quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Tempo Não Parou no Galeão

Observem esta foto histórica. 

Entrada da Base Aérea do Galeão em 1954


É a entrada da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, durante o inquérito policial militar sobre o assassinato do Major Vaz, que culminou com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954. Naquele ano, após o jornalista Carlos Lacerda ter sofrido um atentado atribuído a Gregório Fortunato, chefe da Guarda Presidencial, que levou à morte do Major Rubens Vaz, da Aeronáutica, instalou-se na Base Aérea do Galeão a chamada “República do Galeão”. Este nome foi dado, à época, pela imprensa para o IPM feito a fim de apurar o atentado e, principalmente, a morte do Major. Há quem diga que houve intenção de, mesmo que indiretamente, atingir o então Presidente da República, Getúlio Vargas. O que, posteriormente, culminou no suicídio de Getúlio Vargas foi uma sucessão de outros fatos.

Se você pensa que estávamos falando de um passado não tão distante como foi o ano de 1954 (e realmente estávamos), observem esta outra foto. Sim, a foto é outra, mas o local é o mesmo. 


Portal principal da Aviação Naval da década de 1930

Este é o Portal da Aviação Naval na década de 1930, fotografado de frente, num endereço que certamente era Praia do Galeão, pois estávamos num tempo em que ainda não havia a estrada do Galeão. Mesmo décadas mais tarde, na de 1960, por exemplo, quando meus pais moravam no Galeão, nosso endereço era Praia do Galeão nº 150. Hoje, este endereço é apenas uma referência histórica, pois algumas quadras foram demolidas para dar lugar à Estrada Vinte de Janeiro (esta data tem um motivo), que dá acesso ao atual Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro.

Em novembro de 1921 foi criado o Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro. O local escolhido foi a Ponta do Galeão, nos terrenos ocupados pela Escola de Aprendizes de Marinheiros. Após a conclusão das obras em 1924, mediante a construção do Centro de Aviação Naval, de uma pista de concreto e do Centro de Aviação Naval, o complexo já estava em pleno funcionamento.

Já em meados da década de 30, existia a idéia da criação do Ministério do Ar, independente do Ministério da Guerra. Até porque o mundo caminhava neste sentido. Em 1918, a Inglaterra criou a sua RAF – Royal Air Force. Em 1923, a Itália criou a Reggia Aeronáutica. Em 1928, a França criou a Armée de l’Air. Oficiais mais antigos e entusiasmados deram corpo à campanha do Ministério do Ar, liderada pelos Tenentes Coronéis Ivo Borges e Armando de Souza Aragibóia, o Capitão de Corveta Amarílio Vieira Cortez e, ainda, o Capitão Tenente Aviador (naval) Virginius Brito de Lamare, de quem eu sempre ouvi falar como Brigadeiro de Lamare. Finalmente, com a criação do Ministério da Aeronáutica em 20/01/1941, o Galeão foi “dominado” por jovens apaixonados por aviões, os aviadores (do ar). Os pioneiros.

Getúlio Vargas nomeou um civil para apaziguar os ânimos de rivalidade entre homens da Aviação Militar do Exército, da Aviação Naval, sem contar com a comercial neste bolo. O Sr. Joaquim Pedro Salgado Filho, um gaúcho que o apoiou na Revolução de 30, é claro, deve ter suado a camisa com o desafio de integrar mentalidades e culturas distintas como o primeiro ministro da aeronáutica.

Hoje, as duas águias e os portões tombados pelo patrimônio histórico já não funcionam formalmente.



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