domingo, 27 de novembro de 2011

Autor Desconhecido

Autor Desconhecido é o nome do blog de Vanessa Lampert. Na descrição de seu blog ela diz: “Este blog existe para provar que o Autor Desconhecido não existe”.

Quando li alguns dos textos de que Vanessa Lampert fala, percebi que são todos muito bons. Até que meus olhos esbarraram num texto que me impressionou pela beleza das palavras, pela narrativa fluida. Achei lindo. Por isso, estou transcrevendo aqui no De Tudo Um Pouco. Exigente como sou, não publicaria algo que não me agradasse.

Diz a Vanessa Lampert:
Este virou clássico. Atribuído ao Luís Fernando Verissimo, rodou o mundo e foi elogiado na França. A autora, Sarah Westphal, é estudante de medicina e mora em Florianópolis. Aí vai o texto, creditado à escritora certa:


Quase
Sarah Westphal

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência. Porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

Sexta-feira, Abril 01, 2005
Desvendado por Vanessa Lampert 4:15 PM




sábado, 26 de novembro de 2011

The Voice... De Nat King Cole

É incontestável que Frank Sinatra foi chamado de “The Voice” pelos fãs mundo afora por algum motivo. Nada na vida acontece sem um motivo. De fato, Sinatra desenvolveu um estilo sofisticado, tinha habilidade em criar uma linha musical fluente, sem pausas para respiração, e ainda, a maneira com swing próprio em manipular as frases ao cantar. Tudo isso junto fez de Sinatra um cantor estiloso, diferenciando-o dos seus contemporâneos.

Ainda bem. Porque, sem querer entrar em qualquer outra seara que não a da música, e apesar de gostar de Frank Sinatra, não posso deixar de registrar aqui uma opinião minha. Essa designação atribuída à Sinatra nada tem a ver apenas com sua voz, muito mais com seu estilo.

Para mim, “a voz”, aquela verdadeiramente melodiosa, aveludada, e que você daria tudo para ouvir pessoalmente de seu dono, tem outro nome. É Nat King Cole, nome artístico de Nathaniel Adams Coles. Nascido em 17 de março de 1919, foi contemporâneo de Frank Sinatra. O apelido de "King Cole" veio de uma popular cantiga de roda inglesa conhecida como Old King Cole.


Nat King Cole e Eartha Kitt, em 1958.

Nat King Cole aprendeu a tocar piano na igreja onde seu pai era pastor. Desde criança ele esteve ligado à música, tocando junto ao coral da mesma igreja. Cole lutou contra o racismo durante toda a sua vida, raramente apresentou-se em lugares segregacionistas. Sua então revolucionária formação em piano, guitarra e baixo ao tempo das big bands tornou-se popular para trios de jazz. Suas músicas românticas tinham um toque especial junto a sua voz associada ao piano, tornando-o assim um artista de grande sucesso.


Nat King Cole e sua filha, Natalie Cole.

Em 5 de novembro de 1956, ‘The Nat King Cole Show’ estreou na NBC-TV. Foi o primeiro programa deste tipo comandado por um negro, causando controvérsia na época. Ficou no ar por pouco mais de um ano, mas teve de ser encerrado, por iniciativa do próprio Nat King Cole, por não ter conseguido nenhum patrocínio de âmbito nacional.

Racismo
Em 1948, comprou uma casa em um condomínio só de brancos nos arredores de Los Angeles. A KKK ateou fogo em uma cruz em frente à sua casa. O conselho do condomínio disse-lhe que não queriam indesejáveis mudando-se para lá. Ele concordou e disse: "Eu também não, se eu vir alguém indesejável mudando-se, serei o primeiro a reclamar".

Em 1956, foi atacado no palco durante um show em Birmingham, Alabama, enquanto cantava "Little Girl", por três membros do North Alabama White Citizens Council. Os três agressores avançaram pelos corredores da plateia. Embora a segurança tenha rapidamente acabado com a invasão, Cole foi derrubado de seu banco e machucou as costas. Ele não acabou o show e nunca mais se apresentou no Sul dos EUA. Ainda em 1956, foi contratado para se apresentar em Cuba e quis ficar no Hotel Nacional de Cuba, mas não lhe foi permitido porque tinham restrição para negros. Cole honrou seu contrato e seu show no Tropicana foi um grande sucesso. No ano seguinte, voltou a Cuba para outro show, cantando várias músicas em espanhol. Hoje existe um tributo a ele na forma de um busto e uma jukebox no Hotel Nacional. Já Sinatra, esteve em Cuba em 1947, no início de sua carreira como cantor e não passou por nenhum contratempo. Não pelos seus, mais tarde conhecidos mundo afora, ‘Old Blue Eyes’, mas sim por alguns privilégios outros, se é que me faço entender.

Infelizmente, seu hábito de fumar três maços de cigarro por dia, o fez morreu vítima de câncer em fevereiro de 1965. Interessante que a primeira lembrança que tenho de criança é a de minha mãe choramingando por ter ouvido no rádio a notícia da morte de Nat King Cole. Eu tinha 5 anos de idade e, ao lhe perguntar o motivo do choro, ela me disse com a voz embargada: “O Nat King Cole morreu”. Eu passei alguns anos da minha vida me perguntando quem teria sido este “parente” nosso que a morte fez minha mãe chorar. Fui crescendo e mamãe me apresentou à “Voz”. Tenho até hoje guardado o LP ”Cole Español” de 1958. Neste álbum descobri o bolero maravilhoso “Acércate más”, cantada pela voz aveludada de Nat King Cole com aquele sotaque americano que dá um toque todo especial à canção.
Acércate más… Y más, y más... Pero mucho más.
Y bésame así... Así, así... Como besas tú.




Nat King Cole passou pelas gravadoras Decca, Excelsior e Capitol Records. Sua discografia vai desde 1944, com o álbum The King Cole Trio, até 1965, ano de sua morte, quando foi lançado o álbum L-O-V-E.

Dizem que Frank Sinatra e Nat King Cole se amavam. “Nat was a giant”, em palavras do próprio Sinatra que, ainda segundo dizem, respeitava Nat mais do que qualquer outro.

Para quem pensa que já ouviu a melhor versão gravada de alguns clássicos estadunidenses como (I love you) for sentimental reasons, uma das “everlasting love songs” dos anos 40, melodia de Lionel Newman e letra de Dorcas Cochran em 1945, conforme Espie Estrella, Music Education Guide, repensem e ouçam as versões na voz aveludada de Nat King Cole. A ou ainda Fly me to the Moon, letra e música de Bart Howard, composta em 1954. Passem pelo Youtube, ouçam outros clássicos na voz dele e sintam a diferença.

I love you for sentimental reasons








quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mirante no Corcovado, e não é o Cristo Redentor

A paisagem carioca, cenário único criado pela natureza, sempre causou forte impacto em todos, e seu incomparável conjunto de montanhas, mar, céu e vegetação deixa uma marca perene nos olhos e na alma do visitante. Pairando sobre e como que coroando todas as elevações, está a montanha do Corcovado, encimada pela estátua do Cristo Redentor, que se tornou, desde sua inauguração, o maior símbolo visual da cidade. Para muitas gerações de cariocas, estátua e montanha são uma coisa só, que sempre esteve no mesmo local. Mas em verdade foi o final de uma longa história, ao longo da qual o cume do Corcovado foi conquistado. Assim, poderíamos até mesmo indagar: Como era o Cristo antes do Cristo?

Em 2011, quando celebramos os 80 anos da inauguração do monumento ao Cristo Redentor, vale lembrar um pouco, não da história da construção do monumento, assunto que já foi quase que totalmente esgotado, mas a história da montanha do Corcovado, antes e depois do Cristo Redentor.


Estrada de Ferro Corcovado e o Chapéu do Sol, mirante da montanha antes do Cristo em foto de 1885.

Por séculos, o pico do Corcovado foi apenas objeto de contemplação, ninguém em sã consciência, pensaria em subir até local tão inacessível e perigoso. Tudo começou a mudar no século XVIII, quando a falta de água forçou as autoridades a criarem um sistema de captação e transporte do líquido até o Centro da cidade, através de um aqueduto e dos Arcos, em seu trecho final. Com essa obra, passou a existir um caminho que ia até a origem das águas do rio Carioca, nas montanhas do Corcovado, o que levou os primeiros exploradores do século XIX a realizarem o ousado feito em lombo de burro ou cavalo, subindo a partir da Ladeira de Santa Teresa pelo trajeto das atuais ruas Joaquim Murtinho e Almirante Alexandrino, junto ao aqueduto.


Corcovado com o Chapéu do Sol - vista aérea.

O Chapéu do Sol do Corcovado, no início do século XX
O acesso à montanha só deixaria de ser uma aventura quando, em 1882, os engenheiros Francisco Pereira Passos e João Teixeira Soares receberam autorização para a construção de uma estrada de ferro que fosse do Cosme Velho até o Corcovado, tornada possível pela recente invenção da tração por cremalheira, do suíço Riggenbach. A obra foi inaugurada em 9 de outubro de 1884, no trecho entre o Cosme Velho e as Paineiras, honrada com a presença do Imperador Dom Pedro II e sua família. Os visitantes tiveram o privilégio de realizar uma viagem de sonho por uma floresta quase virgem, da qual se descortinavam fantásticas paisagens, que até então pouquíssimos haviam conhecido.


Foto de 1905, detalhe do trem de cremalheira do caminho que levava ao mirante Chapéu do Sol, no Corcovado.

Em 1º de Janeiro de 1885, a ferrovia chegava até o Alto do Corcovado, ao mesmo local de hoje em dia, e daí subia-se até a plataforma de observação, no local da atual estátua. Para proteger os visitantes do sol inclemente, foi construído um pavilhão de ferro com 13,5 metros de diâmetro, cuja função e formato circular fez com que recebesse o apelido apropriado de "Chapéu do Sol". Foi contemporâneo de nossos bisavós, até que, em 1931, fosse finalmente inaugurado o monumento do Cristo Redentor.


Mirante do Chapéu do Sol em foto de 1899.

Hoje, mais de 120 anos depois, a subida até o Corcovado continua emocionando e impressionando pessoas do mundo todo, e é fundamental, por parte dos responsáveis, a boa conservação deste patrimônio, que inclui tanto a ferrovia quanto o próprio monumento. É uma forma de honrar o legado histórico e as bênçãos recebidas, representadas pelos generosos braços do Redentor, abertos sobre a Guanabara.


Corcovado, vista aérea. Já com o Cristo Redentor pronto, o Chapéu do Sol ainda se encontrava na montanha. Foto dos anos 30.




domingo, 20 de novembro de 2011

Ninguém merece... Correção ?!

Ainda bem que tenho amigos. Será que o desespero me levou ao delírio? Marilda, uma de minhas leitoras VIP e minha amigona, me deixou um comentário no post "Ninguém merece..." O pior é que ela teve de me dar a notícia que eu acabara de alterar o clima no hemisfério sul. Domingo outonal? Só se for na França! Nós estamos na primavera! Desculpem-me leitores. Pois é. C'est la vie.





Ninguém merece...

Claro que é. Como dizer que morar numa casa com jardins e piscina, e ainda ter um lindo Labrador caramelo, não é um sonho? É inegável. Mas tem seus dias de pesadelo também. Juro. E posso provar.

Claro que é preciso ter um empregado para cuidar dessas coisas. Manter a piscina limpa, manter os jardins aparados e cuidados, manter os pisos do quintal limpos, passar inseticidas para prevenção de pulgas com periodicidade mensal em todas as partes da casa (internas e externas), dar banhos periódicos no “cãozinho”, fazer controle mensal com produtos anti-pulgas e carrapatos no bichinho e mais um zilhão de pequenas coisinhas, como trocar lâmpadas queimadas e afins. Simples, não? Sim, é simples, quando todo o processo, penosamente desenhado, está na esteira e rolando normalmente, sem imprevistos. Entretanto, quando um detalhe não é seguido à risca, pode desencadear uma série de eventos em efeito dominó. É nesses dias que você tem vontade de sumir no ar, como uma “fumacinha”.

Hoje foi um desses dias. Um desses dias em que senti uma vontade irresistível de me transformar numa “fumacinha” que, efêmera, esmaece no ar. Neste belo domingo de outono, ao acordar, fui ao quintal para alimentar nosso Cão. Nosso?! Essa é uma história à parte. Minha filha ganhou o filhotinho como presente de Natal do seu namorado há três anos. Isso porque eu bradava em alto e bom som que enquanto ela morasse comigo era proibido ter cães na casa. Obviamente, ela deu um jeito de fazer o Cão chegar até a casa sem que fosse diretamente das suas mãozinhas. Com isso, desde 25 de dezembro de 2008, sem qualquer outra saída, tive de adotar um neto de quatro patas. Não tratar bem um animalzinho está fora de cogitação na minha cabeça.

Durante seu primeiro aninho de vida, o Cão praticamente destruiu toda a casa. E onde estava a mãe dele? Passando o Ano Novo, Carnaval, Páscoa... A viajar com o “pai” do Cão. Cuidar dele, de verdade, ela jamais cuidou. Sequer um xixizinho ela limpou. Atualmente ele está menos pior.


Não dá pra resistir a essa carinha...

Voltando ao meu domingo outonal, quando olhei ao redor de mim, quase não acreditei. Nosso empregado maravilhoso faltou na sexta-feira e não apareceu, conforme prometera, no sábado (ontem). Com isso, a piscina está verde, o Cão está (re)infestado de pulgas, pois o empregado não retirou a cama do animal para lavar ou jogar fora, quando eu encontrei o Cão infestado no sábado passado. Depois de tanto trabalho e gastos para debelar as famigeradas pulgas, hoje, no meu belo domingo outonal, descobri-o repleto delas outra vez. Uma semana após o “dia de cão” que vivi no sábado anterior! Sim, leitores, quando se trata o animal para matar as pulgas adultas, controla-se apenas 5% de problema, porque 95% das pulgas estão no ambiente nas formas de ovo, larva e casulo. Lembrem-se que, para cada pulga no animal, existem dezenas de descendentes, em suas várias formas, no ambiente!

E não é só isso, meus caros. Para fechar com chave de ouro, o quintal, que já não estava um primor de limpeza pela falta do senhor caseiro, está um nojo. Explico. O Cão deve ter comido alguma coisa impossível de se imaginar, pois ele come qualquer coisa que vê pela frente, e teve um ”piriri” fenomenal, daqueles de deixar o quintal do jeitinho que o diabo gosta.


Eu, pobre mortal, que pensava em dar uma passadinha rápida pelo supermercado, e na volta escrever um novo post para o blog, não consegui me mover. Virei a comida no pratinho dele, sentei-me na soleira da porta e, olhando para aquele monte de cocôs, de todas as consistências possíveis, espalhados pelo quintal, chorei. Chorei como uma criança. O desânimo abateu-se sobre mim. Tirei da cabeça a ida ao supermercado e, só de raiva, sentei-me ao computador para, numa espécie de catarse, escrever tudo isso de presente para vocês, leitores queridos. Sim, este é o meu post de hoje. Lambuzem-se com meu desespero. Agora, com a licença de todos, vou atacar o problema de frente. Bom domingo de outono.




domingo, 6 de novembro de 2011

Fazenda Capão do Bispo

Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social. Esta é a definição de educação no dicionário Aurélio. A palavra educação já foi tão desgastada ao longo dos anos, através das incontáveis promessas políticas dos governos através da história da república, que hoje pensamos que educação significa mais do que o real sentido deste vocábulo. O que hoje todos chamam de educação, é muito mais do que isso. Vou dar um exemplo prático.

Algum dos meus amigos conhece o casarão-sede da Fazenda Capão do Bispo no Rio de Janeiro? Ainda não? Então, vejam o quão simples é conhecê-lo. O endereço deste casarão é Av. Dom Hélder Câmara, 4616, Cachambi, Rio de Janeiro. Este endereço certamente é conhecido de todos vocês, pois duas quadras à frente, no mesmo lado da avenida, fica o Norte Shopping. E qual o brasileiro que não sabe onde ficam os shoppings das suas cidades, não?!

Para aqueles que bradam que a “educação” é o problema primordial do Brasil, sintam como é simples colaborarmos efetivamente para tal. Deixem, pelo menos uma vez na vida, de levarem seus filhos, crianças, pré-adolescentes ou adolescentes ao shopping para a prática do "lazer-consumo" desnecessário e mostrem a seus filhos, bem como conheçam vocês mesmos, o que significa a falta da educação. Ou seja, pais de classe média, com poder aquisitivo, ditos esclarecidos, mas que não se dignam a conhecer um sítio cultural gratuito e que fica a alguns passos de um paraíso do consumo.

Será mesmo que é só o poder público e o governo os culpados pela falta de educação no país? É para pensar, não acham?

Enquanto refletem... Explico porque escrevi isso. No coração do subúrbio carioca, na antiga Avenida Suburbana, atual Av. Dom Hélder Câmara, que muito antes, foi a Estrada Real de Santa Cruz, e ainda antes disso, Caminho dos Jesuítas, ainda está de pé o casarão-sede da Fazenda Capão do Bispo.







Capão do Bispo é uma das mais antigas propriedades rurais do Estado do Rio de Janeiro e sua casa, sede da fazenda, é o que sobrou da sesmaria doada por Estácio de Sá aos Jesuítas e a concessão, confirmada pela Corte de Lisboa em 10 de julho de 1565. Abrangia as freguesias de Inhaúma, Engenho Velho, Engenho Novo e São Cristóvão. A fazenda ficava na planície suburbana com diversos vales ligeiramente acidentados por baixas colinas, próximos ao Rio Jacaré, Faria e Timbó, foi confiscada dos Jesuítas em 1759 e passaram à Coroa e leiloada a partir de 1761, quando um dos compradores foi o Bispo D. José Joaquim Justiniano Mascarenhas de Castelo Branco, onde ergueu a casa grande da fazenda num capão (porção de mato isolado no meio do campo) sobre um outeiro de 20 m de altura. Em 1947 foi tombada pelo IPHAN, e desapropriada em 1961, passando ao governo do Estado da Guanabara, sendo a emissão de posse dada em 1969. Nas décadas de 50 e 60 foi invadida por 30 famílias que fizeram do patrimônio histórico, uma cabeça-de-porco chegando a estar ameaçada de desabar.

O IPHAN fez um trabalho de restauração na sede que durou dois anos, de 1973 até 1975, e instalou um Museu Rural e Centro de Estudos Arqueológicos. Atualmente, em função de um convênio com o Governo do Estado da Guanabara, e posteriormente com o do Rio de Janeiro, e em decorrência dos trabalhos com a DPHA-GB, o IAB (Instituto de Arqueologia Brasileira) ocupou a Casa Rural do Capão do Bispo, fundando o Centro de Estudos Arqueológicos (CEA), hoje em cooperação com o Instituto Estadual de Patrimônio Cultural.

Agora temos um polêmico impasse. A Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, dona do imóvel, pediu de volta o bem, que deveria ter sido entregue até 31/08/2011. O IAB é uma instituição particular, mas sem fins lucrativos e ocupa o prédio desde 1974. O IAB ainda promove reuniões científicas, exposições, cursos especiais e ciclos de conferência no campo da arqueologia, além de formar pesquisadores. Segundo funcionários do Instituto, o contrato com o Estado expirou há anos. Houve várias tentativas de renovar, mas nunca foi atendida pelo governo. De acordo com a Secretaria de Estado de Cultura, o IAB fechou um acordo com a antiga Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo do Governo da Guanabara para ocupar a Casa. O acordo expirou cinco anos depois da ocupação e nunca foi renovado.


Durma-se com um barulho desses... Duas entidades que foram, em última instância, criadas para zelar pela cultura e o desenvolvimento da ciência no país, lavando roupa suja em público. E quem sai perdendo com isso? O país, a cultura (aquela que ele não tem), a educação dos nossos jovens (que ninguém se lembra que serão a futura geração brasileira), o imóvel em questão, que acabará por ser relegado a segundo plano.

Bem... Agora que deram os primeiros passos para a reflexão...

Que tal autografarem este abaixo-assinado? Neste documento o IAB requer que seja revista a decisão de retirar o Centro de Pesquisas de onde se encontra. Reivindicação justíssima, pois até agora não encontrei uma justificativa plausível para o fechamento de um Centro de Pesquisas, num país tão carente deles, caso isso venha a se concretizar.

Vamos parar de imputar à escola a obrigação pela total educação e formação dos nossos filhos. Sabemos muito bem que parte desta educação e formação é obrigação da família. Sem aquela educação, que chamávamos antigamente de “educação de berço”, não adianta construir “zilhões” de prédios de escolas. É com os exemplos de nossas atitudes perante à vida, ao mundo, aos outros humanos, que mostramos aos nossos filhos o que é educação, valores, cultura etc.

Clique aqui para ver mais fotos da Capão do Bispo.




sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Parasitismo e Simbiose

Boa tarde, leitoras e leitores. Hoje vou “chutar o balde”. Ando de saco cheio de escrever com palavras bonitas e corretas sobre o que penso. Percebo que de nada adianta, pois acho que as pessoas já nem conseguem mais interpretar o mínimo da língua portuguesa a ponto de entender a mensagem que desejo passar. Portanto, hoje, uma sexta-feira, é o dia ideal para dar aquele solene chute no balde.

E já que hoje é sexta-feira, o assunto será deveras pertinente. Se você está sem namorado e recebeu o convite de um cavalheiro para algo neste fim de semana (entendam “algo” como melhor lhes aprouver, ok?!), você deve estar nas nuvens, não é mesmo? Parabéns, você merece.

Tenho certeza de que você, prevenida, honesta e prática, como toda mulher que se preza, perguntou ao cavalheiro se ele é casado. OK, calma, não perguntou hoje. Fez essa pergunta há alguns dias ou semanas. E como ele respondeu? Ahhhh... Já ouviram falar de que a “porca torce o rabo”, né?! Pois é. Então vamos lá.

Vejam, minhas lindinhas, quando um homem disser a vocês que ele é separado, entendam a frase que ele deveria ter dito e não disse: “é uma separação apenas de corpos, não dormimos mais no mesmo quarto”. Ou seja, o casamento já está morto, falecido, mas não enterrado. O defunto, já malcheiroso (o casamento), permanece ali, no ninho dos pombinhos, mas eles ainda vivem (não me perguntem como) debaixo do mesmo teto.

Quando um homem disser a vocês que ele é casado, mas é “mal casado”, que ele e a esposa já são praticamente irmãos, entendam a frase que ele deveria ter dito e não disse: muito provavelmente a mesma do parágrafo anterior. Ou talvez mais realista ainda e, por isso, nem vou atemorizá-las com palavras ácidas.

Quando um homem disser a vocês que ele é casado, entendam a frase que ele deveria ter dito e não disse: “gostei à beça de você, mas só vou sair com você para lhe adoçar a boca com um jantar, um vinho, uma música e depois a parte que me interessa, sexo”. Nada contra a melhor parte do affair. Longe de mim. Puritanismo não é a minha praia. Só que, definitivamente, esqueçam que esses convites serão frequentes. Esses convites requerem toda uma estratégia de campo e logística, dignas de uma guerra napoleônica, e que, às vezes, podem levar semanas.

Em outras palavras, leitoras, homens não se separam no verdadeiro sentido da palavra. De jeito nenhum. Ou melhor. Você até encontra homens separados, divorciados, sim, mas isso quando a mulher desse homem cansou-se da vida estagnada, inútil, nociva e prejudicial de um casamento deteriorado, e deu-lhe um belo “pé-na-bunda”. Aí sim, o “filhinho da mamãe” pega suas trouxinhas e, quando ainda a tem, volta para a casa da “mamãezinha querida”. Aquela mesma mulher que ele procurou em cada namorada que cogitou para esposa antes de se casar.



Desculpem-me, mas tenho essa firme convicção, depois de meio século de vida. Os homens procuram nas suas futuras esposas (detesto a palavra esposa, é de um provincianismo horroroso, atualmente pejorativo até) as mães que tiveram e sem as quais não vivem. Isso porque essas mães e, portanto, refiro-me a nós mesmas, leitoras, mulheres que somos, principalmente aquelas que são mães de lindos menininhos de 4 ou 5 aninhos hoje, têm uma grande parcela de culpa nisso tudo. Claro que a parcela não é tão grande porque o contexto social da época em que educamos nossos filhos conta, e muito. Contudo, não justifica o que fazemos com nossos pimpolhos, deixando-os dependentes das nossas barras de saia para sempre. Freud explica, viu?!

Como, mais cedo ou mais tarde, os machos da espécie humana ouvem os chamados da natureza, acabam por escolher a fêmea da espécie que mais se aproxima à sua genitora e, então, dá-se o enlace matrimonial. Ou vocês pensam que é por qualquer outro motivo que conseguimos tirá-los da casa da mamãe! Vã ilusão. Mas continue calma, cara leitora, tudo isso se dá, na maioria esmagadora das vezes, inconscientemente. Podem perguntar a qualquer psicólogo(a).

No grande dia, a galera toda comparece à cerimônia religiosa de casamento, suas amigas choram de emoção com os gestos, cada vez mais ensaiados atualmente, dos noivinhos. Depois das lágrimas da alma feminina (isso também faz parte do chamado da natureza para a manutenção da espécie, queridas, acreditem), é a hora da comemoração. Essa é outra palavra de que não gosto, comemorar. Faz-me lembrar de que as pessoas só se reúnem para se empanturrar de comida e bebida a troco de nada, pois estão ali só de corpo, não de alma ou espírito. Sinceramente, no meu vocabulário só existe uma palavra para eventos especiais na minha vida, celebração. Celebrar no sentido de acolher com festejos o acontecimento, ou seja, pôr a alma e o coração em estado de festa. Não o estômago! Bem... Voltado à festa da cerimônia do enlace matrimonial, lá pelas tantas, quando os pais dos noivos já não aguentarem mais o último bêbado que terão de pôr para fora dali, tudo volta ao normal e, a essa hora, os pombinhos já partiram em “lua de mel”. Mas essa já é outra história e fica para outra ocasião.

Somos todos compelidos a acreditar que daquele dia em diante “todos viveram felizes para sempre”. E não é assim que acontece. Com ninguém. Ninguém mesmo! Não estou dizendo que não haja exceções. Elas existem, sim. Casais que se amam, se desentendem, até porque são duas pessoas diferentes. E quando se amam, obviamente, eles se entendem também. Se somos a única espécie animal dita racional, o que nos diferencia das outras espécies é o diálogo, não?!

O problema, leitora, é quando o macho em questão descobre que sua fêmea, tão cuidadosamente escolhida, não chega nem perto de ser sua mãe. E nem poderia ser diferente. Ela é a mulher dele. Não a mãe dele! Menos ainda a empregada doméstica! E nesse momento, abre-se a grande brecha para a temida e hostil, grande adversária da instituição casamento, a rotina. E aí voltamos ao ponto do pé-na-bunda.

Se a mulher é ativa, trabalha fora, tem de bater metas, aguentar um chefe temperamental, estar impecavelmente bela para receber os clientes, cuidar do(a) filho(a), manter a empregada doméstica satisfeita apesar dos chutes na canela que ela recebe todos os dias do seu “bebezinho” mimado, saber se a casa está abastecida com víveres suficientes etc, ou seja, se ela tem mais o que fazer na vida, certamente o dia do pé-na-bunda está muito próximo.


Entretanto, se a mulher é aquela dona de casa que sabe fazer artesanato com perfeição, cozinha super bem, mantém a casa um primor de limpeza, e ainda, desconhece as palavras, siglas ou expressões: Twitter, networking, Google, mercado de ações, briefing, Facebook, IOF, outsourcing, blog, workshop, SMS, workaholic, câmbio flutuante, iPad, brainstorming, tablet, spread bancário, feedback... Acho melhor para por aqui, essa está fadada a fazer bodas de ouro. E o que é pior, na festa de suas bodas de ouro, rodeada de filhos e netos, nem saberá o significado das palavras liberdade, escolha, vontade própria, responsabilidade (a verdadeira, não a da cozinha), sexo, vida, contentamento e finalmente, felicidade. Para esta santa do lar, tudo o que ela teve do marido que pulou a cerca todos esses anos, foi a mais pura expressão do que seja felicidade. E acreditem, mesmo o mundo moderno está cheio dessas “santas do lar”. Vê lá pessoal... Sem preconceitos ou mal-entendidos, por favor.


Dessa esposa-mãe, os homens não se separam, mesmo que tenham de abrir mão de ser feliz, assim como suas esposas. Esse parasitismo e simbiose em que se transforma o casamento e o convívio desses dois, para mim ainda é um enorme mistério.


Está para nascer aquele homem que, ao ser perguntado se é casado, responderá assim: “separei-me de minha esposa, não foi nada fácil, mas do jeito que estava não dava para continuar, então resolvi estar livre para tentar fazer as coisas na minha vida de um modo diferente”.

E não se esqueçam, quando um relacionamento, seja ele casamento ou não, estiver com a morte cerebral detectada, enterrem o defunto. Não deixem que o mal cheiro permaneça perto de vocês... Deixem que ele descanse em paz.




quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Política é a puta que pariu, prefiro falar do amor!

Andam me cobrando que eu fale do que se passa em Brasília, dos acontecimentos "sérios" do país, do câncer do Lula, blá, blá, blá... Mas nem morta! Ahh, mas não vou falar disso nem que a vaca tussa. E desde quando em Brasília os acontecimentos são sérios? Pois se aquilo é um grande circo! Ó caros leitores, vocês andam a pensar em me enfartar? Recuso-me terminantemente a desperdiçar minha energia com esse tipo de assunto. E querem saber do que mais? Política é a puta que pariu, prefiro falar do amor! Tenho dito. Então, vamos ao amor...

A vida é extremamente inspiradora. Viver é simples. Concordo até que não é fácil. Mas viver não é complexo. Nós, pobres mortais, é que complicamos tudo. Somos capazes de mudar muita coisa a nossa volta, mesmo quando a vida insiste em nos contrariar, mesmo quando a tristeza bate à nossa porta. Mas... Pense bem, se não houvesse reveses na nossa vida, ela não teria a menor graça. Seria algo assim meio insosso, não acham?! Não sou adepta da monotonia.

Bem, acabei de afirmar uma coisa (e continuo afirmando), que é uma verdade, mas não absoluta ou exata. “Somos capazes de mudar muita coisa a nossa volta”. Em contrapartida, acredito de modo indubitável, que antes, precisamos, urgentemente, mudar muita coisa dentro de nós. Interessante é que quando a coisa é dentro e não fora de nós, o “buraco é sempre mais embaixo”. Todo mundo começa a varrer os medos, as inseguranças, o egoísmo, a covardia, a ansiedade, a intempestividade, enfim, vai tudo para debaixo daquele “tapete existencial” que temos guardado no recôndito do nosso ser.

Temos a oportunidade de ver a vida por um prisma diferente, de viver de um modo melhor. A vida é multifacetada. Precisamos estar abertos para tudo... Para a vida. Mas tudo na vida tem seu tempo. Por que não sabemos esperar? Como saber qual o tempo? Não tenho certeza, mas talvez seja aquele que equivale na natureza. O tempo do estio, da safra, das estações, das fases da lua, dos dias e noites etc. Mas como convencer alguém de que não adianta criar situações ou tentar atropelar porque nada acontecerá do modo exato que queremos ou planejamos? A vida é assim, não tem controle remoto. É preciso levantar-se, mudar o canal em que estamos conectados, esperar para ver se o outro é aquele que realmente queremos, e só então voltar e se acomodar na poltrona. Ou seja, enquanto estamos numa mudança de fase na vida, é preciso serenidade para nos prepararmos para a próxima fase. Então, o que fazer enquanto essa preparação se dá? Obviamente, viver. E viver inspiradamente. Ser a fonte de inspiração de outra pessoa é algo que desperta admiração e entusiasmo. Permita-se inspirar os sonhos de outra pessoa.

Sintonize-se na frequência do amor. A energia de vibrar na frequência do amor é a mais positiva que conheço. Vibre na frequência do amor selvagem, do amor leve, do amor solto, do amor que salva, do amor sincero, do amor infinito, do amor safado, do amor a dois, do amor de segredinhos, do amor cego, do amor sedento, do amor ardente, do amor que rasga o coração, do amor de encontro inexplicável, do amor arrebatador, do amor sereno, do amor de flores, do amor de lençóis novos, de todos os amores. Vibre na frequência daquele amor sem medo, sem freio, que ama e ponto.