Boa Vista.
Uma fila de caminhões Ford produzidos na linha de montagem temporária.
Tratores Fordson em uma foto que dá a ideia de onde foi a exposição perto da atual Academia Brasileira de Letras.
Um caminhão GMC carregado fazia demonstrações diárias de força. No chão, a sombra do fotógrafo.