segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Perdão, Irineo Evangelista


Li uma matéria na Revista de História na internet com o título de "Fora dos Trilhos". Como amante declarada dos trilhos, indignei-me o suficiente para escrever rapidamente este texto. Vejam o absurdo que estão fazendo.

O prédio que abriga a Estação Barão de Mauá, conhecida como Leopoldina foi inaugurado em 1926. Desde 2001, há onze anos, portanto, a estação ferroviária está vazia, com trens apodrecendo nos fundos e, ironicamente, hoje só serve para abrigar uma unidade da Polícia Ferroviária Federal.

A administradora da estação, a SuperVia, está elaborando um projeto de restauração para a Leopoldina. Segundo Carlos Henrique Sant’Anna, diretor de Novos Negócios da SuperVia, depois de autorizadas pelo Iphan, as obras da Leopoldina deverão durar um ano. O projeto na Estação Barão de Mauá, a Leopoldina, inclui o restauro e a limpeza das fachadas, nova iluminação e sistema de detecção de incêndio. Só.

A Estação Leopoldina e o Canal do Mangue na Av. Francisco Bicalho em 1927.

 Apesar disso, nada mudará no prédio da Leopoldina, já que as reformas vão apenas recuperar a estrutura do edifício. Não há um único projeto que contemple a utilização do espaço da estação na combalida edificação. Enquanto isso, o Museu do Trem, que ocupa um espaço no bairro de Engenho de Dentro, está fechado há cerca de três anos.

Se eu entendi bem a reportagem da Revista de História, publicada em 01/09/2012, se não estivéssemos para receber a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas em 2016, o prédio da estação da Leopoldina poderia cair de podre que não incomodaria a ninguém. Até porque é um prédio que fica numa zona sem importância nenhuma, entre a Cidade Nova e a Zona Portuária, de frente para um canal poluído e fétido, que traz os dejetos de boa parte da cidade do Rio de Janeiro para desaguar na Baía da Guanabara. Trata-se de um prédio que nem fica na zona sul da cidade! Quantos turistas passam por ali, pela Avenida Francisco Bicalho? Nenhum, talvez!

Mas, na verdade, eu gostaria de entender o porquê de o prédio ter de ficar inoperante. Ou seja, não há demanda para trens urbanos no Rio de Janeiro? Quem decidiu que a Leopoldina não é uma das soluções para o trânsito caótico da cidade? Ahh, sim... Lembrei-me. A salvação para nosso trânsito caótico são os BRTs, não é mesmo? Nada de VLT, metrô, trens urbanos, ou qualquer coisa que ande sobre trilhos.


Quem sabe seria esse o tipo de transporte que desejam para o Rio de Janeiro?

Enquanto qualquer cidade brasileira, não só o Rio de Janeiro, não voltar sua prioridade de transporte urbano de massa para o ferroviário, elas continuarão a ter cada vez mais problemas de trânsito (incluindo aqueles advindos dele), e ainda, os homens e mulheres responsáveis pelos transportes urbanos no Brasil continuarão a enriquecer os donos de empresas de ônibus e empreiteiros, país afora.

É esse o tipo de trânsito que desejam para o Rio de Janeiro, não?!


domingo, 9 de setembro de 2012

Tudo começou com esse texto em agosto/2010


Joaquim Barbosa nasceu em Paracatu, noroeste de Minas Gerais. É o primogênito de oito filhos. Pai pedreiro e mãe dona de casa. Passou a ser arrimo de família quando estes se separaram. Aos 16 anos foi sozinho para Brasília, arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público. Obteve seu bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, obteve seu mestrado em Direito do Estado.

Foi Oficial de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores (1976-1979), tendo servido na Embaixada do Brasil em Helsinki, Finlândia e, depois, foi Advogado do Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO (1979-84).

Prestou concurso público para procurador da República, e foi aprovado. Licenciou-se do cargo e foi estudar na França, por quatro anos, tendo obtido seu mestrado em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1990 e seu doutorado em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1993. Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi visiting scholar no Human Rights Institute da faculdade de direito da Universidade Columbia em Nova York (1999 a 2000) e na Universidade da Califórnia Los Angeles School of Law (2002 a 2003). Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês, alemão e espanhol. Toca piano e violino desde os 16 anos de idade.

Embora se diga que ele é o primeiro negro a ser ministro do STF, ele foi, na verdade, o terceiro, sendo precedido por Hermenegildo de Barros (de 1919 a 1937) e Pedro Lessa (de 1907 a 1921).

Em 22 de abril de 2009 o ministro Gilmar Mendes e o ministro Joaquim Barbosa discutiram na sessão plenária do tribunal. Barbosa, vocalizando a posição de considerável parte da opinião pública, acusou o presidente da Corte de estar "destruindo a credibilidade da Justiça brasileira" durante o julgamento de duas ações - referentes ao pagamento de previdência a servidores do Paraná e à prerrogativa de foro privilegiado. Barbosa foi categórico ao afirmar: "Vossa excelência não está na rua, vossa excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro". Disse ainda: "Vossa excelência quando se dirige a mim não está falando com os seus capangas do Mato Grosso". Mendes se apressou em encerrar a sessão sem refutar nenhuma das acusações.

Dois dias depois, Barbosa foi saudado e fotografado por dezenas de pessoas durante e após almoço com três amigos no tradicional Bar Luiz, na Rua da Carioca, no centro do Rio de Janeiro. Um colega da Procuradoria da República garantiu que Barbosa "está bem, feliz e sem nenhum arrependimento".

O “bate-boca” entre o presidente do STF, Gilmar Mendes (dono de uma biografia repleta de denúncias de corrupção) e o ministro Joaquim Barbosa (dono de uma biografia invejável) traz a necessidade de esclarecer quem é quem no Judiciário brasileiro.

Precisamos, urgentemente, de mais “Joaquins Boarbosas” no Brasil e no mundo, tamanha a inversão de valores que nos assola.