domingo, 3 de julho de 2011

Renoir e sua "Joie de Vivre"

Pierre Auguste Renoir nasceu em Limoges, em 25 de fevereiro de 1841. Quando ele tinha quatro anos a família mudou-se para Paris. Sua família tentou fomentar nele o gosto pela pintura, por pensar que seria essa a maneira mais fácil de ganhar a vida. Deste modo, aos treze anos entrou como aprendiz para a loja dos irmãos Levy, decoradores de porcelana.

Em 1862, para evoluir na pintura, além da instrução formal que possuía, entrou para a Escola de Belas Artes, além de entrar para o ateliê de Charles Gleyre, pintor suíço dono de uma loja de artes. Foi ali que conheceu Claude Monet. Nesse período, havia o que ele e seus “amigos de Escola” chamavam de "sessões" de pintura ao ar livre, “peinture en plein air”. Os parques e bosques próximos à Paris eram excelentes para o intento. Foi neste período o início das discussões a respeito de uma nova maneira de pintar, numa tentativa de captar nas telas momentos tão passageiros quanto a luz do sol e as sombras. Os amigos de Renoir da Escola de Belas Artes de Paris chamavam-se Monet, Sisley, Bazille, Degas, Manet etc. Formava-se, assim, o grupo que criaria o movimento que ficou conhecido como Impressionismo.

De início, os trabalhos dos jovens pintores, não foram bem recebidos, sendo até mesmo ridicularizados pelas instituições artísticas, tendo suas obras recusadas para as exposições do Salão Oficial de Paris. No caso de Renoir, que até gostava de pintar paisagens, mas tinha clara preferência por retratar pessoas, quaisquer que fossem elas, o mundo era composto por ruas reluzentes, muita luz e vida cotidiana. Estes eram os temas preferidos em sua obra. Aí estava a sua famosa ”joie de vivre”.

Renoir continuou integrando o grupo dos impressionistas, mas nunca deixou de fazer os retratos convencionais para sobreviver, além de expôr suas obras rejeitadas pelo Salão Oficial no Salão dos Recusados. Em 1868 começou a trabalhar junto com Monet, um dos velhos amigos da loja de Gleyre. Passaram a pintar juntos, em Argenteuil, onde Monet tinha uma casa que se tornou ponto de encontro daqueles novos pintores. Só depois que sua mulher Camille Doncieux morreu de câncer aos 32 anos de idade, Claude Monet mudou-se para Giverny, em 1883.

Em 1871, após uma viagem à Itália, Renoir voltou à França com novo fôlego e decidiu deixar um pouco de lado a maneira rápida, "inacabada" e impressionista de pintar. Na Itália, Renoir apreciou e se inspirou nos renascentistas e, em especial, Rafael. Ele ficou tão impressionado com o trabalho dos renascentistas italianos que chegou à conclusão de que nada sabia de desenho, e muito pouco de pintura. Ao voltar à Paris, queria retratar personagens mais delineados e severos, como o que fez numa série de obras como "As Banhistas" (1884/87), com clara influência de mestres do Renascimento. Essa fase foi a que ficou conhecida por alguns críticos como "Período Ingres".

Pode-se dizer que Renoir atingiu sua maturidade como pintor nos anos 1860/70, desde os tempos da Grenouillière. Sua habilidade em pintar a luz que passa por entre folhagens e atinge o solo e as pessoas em pequenos pontos de claridade e sombras era excepcional. A atmosfera alegre e descompromissada de trabalhos como "Le Bal au Moulin de la Galette", em 1876, rendeu a Renoir a crítica de ser um "hedonista burguês" por retratar tantas cenas de pessoas se divertindo, comendo e bebendo. Ou mesmo por realizar tantos retratos de amigos e personalidades da dita "alta sociedade". O fato é que Renoir só conseguiu viver confortavelmente depois dos 40 anos, e era o tipo de artista que só trabalhava quando estava feliz. Foi, também, um pintor que não teve medo de mudar seu estilo quando sentiu essa necessidade: durante alguns anos, após voltar da Itália, dedicou-se a temas mais clássicos e formalistas.

Algum tempo depois, entretanto, o artista voltaria ao seu estilo mais característico, mesclando conhecimentos clássicos a cores mais quentes, cenas do dia-a-dia e pinceladas mais livres. Neste momento, Renoir passa a criar as suas próprias técnicas.

O quadro "Guarda-chuvas", iniciado em 1880 e terminado em 1886 é uma composição cheia de planos de cores. Em sua criatividade, Renoir descobriu que traço firme e riqueza de colorido eram coisas incompatíveis. Passou então a combinar o que havia aprendido sobre cor, durante seu período impressionista, com métodos tradicionais de aplicação de tinta. O resultado foi uma série de obras-primas. O reconhecimento oficial veio em 1892 quando o governo francês comprou "Au Piano".

Em 1885 nasce Pierre, filho de Renoir e Aline Charigot Renoir, que há muito tempo era sua amante e modelo. Passava longos períodos no sul com Aline, com quem se casara. O segundo filho, Jean, nasce em 1894. Mais tarde ele se tornaria um dos maiores diretores de cinema na França.


Aline Charigot Renoir, sua musa e modelo, depois sua esposa.

O terceiro filho, Claude nasceu em 1901. Sua casa em Cagnes, Les Colletes, que Renoir construiu em 1907, tornou-se um importante refúgio para o trabalho e a vida doméstica. Renoir sentia cada vez mais dificuldades para segurar os pincéis, em virtude da artrite. Tinha de amarrá-los às mãos. Ainda assim, Renoir continuou trabalhando até o último dia de sua vida. Aline Charigot Renoir morreu em 1915.


Madame Georges Charpentier e suas filhas de 1878, exposto no Louvre.

Em agosto de 1919, Renoir é levado por amigos ao Museu do Louvre para ver lá, pela primeira vez, seu trabalho exposto: "Sra. Charpentiere as suas filhas". No Louvre está também a obra terminada em 1918: "As Banhistas". Renoir morreu em Cagnes, no dia 3 de dezembro de 1919, aos 78 anos.


Pierre-Auguste Renoir em fotografia de 18/10/1904

No final da página deste blog, no "Para Olhar com Olhos de Ver", a vez agora é de Renoir. Procurei incluir no slideshow as mais conhecidas e as mais belas pinturas deste gênio. Entretanto, para um artista que produziu mais de 1500 obras, não consegui incluir menos de 120.


2 comentários:

  1. Ainda não, só postei o clip aqui. Já está em cartaz? Perdi-me no tempo. Vou assistir ASAP pq a fotografia do filme é de matar. : )

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Tô só de olho em você...
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