sábado, 26 de novembro de 2011

The Voice... De Nat King Cole

É incontestável que Frank Sinatra foi chamado de “The Voice” pelos fãs mundo afora por algum motivo. Nada na vida acontece sem um motivo. De fato, Sinatra desenvolveu um estilo sofisticado, tinha habilidade em criar uma linha musical fluente, sem pausas para respiração, e ainda, a maneira com swing próprio em manipular as frases ao cantar. Tudo isso junto fez de Sinatra um cantor estiloso, diferenciando-o dos seus contemporâneos.

Ainda bem. Porque, sem querer entrar em qualquer outra seara que não a da música, e apesar de gostar de Frank Sinatra, não posso deixar de registrar aqui uma opinião minha. Essa designação atribuída à Sinatra nada tem a ver apenas com sua voz, muito mais com seu estilo.

Para mim, “a voz”, aquela verdadeiramente melodiosa, aveludada, e que você daria tudo para ouvir pessoalmente de seu dono, tem outro nome. É Nat King Cole, nome artístico de Nathaniel Adams Coles. Nascido em 17 de março de 1919, foi contemporâneo de Frank Sinatra. O apelido de "King Cole" veio de uma popular cantiga de roda inglesa conhecida como Old King Cole.


Nat King Cole e Eartha Kitt, em 1958.

Nat King Cole aprendeu a tocar piano na igreja onde seu pai era pastor. Desde criança ele esteve ligado à música, tocando junto ao coral da mesma igreja. Cole lutou contra o racismo durante toda a sua vida, raramente apresentou-se em lugares segregacionistas. Sua então revolucionária formação em piano, guitarra e baixo ao tempo das big bands tornou-se popular para trios de jazz. Suas músicas românticas tinham um toque especial junto a sua voz associada ao piano, tornando-o assim um artista de grande sucesso.


Nat King Cole e sua filha, Natalie Cole.

Em 5 de novembro de 1956, ‘The Nat King Cole Show’ estreou na NBC-TV. Foi o primeiro programa deste tipo comandado por um negro, causando controvérsia na época. Ficou no ar por pouco mais de um ano, mas teve de ser encerrado, por iniciativa do próprio Nat King Cole, por não ter conseguido nenhum patrocínio de âmbito nacional.

Racismo
Em 1948, comprou uma casa em um condomínio só de brancos nos arredores de Los Angeles. A KKK ateou fogo em uma cruz em frente à sua casa. O conselho do condomínio disse-lhe que não queriam indesejáveis mudando-se para lá. Ele concordou e disse: "Eu também não, se eu vir alguém indesejável mudando-se, serei o primeiro a reclamar".

Em 1956, foi atacado no palco durante um show em Birmingham, Alabama, enquanto cantava "Little Girl", por três membros do North Alabama White Citizens Council. Os três agressores avançaram pelos corredores da plateia. Embora a segurança tenha rapidamente acabado com a invasão, Cole foi derrubado de seu banco e machucou as costas. Ele não acabou o show e nunca mais se apresentou no Sul dos EUA. Ainda em 1956, foi contratado para se apresentar em Cuba e quis ficar no Hotel Nacional de Cuba, mas não lhe foi permitido porque tinham restrição para negros. Cole honrou seu contrato e seu show no Tropicana foi um grande sucesso. No ano seguinte, voltou a Cuba para outro show, cantando várias músicas em espanhol. Hoje existe um tributo a ele na forma de um busto e uma jukebox no Hotel Nacional. Já Sinatra, esteve em Cuba em 1947, no início de sua carreira como cantor e não passou por nenhum contratempo. Não pelos seus, mais tarde conhecidos mundo afora, ‘Old Blue Eyes’, mas sim por alguns privilégios outros, se é que me faço entender.

Infelizmente, seu hábito de fumar três maços de cigarro por dia, o fez morreu vítima de câncer em fevereiro de 1965. Interessante que a primeira lembrança que tenho de criança é a de minha mãe choramingando por ter ouvido no rádio a notícia da morte de Nat King Cole. Eu tinha 5 anos de idade e, ao lhe perguntar o motivo do choro, ela me disse com a voz embargada: “O Nat King Cole morreu”. Eu passei alguns anos da minha vida me perguntando quem teria sido este “parente” nosso que a morte fez minha mãe chorar. Fui crescendo e mamãe me apresentou à “Voz”. Tenho até hoje guardado o LP ”Cole Español” de 1958. Neste álbum descobri o bolero maravilhoso “Acércate más”, cantada pela voz aveludada de Nat King Cole com aquele sotaque americano que dá um toque todo especial à canção.
Acércate más… Y más, y más... Pero mucho más.
Y bésame así... Así, así... Como besas tú.




Nat King Cole passou pelas gravadoras Decca, Excelsior e Capitol Records. Sua discografia vai desde 1944, com o álbum The King Cole Trio, até 1965, ano de sua morte, quando foi lançado o álbum L-O-V-E.

Dizem que Frank Sinatra e Nat King Cole se amavam. “Nat was a giant”, em palavras do próprio Sinatra que, ainda segundo dizem, respeitava Nat mais do que qualquer outro.

Para quem pensa que já ouviu a melhor versão gravada de alguns clássicos estadunidenses como (I love you) for sentimental reasons, uma das “everlasting love songs” dos anos 40, melodia de Lionel Newman e letra de Dorcas Cochran em 1945, conforme Espie Estrella, Music Education Guide, repensem e ouçam as versões na voz aveludada de Nat King Cole. A ou ainda Fly me to the Moon, letra e música de Bart Howard, composta em 1954. Passem pelo Youtube, ouçam outros clássicos na voz dele e sintam a diferença.

I love you for sentimental reasons








3 comentários:

  1. Adorei seu blog.

    De repente me bateu saudades do tempo em que trabalhamos juntas. Quanto aprendizado!

    De vez em quando venho e dou uma espiada. Sempre encontro algo interessante, de cuja leitura me aproprio. Bjs

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  2. Eliane,
    desculpa! Acabei de postar um comentário e bem me identifiquei.

    Um beijo
    Suka

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  3. Su!!! Querida, que bom que você se identificou! Fico super contente de você visitar o blog. Opiniões como a sua são verdadeiramente importantes para mim. Isso só aumenta minha responsabilidade em fazer cada vez mais e melhor para vocês. : ))))

    beijos,
    Eliane

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Tô só de olho em você...
Já ia sair de fininho sem deixar um comentário, né?!
Eu gosto de saber sua opinião sobre o que escrevo.
Não tem de ser só elogio... Quero sua opinião de verdade!