sexta-feira, 30 de setembro de 2011

As impiedosas flechas de cupido

Um grande amigo meu é a mais nova vítima das impiedosas flechas de cupido. E todos, homens ou mulheres, quando são arrebatados por uma dessas flechinhas ficam meio bobos mesmo. Então, resolvi colher algumas impressões masculinas sobre os efeitos deletérios do veneno contido na ponta da tal flechinha. Em condições normais de temperatura e pressão, é sabido que homens não pegam no telefone nem para ligar para os próprios amigos, a menos que seja “pra tomar umas cervejas”.

Eis algumas das pérolas mencionadas pelos marmanjos:

Ele chama a menina para assistir uma comédia romântica.

Cada homem tem sua reação! Simples mortais ficam bobos, falam merda, tentam se elevar perante a concorrência etc. Outros ignoram, maltratam, sei lá...

Quando ele não reclama de pagar as contas, não reclama de assistir novela, dá total ênfase na higiene pessoal (esse sinal é inegável!); não se irrita no trânsito ao lado dela; sequer olha pros lados, mesmo em um concurso Miss Universo.

Homem apaixonado fica meio bobo mesmo, é fácil de notar isso. Ele leva o carro dela na oficina pra evitar que aquele “monte de marmanjo fique cobiçando sua mulé".

Se ele olha mais pro seu rosto do que sua bunda e peitos, pode levar que esse e seu. Mas se olhar só pro rosto é viado, e você ganha uma nova amiga.

Começa a frequentar os lugares que ela frequenta e sempre dá um jeito de estar por perto dela, mesmo fingindo que tudo não passa de “mero acaso”.

Além de se irritar profundamente com qualquer outro cara que demonstre qualquer tipo de coisa em relação a ela, ele dá presentinhos sem motivos; perde o interesse, mesmo que momentaneamente, por outras mulheres; quer conhecer a família da moça; tem ciúmes dela; muda sua rotina pra ficar mais tempo perto dela; liga, manda mensagens SMS etc. pelo menos a cada dois dias; se afasta dos amigos; aceita ir no cinema na quarta à noite, no mesmo horário do jogo do seu time; sai com ela e as amigas dela, fica ouvindo conversas femininas, e acha bom.

Fica com cara de bobo sempre meio que sorrindo enquanto conversa; dá mais atenção do que o normal; dá risada da maioria das coisas que ela fala; enfim, homem apaixonado é uma merda...

Para de contar os dias em que vocês se veem e começa a contar os dias em que vocês não se vêem.  E um sinal que não é demonstrado mas a gente sente: pensar nela quando está com outra. Agora, o mais básico de todos, ficar naquela coisa do "aiai" suspirante, sentindo saudades.

Ele apaga todos os links pra sites de sacanagem do computador (os mais inseguros exportam os links pra um pen drive); ele pensa seriamente em conhecer mais de perto criaturas alienígenas como rúculas, beringelas e café descafeinado para acompanhá-la; elimina da agenda eletrônica todos os nomes que terminam com "a"; tira o nome e o perfil de sites como Match.com, Par Perfeito etc.

Tenho um amigo dentista que diz: homem só corre pro dentista quando dói muito ou está apaixonado.

O maior sinal é quando ele coloca o objeto amado em primeiro lugar de importância, e a acha linda de todo jeito, com roupa, sem roupa, despenteada, com cólica etc.

Arruma alguma desculpa pra estar do lado dela ou simplesmente vê-la. Se a vê, a convida para sair. Se sai com ela, vai bem arrumado, perfumado, e com barba feita na maioria das vezes. Se não tem carro, pega emprestado pra não fazer feio. Durante o passeio, pode ser cuidadoso, ou descarado, avançando ou esperando um sinal mais óbvio de interesse. Se recebe esse sinal, avança e a beija com cuidado e a olha nos olhos.

Usa aquela camisa ridícula que ela deu só para agrada-lá; consegue ir com a sogra num shopping para ajudar a escolher um sofá; briga com os amigos quando eles dizem que você virou um pateta; acha que mandar poemas e flores são as coisas mais legais do mundo; naquela reunião de trabalho super importante ele só consegue pensar nos ursinhos carinhosos; chora ao lado dela ao assistir Paixão de Cristo para demonstrar que é religioso e sensível; deixa de comprar aquele tênis para comprar bombons para ela; depois de 6 meses inoperante resolve voltar a malhar como se fosse para as olimpíadas.

Quando ele quer programa "edredom-filme-sorvete" na sexta à noite em vez de ir pra balada; quer passar todo tempo livre possível ao lado dela; quando ela vai visitá-lo ele logo oferece uma roupa dele pra ela ficar "à vontade"; fala com tom doce ao telefone; tem tesão avassalador, e quando a parada é muito séria, trata o corpo dela melhor do que o carro dele.

Quando andam juntos, faz ela andar na frente dele ou então ao lado segurando a mão; quando viaja, mesmo que seja a trabalho, traz algum presentinho, faz planos simples e racionais, a médio prazo, como visitar uma exposiçao na outra semana, ou fazer uma viagem de carro no final de semana do mês que vem, põe a mão no colo dela quando está dirigindo; escuta o que ela tem a dizer; lembra de comprar algo que ela gosta quando faz compras etc etc.

Distinguir se o cara está apaixonado ou só querendo pegar a menina, sinceramente não sei como. Minha sugestão é que o “Lobo Mau” leve “Chapeuzinho Vermelho” para um piquenique.






domingo, 25 de setembro de 2011

Exposição do Mundo Português

No século XV, Isabel de Castela (1451/1504) se casou com Fernando de Aragão (1452/1516). O casamento ocorreu em 1469 e uniu os dois reinos que, fortalecidos, conseguiriam expulsar os árabes do sul da Península Ibérica... O périplo africano durou 73 anos, da tomada de Ceuta, até a chegada ao Cabo da Boa Esperança. Deve-se esse avanço à Escola de Sagres, ao incentivo governamental, ao dinheiro dos Templários e às iniciativas dos comerciantes e navegadores, entre outros... As navegações do Século XV, que ficou conhecido como Século das Navegações.
A Exposição foi montada em Lisboa, numa vasta área junto ao Rio Tejo, tendo como fundo o Mosteiro dos Jerônimos, ocupava cerca de 560 mil metros quadrados e aconteceu entre 2 de julho e 2 de dezembro de 1940.

Salazar
A Exposição do Mundo Português foi um importante acontecimento político-cultural do Estado Novo português. Foi inaugurada, em 23 de julho de 1940, pelo chefe de Estado, Marechal Oscar Carmona, acompanhado pelo Presidente do Conselho, Antonio de Oliveira Salazar, e pelo Ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco, Presidente da Câmara de Lisboa Eduardo Rodrigues de Carvalho e pelo Cardeal Patriarca de Lisboa D. Manuel Gonçalves Cerejeira. Era composta por pavilhões temáticos relacionados com a história, atividades econômicas, cultura, regiões e territórios ultramarinos de Portugal e também um Pavilhão do Brasil, o único país estrangeiro convidado.

A Exposição do Mundo Português foi a maior exposição realizada em Portugal até a Expo 98. Teve o intuito de comemorar, simultâneamente, o centenário da Fundação do Estado Português, ou criação da nacionalidade, como dito em Portugal, em 1140, e da Restauração da Independência, em 1640.

Em plena guerra civil da Espanha, quando os regimes autoritários pareciam impor-se na conturbada cena política europeia, o Estado Novo português consolidava-se. É neste ambiente que, em 27 de março de 1938, Salazar anuncia a realização, em nota oficiosa, de uma grande comemoração para o ano de 1940. A iniciativa assumiu então, em termos de recursos materiais e humanos, uma dimensão inédita, tornando-se o mais importante acontecimento político-cultural do Estado Novo português. O empenho político nas comemorações resultou da compreensão do que estava em jogo: concretizar, em forma de comemoração, a consagração pública de uma legitimidade representativa própria, eminentemente ideológica e histórica. Mais do que isso, Portugal buscou, pela mão dos artistas e a pena dos historiadores, difundir, com “a clareza” possível, essas linhas invisíveis da continuidade, que uniam a grandeza do passado, do presente e do futuro de Portugal.

O certo é que, enquanto em junho os portugueses assistiam pacíficos à inauguração da sua “cidade mítica”, nas chancelarias já se acendera o alarme – a guerra alastrava-se por toda a Europa. Encerrada a 2 de Dezembro, a Exposição recebeu cerca de três milhões de visitantes, constituindo o mais importante fato cultural do regime – regime este que sofreria a sua primeira crise política, passados quatro anos, com o fim da II Guerra Mundial e com a derrota dos regimes de Hitler e de Mussolini.


Monumentos
Centrada no grande quadrilátero da Praça do Império, a Exposição era definida lateralmente por dois grandes pavilhões, longitudinais e perpendiculares ao Mosteiro dos Jerônimos: o Pavilhão de Honra e de Lisboa, de Luis Cristino da Silva, e do outro lado, o Pavilhão dos Portugueses no Mundo, do próprio Cottinelli Telmo.

Perto do rio Tejo, atravessando-se a linha férrea através de uma passarela monumental de colossais cruzados, a Porta da Fundação, encontrava-se a Seção Histórica. Nesta seção, encontavam-se: o Pavilhão da Formação e Conquista, Pavilhão da Independência, Pavilhão dos Descobrimentos e a Esfera dos Descobrimentos. Do outro lado, situava-se o Pavilhão da Fundação, o Pavilhão do Brasil e o Pavilhão da Colonização. Atravessando o Bairro Comercial e Industrial, chegava-se perto do Mosteiro dos Jerônimos, à entrada da Seção Colonial. No canto oposto, um Parque de Atrações fazia a delícia dos jovens e das crianças. Descendo em direção ao rio, e para além do Pavilhão dos Portugueses no Mundo, a Seção de Etnografia Metropolitana, com o seu Centro Regional, contendo representações das Aldeias Portuguesas e os Pavilhões da Vida Popular. Por trás deste último pavilhão, encontrava-se o Jardim dos Poetas e o Parque Infantil. À frente do Rio Tejo, com as suas docas, um Espelho de Água com um restaurante abria o caminho para o Padrão dos Descobrimentos e para a Nau Portugal.

De todas estas obras, algumas se destacaram e perduram na memória da atualidade. Do Pavilhão dos Portugueses no Mundo, com um risco “simples”, destacava-se sobretudo a possante estátua da Soberania, esculpida por Leopoldo de Almeida. A imagem de uma severa mulher couraçada, segurando a esfera armilar e apoiada num litor legendado com as partes do Mundo, em caracteres góticos.

O Padrão dos Descobrimentos, vindo dos esforços de Cottinelli e de Leopoldo de Almeida, mostrava a verdadeira importância dos descobrimentos na História portuguesa. Constituído por diversas figuras históricas, o Infante D. Henrique destacava-se na sua proa, como timoneiro de todo o projeto expansionista português. De fato, o padrão original, construído em estafe sobre um esqueleto de madeira, teve um triste fim. A figura do monumento ficou tão presente no imaginário nacional, que foi reconstruído em 1965, mas desta vez em pedra, e ainda hoje se mantém nas margens do Tejo.

A Nau Portugal
A “Nau” Portugal mostrou também ser uma magnífica reconstituição do passado. Esta embarcação era na realidade a réplica de um galeão da carreira da Índia do século XVII. Construída nos estaleiros de Mestre Manuel Maria Bolais Mónica, na Gafanha da Nazaré, para figurar, em 1940, na Exposição do Mundo Colonial Português. Terceiro centenário da Restauração e oitavo da Independência de Portugal. Foi lançada à água, depois de pronta, a 7 de junho de 1940. Saiu a primeira vez com destino à Lisboa em julho e sua inauguração solene foi a 8 de setembro. No entanto, ela afundou rapidamente. Minutos após a partida, tombou para o lado. Milhares de pessoas assistiram ao lançamento da Nau Portugal ao mar quase com a certeza de que ela iria virar, como, infelizmente, aconteceu, perante a tristeza de enorme multidão, que não escondia as lágrimas correndo pelo rosto. Como pensara Mestre Manuel Maria. Sempre pusera em dúvida que ao entrar na água ela pudesse se estabilizar. Ele dizia desde o princípio que o projeto – elaborado por um oficial da Armada com base num estudo profundo em desenhos antigos – não lhe oferecia a garantia necessária para a sua navegabilidade. E tinha tanta certeza do que dizia que impediu o Bispo de Aveiro, D. João Evangelista de Lima Vidal, que a benzeu e visitou interiormente, permanecer na Nau durante a sua descida pela carreira da água. A nau chegou a estar presente na Exposição do Mundo Português; mas, para chegar lá, precisou de grandes esforços para se repor de pé, e acabou por ser pilotada até Lisboa por marinheiros ingleses. A Nau teve um fim diferente daquele para que fora concebida, pois acabou os dias como simples barcaça. Bela e ricamente decorada, destinava-se a servir para exposição dos nossos melhores produtos, viajando pelos diversos países, em especial o Brasil. A ideia da Nau Portugal partiu do grande artista Leitão de Barros, que foi o Secretário-Geral da Exposição do Mundo Colonial Português.

Enquanto fazia algumas leituras na internet para saber mais acerca deste acontecimento histórico, do qual eu não tinha conhecimento até poucos meses atrás, encontrei este interessante comentário na aba “Discussão” da Wikipedia:
”Não sabia que a fundação de Portugal tinha sido em 1140!!! Pensei que tinha sido em 1139 ou em 1143... D. Afonso Henriques tornou-se independente da mãe em 1139 com a Batalha de S. Mamede. No entanto data de 1140 o primeiro documento, do Mosteiro de Santa Cruz, onde o nosso Primeiro se intitula pela primeira vez "Rex" - Rei (provavelmente tal documento terá sido até forjado no Mosteiro). 1143, data do Tratado de Zamora marcou a nossa independência face a Castela. A data em causa de 1140 tem por base o primeiro momento em que nos intitulamos como reino independente - viria mais tarde a confirmação laica e posteriomente religiosa (1179, Bula Manifestis Probatum).”

 

Para saber mais, ver: BARROS, Júlia Leitão de, “Exposição do Mundo Português”, in BRITO, J. M. Brandão de, e ROSAS, Fernando (dir.), Dicionário de História do Estado Novo, Lisboa, Círculo de Leitores, 1996, vol. 1, pp. 325-327; MÓNICA, Maria Filomena, “Exposição do Mundo Português”, in BARRETO, António, e MÓNICA, Maria Filomena (Coord.), Dicionário de História de Portugal, Vol. 7, Lisboa, Livraria Figueirinhas, 1999, pp. 710-711.



quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Praia do Pinto no Leblon

Hoje no cantinho "O Túnel do Tempo" postei uma foto pequena da favela da Praia do Pinto, que ficava no Leblon. Para aqueles que têm menos de 30 anos, posto aqui uma foto maior e com as indicações dos locais atuais na foto, de modo a se ter uma ideia melhor de onde exatamente era a Praia do Pinto e sua extenção.


Os Impactos Fatais da Ignorância

Nestes tempos em que os homens, os mais jovens para minha surpresa, andam tão incomodados com os seus pares humanos “diferentes”, a ponto de insultar, agredir fisicamente, espancar e até matar o próximo, achei que cairia com uma luva o documentário da BBC, produzido em 2007, Racism: A History, Grã-Bretanha, direção: David Osuloga.

Esse documentário é uma série de três episódios:
1. A Cor do Dinheiro
2. Impactos Fatais
3. Um Legado Selvagem

Assisti na TVEscola apenas ao 2º episódio da série, Impactos Fatais, e fiquei impressionada com a qualidade da documentação e a narrativa histórica na linha do tempo. O 2º episódio se desdobra em quatro partes. Para aqueles que gostariam de conhecer a história da maneira que ela deveria ser ensinada nas escolas, esta é uma boa oportunidade. Observem o quanto desconhecemos sobre os fatos históricos e como eles interferem no nosso presente.

Observem também que xenofobia é uma palavra terrível, mas uma das maiores loucuras humanas chama-se eugenia, que nos dicionários é definida como “Ciência que estuda as condições mais propícias à reprodução e melhoramento genético da espécie humana.”

Infelizmente, uma teoria privilegiada como a de Charles Darwin, que tanto contribuiu para o desenvolvimento da ciência, foi deturpada com o passar do tempo. Alguém conhece o termo “Darwinismo Social”? Pois foi este o nome que, em 1944, o historiador norte-americano Richard Hofstadter, popularizou na tentativa de se aplicar o darwinismo nas sociedades humanas. O sucesso da teoria da evolução de Darwin levou mentes doentias das ciências sociais, baseadas na tese da sobrevivência do ser mais adaptado, a cometerem insanidades. Este documentário me fez lembrar imediatamente de uma palestra maravilhosa a que assisti há muitos anos, chamada “A Evolução da Teoria da Evolução”.

Percebam ainda que o holocausto da II Grande Guerra, na realidade, foi apenas mais um capítulo horrendo, da série de extermínios em massa, de genocídios pelos quais a espécie ”Homo sapiens” passou durante apenas o século XX. Esse é mais um tema para nos levar à reflexão.


Não deixem de procurar por esse excelente documentário no Youtube. Vocês não se arrependerão de assistir a cada um deles.




segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Filosofar, pensar ou matutar?

A idéia atual da felicidade é um legado do Cristianismo. Essa religião prometeu a todos a ressurreição e o paraíso condicionados ao sofrimento na Terra e ao trabalho para a salvação de nossas almas. Essa mensagem, que durou até os anos 1950/60 foi assumida e perpetuada por todas as ideologias laicas: o marxismo, o socialismo e até mesmo o liberalismo. Portanto, essa euforia, que promete vida após a morte, tornou-se disponível e, aqui embaixo, o mundo dos mortais deixaria de ser um vale de lágrimas. Mas o fato é que esse direito divino à felicidade tornou-se, com o triunfo do individualismo, uma obrigação: já que não há mais uma ordem social, moral ou religiosa que impessa as pessoas de serem felizes. Mas eu não acho que podemos reduzir a situação atual como sendo unicamente uma herança cristã, com essa concepção de felicidade terrena, segundo os dogmas da igreja, sem os quais viveremos em pecado e culpa ad eternum. Tirar um sarro da felicidade, então? Sem dúvida, é a condição de uma vida feliz. E perceber que o ideal de vida sem tempo de inatividade ou obstáculo, o ócio mesmo, para usar esse antigo clichê, seria um ideal de propaganda, ou industrial, ou pior, de consumismo? Definitivamente, isso não é um ideal humano. O “cada vez mais”, traz nele mesmo a insatisfação que ele alega curar. Na verdade, existem duas concepções de felicidade: a felicidade na expansão da vida, aquela em que se quer pretende seja mais vasta, vislumbrando mais horizontes a alcançar. E a felicidade na contração, que me parece defender os ambientalistas, ou seja, produzir menos, gastar menos, descobrir as virtudes da economia, reduzir emissões de carbono etc. Interessante é que eles colocam a mesma energia para se reduzir que alguns capitães de indústria para se expandir. É através destes movimentos de decrescência, representantes do velho ascetismo atual de algumas religiões, que acabam por reaparecer! Então, por que ainda há falhas nessa imensa máquina de progresso ou de evolução? Porque a felicidade se tornou para nós o horizonte inatingível... Mas, felizmente, os conselheiros de sorriso simpático e amigável estão aí para me ajudar... Que felicidade! Uma observação, quando falo de “conselheiros de sorriso simpático e amigável”, falo dos terapeutas, coaches, mentorings blá, blá, blá, que nos dizem sempre como fazer o melhor para o nosso desenvolvimento pessoal.


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Restaurante Mais Antigo do Mundo

Hoje recebi um e-mail falando sobre o restaurante mais antigo do mundo ainda em atividade. O Restaurante Sobrinho de Botin (anteriormente Casa Botin) figura no Ginness, Livro dos Records. Foi fundado como uma loja no ano de 1725. Desde então, mantém-se aberto em seu velho edifício de quatro andares. Ainda segundo o Guinness, o restaurante fica na Rua dos Cuchilleros nº 17, próximo à Plaza Mayor de Madrid, na Espanha. Sei que o Guinness tem uma gama variada de categorias e critérios para que um determinado recorde figure em suas páginas. Por isso mesmo, não procurei aprofundar-me nesta informação, pois quando eu li 1725, ou seja, século XVIII, achei melhor avisar a todos que o restaurante mais antigo do mundo ainda em atividade, que eu saiba, não é este.

E isso não é tudo... Diz o autor da informação (para mim, uma propaganda descarada) que, apesar do reconhecimento do Guiness, “outros estabelecimentos disputam a condição de serem o restaurante mais antigo do mundo”. Seria o caso do restaurante alemão Hundskugel, em Munique e o do francês Tour d’Argent, em Paris, que dizem datar de 1440 e 1582, respectivamente. Eu jamais ouvi falar do Hundskugel. Sobre o Tour d’Argent, em Paris, é verdade que ele abriu suas portas em 1582. Entretanto, seu funcionamento não é ininterrupto.



Contudo, eu sei qual é o restaurante mais antigo do mundo ainda em atividade e, além disso, tive o prazer de conhecê-lo no ano passado. Trata-se do ‘Le Procope’, em Paris, que, ao contrário do Tour d’Argent, continua em funcionamento ininterrupto desde sua inauguração. Bem verdade que ele foi inaugurado alguns anos mais tarde, pouco mais de um século, 104 anos. Bem, por que, então, ele não figura no Guinness? Não vou colocar minha mão no fogo por esta informação, mas é certo que só pode ser pela simples razão de que o ‘Le Procope’ não foi inaugurado com o nome de restaurante. Tampouco o Sobrinho de Botin, pois o nome “restaurante” é uma palavra de origem francesa e, no século XVIII, não era comum a utilização desta denominação na Espanha. O ‘Le Procope’ abriu suas portas como um “café”. Na realidade, foi ele que difundiu pela cidade-luz o conceito que hoje vemos a cada esquina de Paris, os “Cafés”.

Em 1686, Francesco Procopio dei Coltelli, um cavalheiro de Palermo, instalou na rue des Fosses em St. Germain (atual rue de l'Ancienne Comédie) um lugar onde as melhores bebidas e os melhores sorbets podiam ser degustados. Numa atmosfera agradável e nas proximidades de l’Ancienne Comédie Française, rapidamente fez do seu estabelecimento o “point de celebridades”, em carioquês, mas em bom francês, “le lieu de réunion des beaux esprits” (literalmente, o lugar de reunião dos belos espíritos). O restaurante, na verdade, o primeiro café literário do mundo acabara de nascer. Por mais de dois séculos, todos que tinham um nome, ou esperavam para entrar no mundo das letras, das artes e da política, participavam do ‘Café Le Procope’. De La Fontaine, passando por Voltaire, Rousseau, Beaumarchais, Balzac, Victor Hugo, Verlaine, e muitos outros, a lista de habitués do ‘Le Procope’ é a mesma dos grandes nomes da literatura francesa. No século XVIII, as idéias liberais começaram a tomar corpo e a ocupar espaço, lá mesmo no Café. A história dos Enciclopedistas está intimamente ligada ao ‘Le Procope’, frequentado por Diderot, d'Alembert e Benjamin Franklin. Durante a Revolução Francesa, Robespierre, Danton e Marat conheceram lá o tenente Bonaparte que deixou seu chapéu como um símbolo. O ‘Le Procope’ renasce para o século XXI às sombras generosas de sua história. Símbolo do passado, a mesa de Voltaire demonstra a perenidade do lugar, que está pronto para receber novas glórias.

Tudo começou com minha indignação para com o senhor que não investigou a exatidão do que escreveu e corri para dizer da inexatidão do que foi dito. Depois de escrever tudo que sei sobre o Café dos Cafés parisienses, o ‘Le Procope’, acabei por lembrar-me de uma curiosidade interessante que acredito poucos devem conhecer.

Por que o nome Procope?
O Café Procope, na rue de l'Ancienne Comédie, 6ème arrondissement, é chamado de o mais antigo restaurante de Paris em operação ininterrupta.

O Fundador

Fundado em 1694 pelo siciliano, Francesco Procopio dei Coltelli, com uma sutil subversão na escolha do nome ‘Procope’ fazendo alusão a Procopius, o historiador, de quem sua História Secreta, a Anekdota (será que é daí que vem a palavra tão usada por nós, atualmente?), contava os escândalos do Imperador Justiniano, sua Imperatriz e ex-dançarina, Theodora, e sua corte. Procopius de Caesarea (circa 500 DC – circa 565 DC) foi um proeminente bisantino estudioso da Palestina. Acompanhando o general Belisário nas guerras do Imperador Justiniano I, tornou-se o principal historiador do século VI, documentando as guerras justinianas, as construções justinianas e a tão falada ‘História Secreta’. Ele é geralmente considerado o último grande historiador do mundo antigo.


A famosa ‘História Secreta’ foi descoberta séculos depois de escrita na biblioteca do Vaticano e publicada por Niccolò Alamanni em 1623. Sua existência já era conhecida. Fazia-se referência a ela como a ‘Anekdota’ (em latim Anecdota, "escritos impublicáveis”). A ‘História Secreta’ cobre, aproximadamente, os mesmos anos em que os primeiros sete livros da História das Guerras de Justiniano foram elaborados por Procopius, e parece ter sido escrita após a publicação destes sete livros, ou seja, ele seria uma espécie de “oitavo livro” da série. Hoje é consenso que as datas apontam para 550 ou 558, ou até mais tarde, em 562. A ‘História Secreta’ revela um autor que se tornou profundamente desiludido com o imperador Justiniano e sua esposa, Theodora, a imperatriz, bem como com o general Belisário, seu ex-comandante e patrono, e Antonina, a esposa de Belisário. As “anedotas” reivindicam a exposição dos motivos secretos das ações públicas, bem como da vida privada do imperador, de sua esposa e de sua “entourage”. Justiniano é atirado aos leões por Procopius, que o classifica como cruel, venal, pródigo e incompetente. Com relação à Theodora, o leitor foi presenteado com a representação mais detalhada e sórdida de vulgaridade e luxúria. A imperatriz seria a mistura de uma megera mesquinha, pobre de espírito, corrompida pelo vício, sempre insatisfeita, obscena e insaciável.

Incrível como a história dos detentores do poder, em qualquer lugar, em qualquer época, insiste em se repetir totalmente desprovida de escrúpulos.

Em tempo, vale a pena um cair de tarde no ‘Café Procope’. É muito bom.


sábado, 3 de setembro de 2011

Bonde de Santa Teresa, fato imoral e revoltante

Em 1 de setembro de 2011, dia em que o transporte por bondes no bairro de Santa Teresa, completou 115 anos, não houve comemoração, mas um protesto que reuniu moradores, ferroviários, vítimas e parentes do acidente ocorrido em 27 de agosto, apenas cinco dias antes. A tragédia deixou cinco mortos incluindo o motorneiro Nelson Correia da Silva, profissional com, no mínimo, 30 anos de experiência na condução dos bondes. Impossível não dizer que o acidente aconteceu por total falta de manutenção do sistema dos bondes. O descaso do poder público com um dos cartões postais cariocas era visível.

O bonde de Santa Teresa já fazia parte da paisagem da cidade.

A propósito do absurdo que aconteceu com o bondinho de Santa Teresa, uma amiga disse o seguinte: “Está me parecendo que eles não têm manutenção há um bom tempo, pois são vários acidentes muito próximos uns dos outros, coisa que não era comum. O meu receio é que essa possível falta de manutenção seja proposital, para que a prefeitura e os famigerados empresários de ônibus consigam tirar de circulação a única linha de bonde que conseguiu permanecer em atividade aqui no Rio. Esse pessoal que controla o poder (seja ele de que espécie for), é capaz de qualquer coisa!”

Infelizmente, eu penso exatamente como ela. Nunca entendi o porquê e até hoje não entendo (digo entender mesmo, de verdade, por trás dos panos), o Rio de Janeiro ser a cidade que mais tem horror a todo e qualquer modal de transportes que não seja o ônibus. Os donos das empresas de ônibus cariocas realmente mandam e desmandam nos transportes da cidade. Mas, sabe, eu ainda acho que isso não é tudo, pois se o poder público quisesse, já tinha acabado com esse cartel. Mas o que eu estou dizendo? Desde quando poder público no Brasil deseja acabar com cartel, qualquer que seja ele?! O que deu em mim? Desculpem-me. Foi um ato falho de ingenuidade. Já passou.

Um dos exemplos claros de que os empresários de ônibus têm poder por aqui é o fato de o VLT não ter sido implantado no Rio nem mesmo tendo as Olimpíadas de 2016 como justificativa e o dinheiro do PAC podendo ser negociado (se o governador e o prefeito realmente quisessem, teriam um joguinho de cintura com a mãe do PAC). Eu sei que eles não querem. Mas seria tão bom que a teoria pudesse valer na prática, pelo menos uma vezinha que fosse!

O fato de o VLT ser mais caro não justifica. Meu argumento está no parágrafo acima, mas para isso precisa "querer". Então, apareceu o problema do tempo, pois o VLT levaria mais tempo para ser construído. Ora bolas, mas se os nossos governantes e o próprio comitê olímpico cansaram de repetir que as Olimpíadas valiam a pena porque elas são justificativa para as inúmeras obras de melhoramentos de que a cidade tanto necessitava, blá, blá, blá... Como é que na hora do "vamos ver" eles dão um jeitinho de voltar à trás?! Certamente aqui eu acho que foi lobby dos ônibus. Foi assim também com as barcas para a Ilha do Governador, por exemplo. Quando elas começaram a emplacar, deram um jeitinho de fazer com que elas atendessem um percentual ínfimo de insulanos. E com o bondinho foi e continuará sendo a mesma coisa.

Alguém se lembra de um filme do Jean Manzón sobre os transportes cariocas do início da década de 50? Eu fiz um post aqui no blog sobre ele. O que me deixa pensando em algo além do cartel dos ônibus, é que essa coisa de "só ônibus" não vem de poucos anos. Vem de muito mais tempo.

Vou tentar fazer um exercício de voltar no tempo sobre os bondes no Rio de Janeiro. Os bondes elétricos começaram ainda no finalzinho do século XIX. O Brasil prometia um generoso futuro ferroviário. Allen Morrison, em sua obra "The Tramways of Brazil", diz:
1. Em 1859 o Rio de Janeiro iniciou operação com bondes antes de toda a Europa (exceto a França);
2. O Brasil teve um dos primeiros sistemas movidos a vapor;
3. O Brasil foi o primeiro país a ter locomotivas a vapor especialmente projetadas para rodar em ruas;
4. O Rio de Janeiro teve um dos primeiros sistemas elétricos do mundo;
5. Niterói parece ter sido a primeira cidade do mundo a ter bondes movidos a bateria;
6. O Brasil teve a maior frota de bondes abertos do mundo;
7. O Brasil teve a maior frota de bondes americanos, fora dos EUA;
8. Às vésperas da II Grande Guerra, 4.200 carros de passageiros circulavam em cerca de 2.250 km de linhas. Companhias canadenses operavam 2.200 carros, americanas cerca de 900, inglesas 400 e brasileiras o restante.
9. Em 1940, no seu apogeu, havia 30.000 empregados nessas companhias, que transportavam 1,5 bilhões de passageiros ao ano.

O primeiro bonde elétrico do Brasil e de toda América do Sul foi o nº 104 da Cia. Ferro-Carril do Jardim Botânico, que teve sua apresentação e entrada em serviço em 8 de outubro de 1892. Levando diversos convidados ilustres, ele partiu do centro da cidade e terminou a viagem inaugural no escritório da companhia, no Largo do Machado. Na fotografia, tendo o Passeio Público ao fundo, o terceiro da direita para a esquerda é o presidente da República, Marechal Floriano Peixoto (Charles Dunlop, Rio Antigo).


Primeiro bonde elétrico do Brasil e de toda América do Sul foi o nº 104 da Cia. Ferro-Carril do Jardim Botânico, em 8 de outubro de 1892.
No ano de 1908, foi introduzido o primeiro serviço regular de ônibus a gasolina do Brasil. Em comemoração aos 100 anos da abertura dos portos em 1808, foi realizada na Praia Vermelha a Exposição Nacional. O empresário Otávio da Rocha Miranda obteve, então, da prefeitura uma concessão para a implantação, ”em caráter provisório”, de uma linha de auto-ônibus que circulava ao longo da avenida Central, hoje Rio Branco. Os veículos também realizavam viagens extraordinárias do centro da cidade até o local da Exposição, na Praia Vermelha. A partir dos anos 1930, o tráfego de “auto-omnibus” começou a crescer desordenamente. O trânsito no Rio foi ficando cada vez mais complicado, até que nos anos 1950, chegou ao caos.

Sou grande admiradora do legado que Carlos Lacerda deixou à população carioca quando foi governador do Estado da Guanabara. Apesar de saber que ainda havia muito dinheiro de origem federal no estado, pois a capital havia sido transferida para Brasília e não podiam deixar a cidade do Rio de Janeiro jogada às traças; ainda assim, reconheço o mérito de ele ter se utilizado desta “benção” para fazer tudo o que fez. A propósito, se a transferência da capital fosse nos dias atuais, todos sabemos o que aconteceria com qualquer verba que aparecesse. Mas eu ia dizendo que apesar de admirar Carlos Lacerda, como administrador e figura pública, reconheço que nem mesmo ele, que tinha muita visão de longo prazo, fez nada a favor do transporte ferroviário, infelizmente. Ao contrário, ele fez de tudo para acabar com os bondes no Rio. Nos anos 1960, os bondes realmente atrapalhavam muito o trânsito. Mas eles (os bondes) não eram o problema. O trânsito é que nunca foi planejado no Brasil e, principalmente, no Rio de Janeiro. Em 1960, já era tempo de estarmos acostumados a utilizar linhas de metrô cortando a cidade em várias direções e se integrando com os trens urbanos. Deste modo, o trânsito no Rio não teria chegado ao caos que chegou em 1950.

Sabem de uma coisa? Eu começo a achar que, fora as maracutaias costumeiras entre o público e o privado, que também vêm de longa data, os nossos governantes não sabem fazer negócios. Vou escrever aqui algo de que não tenho muita certeza, mas me veio à memória as benesses com que os estadunidenses regalaram o Brasil no Acordo de Cooperação Militar assinado em 1942 para ter suas bases militares instaladas no país durante a II Guerra. Será que nós só ganhamos a CSN e a reestruturação da Estrada de Ferro Vitória – Minas, imperativa para a construção da Vale do Rio Doce? Se foi isso, acho muito pouco e mau negociado. Até porque o Brasil se comprometeu a fornecer minerais estratégicos para os EUA. Eu pediria algo mais substancioso. Acho que as bases militares no Brasil saíram muito "baratinhas". Eu pediria ainda a construção dos metrôs de Rio e São Paulo incluindo transferência de tecnologia. Tudo bem que falar é fácil, mas será que houve negociação? Ou será que o Brasil foi logo aceitando o que foi oferecido e pronto? Não sei. Não sei mesmo. Só conversando com um historiador para saber realmente.

Voltando ao assunto. Com a criação do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, seu primeiro governador, em resolução, decidiu que os proprietários de lotações se unissem em empresas. No dia 29 de dezembro de 1960, através do Decreto 318, foi criada a Comissão de Reestruturação da Superintendência de Transporte, objetivando a racionalização do sistema de transporte coletivo na cidade do Rio de Janeiro. Essa reestruturação (já era moda naquela época?!) acabou por fazer surgir outras empresas de ônibus, todas novinhas em folha. Em 31 de agosto de 1962, a Comissão Organizadora da Companhia de Transporte Coletivos - CTC tomava medidas paulatinas visando à operação dos ônibus elétricos e, em 3 de setembro do mesmo ano foi inaugurada a primeira linha de trólebus que conectava o Terminal Erasmo Braga à avenida Rui Barbosa no bairro do Flamengo. Em 1963, novas reformas. Decreto 1.507, publicado em 19 de janeiro, dizia: “O ônibus passa a ser o único veículo admissível no sistema de transporte coletivo. Os veículos tipo auto-lotação e microônibus começam a ser extintos de forma gradativa”. Com o fim das empresas de lotações surgem novas empresas de ônibus, muitas delas formadas por antigos proprietários de lotações. Moral da história: Os bondes rodaram pela cidade do Rio de Janeiro até 1964, quando foram retirados de circulação. Ainda hoje podem ser vistos circulando apenas pelas ruas do bairro de Santa Teresa. Os
trólebus foram introduzidos no Rio de Janeiro, assim como na maioria das cidades, em substituição aos bondes e começaram a entrar em serviço em 1962. No Rio de Janeiro, entretanto, acabaram em 1971.


Os tão esperados trólebus vindos da Itália em 1958 e postos em operação em 1962.
O governo de Negrão de Lima ficou marcado pelo aumento da influência dos ônibus na cidade visto que meios de transporte como o bonde foram extintos. Lotes de linhas de ônibus foram freqüentemente autorizados a rodar. Entre 1965 e 1970, 32 linhas foram criadas.

Dando um salto para o século XXI, vivendo num Rio de Janeiro com o sistema de metrô ainda sofrível, pergunto: por que, então, no Rio de Janeiro não teremos VLTs, se até Brasília já tem o seu com a construção iniciada em 2009? Por que teremos que amargar AINDA com os ônibus nas vias expressas que estão sendo especialmente construídas para as Olimpíadas de 2016: a Transcarioca, a Transolímpica e a Transoeste? Parece-me que VLT no Rio só mesmo no projeto do Porto Maravilha, mas ninguém pode garantir nada. Até 2016, muita água vai rolar.

Com todo esse background, não duvido nada que, tão logo o acidente do bonde de Santa Teresa tenha “esfriado”, principalmente na TV, os cariocas sejam brindados com um “moderno e eficiente” projeto de microônibus para operar no lugar dos “ultrapassados e obsoletos” bondes.


Os destroços do bonde acidentado em 27/08/2011


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Por que ainda não falei de JR?

OK, caros leitores... Eu não estou alienada. É que não agüento mais poluir minha mente, minha alma, meu organismo com todos esses acontecimentos asquerosos de que se constituem as notícias na imprensa brasileira. O congresso é uma nojenta massa de gente da pior espécie. Cada um a seu modo, perverte, suborna, corrompe, se deixa corromper. Está tudo tão errado, sujo, impróprio, contrário à moral, indescente, obseno, indecoroso, vergonhoso, torpe, desonesto, devasso. Tudo não passa de ultraje, infâmia, desonra, libertinagem, afronta, depravação. Com esse texto, quero manifestar o meu mais veemente repúdio, minha mais profunda indignação, repulsa e repugnância a este cenário desprezível e nauseante.

Não me interessa que a jovem senhora Jaqueline Roriz seja cassada, quero que ela seja presa. Apoderar-se de coisa alheia, fraudulentamente, esquivando-se, ocultando-se, escondendo-se, trapaceando é, indiscutivelmente, o mais descarado roubo. Nos dicionários da língua portuguesa, está explícita a definição para o vocábulo ladrão: Aquele que furta ou rouba; gatuno, ladro, larápio, rato.


As várias faces de Jaqueline Roriz
Desejo para mim mesma o que há de melhor na face desta Terra. Portanto, não pretendo, durante algum tempo, gritar, esbravejar, vociferar, trazendo energias negativas para meus órgãos vitais. Não permitirei que esse tipo de notícia deixe minha alma vulnerável ou enfraquecida o suficiente para que a energia própria do vulgo inunde meu corpo com maus fluidos. Não, definitivamente, não. Quero distanciar-me de tudo isso por um tempo considerável.

Por que estão todos tão surpresos com o acontecido à senhora Jaqueline Roriz? Todos já vimos cenas tão ridículas quanto essas vindas da família da senhora em questão. Filho de peixe, peixinho é, diz a sabedoria popular. E todos os outros implicados neste assunto que fere as leis da razão? Alguém pensa que serão cassados, presos ou coisa que o valha? Na minha idade não me dou ao luxo de ser inocente a esse ponto.

Com licença, caros leitores, vou ler um bom livro, apreciar as artes, respirar a natureza, conversar com um intelectual (aquela pessoa provida de intelecto, bem entendido), debater idéias, visitar um amigo idoso e seus ‘old blue eyes’ na casa de repouso, estudar, caminhar descalça na areia molhada da praia em dias sem sol, ouvir boa música baixinho. É... Estou com a agenda lotada, tenho tanto o que fazer! Preciso ir. Até a próxima.