domingo, 17 de junho de 2012

Adriano, aconteceu outra vez(2) !


No meu post anterior, Sustentabilidade e outros quetais, de anteontem, um amigo deixou um comentário que, ao começar a responder, percebi que ficaria tão grande que, mais uma vez (isso já aconteceu com outros comentários dele em posts meus), transformei em novo post para o blog. Eis o comentário do meu amigo Adriano e minha resposta.

Eliane, todo esse papo de sustentabilidade que fala-se mundo afora não passa de uma nova era consumista com novos focos. Resta saber quem são os principais interessados (estão lá no chamado primeiro mundo, é claro) e qual será sua modalidade exclusiva de exploração das praças consumistas.

Eu sou contra o uso de sacolas de papel, pois não temos no Brasil a cultura de separação do lixo nas residências e nem um sistema de coleta seletiva eficiente que recicle no mínimo 70% das sacolas que seriam utilizadas nos supermercados.Isso seria, a médio prazo, um prato cheio para as madeireiras e as indústrias de celulose, e o tiro sairia pela culatra quando pensarmos simultaneamente em sustentabilidade e meio ambiente. Não haverá tempo hábil para reflorestar e produzir papel na velocidade de sua utilização e consumo.A não ser que essa campanha seja realizada simultaneamente com a reeducação alimentar, a queda da demanda por carne bovina e utilização de pastos para o plantio de árvore... enlouqueci agora!! KKKK 
Primeiro o governo precisa arrumar a casa para depois implantar as mudanças.
Boralá. Abraços!
Adriano


Não Adriano, você não enlouqueceu, meu anjo. Ao contrário. Ihhh... Tenho tanto a falar aqui que já estou escrevendo em forma de post-resposta. rsrsrs

Como você mesmo disse, boralá... Adriano, só para variar, né?!, estou totalmente de acordo com você. As sacolas de papel apareceram no texto por conta do próprio motivo que me levou a escrever o post, a foto da sacola. Lembrei-me que eu mesma cheguei a pegar a época em que saía do mercado com um “sacão” de papel enorme nas mãos.

Entretanto, você está certíssimo quanto ao papel. Vou dar o exemplo de como é uma ida ao mercado na Europa. Vou usar a Europa porque minha filha morou mais de um ano em Milão estudando e estive com ela um bom tempo. Lá, todos têm seus carrinhos de compras (aqueles com rodinhas que nossas mães usavam para ir à feira) para ir ao supermercado, que, aliás, não tem nada de super nem de hiper, são todos pequenos ou médios dentro das cidades.

Na Itália, supermercados e/ou shopping centers só são encontrados em localidades fora das cidades, na periferia mesmo, que lá não é ruim ou feia, ao contrário, é apenas um local planejado mais recentemente (já que as cidades europeias são antigas e preservadas) para ser área industrial e comercial de suporte às cidades. E aqui cito outro fato que me chamou a atenção. Nestas áreas comerciais, às quais se vai de carro, vemos as placas de sinalização nas estradas indicando na língua local “centro comercial”. Não me lembro de ter visto nada onde se pudesse ler shopping center ou “malls”. Na França é a mesma coisa.

Desculpem-me pelo “hipertexto”... Voltando aos carrinhos de compras, as pessoas entram com eles no mercado e colocam as coisas que desejam comprar dentro deles. Eu mesma cansei de fazer isso em vários mercados diferentes. Eu entrava morrendo de medo de ser surpreendida por algum segurança dizendo que aquilo não era permitido dentro do mercado. Mas lá é totalmente normal! Entrar com bolsas em estabelecimentos comerciais é normal e jamais me senti com mil olhos atrás de mim achando que eu poderia “subtrair” algum produto exposto. Obviamente há câmeras. Mas o sentimento que se tem como cliente é muito diferente.

Desculpem-me pelo “hipertexto”(2)... Voltando ao carrinho mais uma vez... Depois que você fez suas compras e seu carrinho já tem o que desejava, basta dirigir-se ao caixa e colocar os produtos para serem registrados e recolocados nos carrinhos. É neles que você leva, tranquilamente, para a casa suas compras. Embalagens? Para quê? Os produtos comprados já estavam embalados. Tanto é que estavam expostos nas gôndolas, prontos para o manuseio.

O problema, Adriano, é que isso não pode ser a regra no Brasil. Até porque nossas cidades não estão prontas para sairmos de casa com um carrinho de compras e ir até o mercado mais próximo. Nosso modelo de cidade, infelizmente, é aquele em que temos de tirar o carro da garagem para ir à padaria, à farmácia etc etc. Essa é uma questão cultural. Refiro-me ao modelo das cidades. Mesmo Brasília não absorveu o modelo de áreas comerciais como foram planejadas. Os hipermercados venceram lá também.


Tenho a plena certeza de que se quisermos que o planeta Terra sobreviva, e com ele a espécie Homo sapiens sapiens, não há outro caminho que não seja este que você começou a descrever; passando por uma modificação profunda na economia mundial, que não mais poderá ser centrada no consumo desenfreado e de produtos descartáveis. Esse caminho não foi o correto e temos de dar meia volta o mais brevemente possível. E quando falo em consumo desenfreado, eu teria que tocar num assunto considerado politicamente incorreto, a super população mundial. O planeta simplesmente não suporta a quantidade de gente que hoje há nele. Quem acredita que o problema não é a quantidade e sim a má distribuição do solo, da renda etc., está caindo num baita engodo, fruto de falácia comodista de religiões, partidos políticos, blá blá blá. Portanto, não me estenderei nesse item. Quem sabe numa outra vez...

Reeducação alimentar, queda da demanda por carne bovina e utilização de pastos para o plantio de árvores e outros vão ao encontro direto do que terá de ser repensado (talvez feito mesmo) mais dia, menos dia.

Quanto à casa, penso apenas que, em fazendo a arrumação, o governo já deveria colocar no planejamento de quaisquer de seus projetos, as expectativas, as formulações de conceitos, enfim, as premissas, já baseadas na nossa sobrevivência. Mas... Será que há planejamento de verdade nos projetos de governo?

É isso, meu amigo. Será que eu enlouqueci ou viajei mais do que você achou que tinha enlouquecido? Não sei, mas como sempre digo, meus posts são sempre fonte para reflexão. Fica mais essa.


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